Litígios com base nas mudanças climáticas contra governos e companhias estão pipocando, com centenas de ações protocoladas mundo afora, percebe em artigo postado em 21 de maio o diário britânico The Guardian. O mais novo mote dessa constatação do jornal é a ação penal, impetrada na Justiça da França, e considerada pela parte demandante como ainda sem similar no gênero. Isto porque é movida por oito pessoas físicas e três ONGs contra a petroleira/petroquímica (PP, PE e PS) francesa TotalEnergies sob a alegação da contribuição da empresa para a morte de vítimas de desastres climáticos. A ação clama pela responsabilidade criminal dos dirigentes executivos das empresa e o promotor designado para o caso tem três meses para decidir pelo seu arquivamento ou abertura de investigação.
Patrick Pouyanné, CEO da TotalEnergies, foi execrado em protesto de ativistas climáticos realizado em 24 de maio, nos arredores de Paris, durante encontro anual de seus acionistas na sede do investidor e sócio majoritário Amundi, como destacou o diário The Guardian. No combate contra os participantes, a polícia prendeu 173 pessoas e confiscou um banner com a declaração de que Pouyanné comandava a companhia mais poluidora da França. Sectários do Greenpeace estenderam faixa com foto do dirigente e a chamada “Procura-se”. Em depoimentos à mídia, integrantes do protesto frisaram a contribuição da Total ao aquecimento global e extinção da biodiversidade via exploração de óleo e gás. Para azedar de vez o entrevero, vazou para a imprensa que Pouyanné assinalou na reunião com acionistas, obtendo plena aprovação deles, que a capacidade produtiva de petróleo precisa aumentar para continuar em linha com o crescimento da população mundial. Na favorável conjuntura atual de alta nos preços do barril, ele argumentou, a capacidade disponível ruma para dificultar o suprimento a contento do combustível ao I e III Mundos. Outro comentário do CEO aos investidores na Total recebido com pé atrás pelos ativistas climáticos: a Total cultiva uma alcunhada “estratégia de equilíbrio” entre o desenvolvimento da produção de energia fóssil e da de baixo carbono. Política velha conhecida no Brasil como morde e assopra.
“Estamos tentando manter um equilíbrio entre a vida de hoje e a de amanhã. Não é porque a TotalEnergies decida parar de produzir hidrocarbonetos que a demanda por eles desaparecerá”, ponderou Pouyanné na assembleia de investidores, conforme relatado no site Terra. Por sinal, junto com a sócia Borealis, a Total partiu, em outubro último, planta de 625.000 t/a de PE no Texas. Ela segue a rota de fonte nada renovável prezada pelo CEO Poyanné: o etano separado do barato gás natural extraído do petróleo de jazidas de xisto e bacias no Golfo dos EUA.