A aversão pública ao plástico já respinga sobre um dos seus maiores argumentos para ganhar simpatia e passe livre na economia circular: a reciclagem. A rejeição ao material, de fundamentos tão questionáveis quanto desconsiderados, borbulha nos EUA em movimentos ditos de cidadania, capitalizados o suficiente para atrair a mídia e guerrear na Justiça. Embora não admita de forma oficial esta oposição como motivo, o conglomerado texano Encina Development Group, relata artigo no site Plastics News, sentiu na carne a ferroada ao anunciar, em 18 de abril, a revogação do plano de investir US$ 1.1 bilhão numa recicladora química, pela rota da pirólise, destinada a processar 450.000 t/a de sucata plástica em Port Township, no estado da Pensilvânia, um dos principais produtores de energia fóssil dos EUA – país onde, aliás, cresce a descrença na reciclagem como solução para a poluição plástica, dado o saldo frustrante dos volumes processados há décadas.
Sem abrir pormenores, o grupo Encina comunicou à imprensa ter projetos de reciclagem química em análise e/ou em vias de implantação na Arábia Saudita, Sudeste da Ásia e outros locais dos EUA. A intenção de fincar a planta em Port Township foi anunciada há mais de dois anos e quem festejou seu enterro ao pé da cova foi o grupo ativista Save our Susquehanna (maior rio da costa leste norte-americana), composto de cidadãos locais. “O projeto ameaçava a qualidade do ar e água da região e prejudicava nosso padrão de vida, em particular dos moradores nas imediações da área da fábrica”, asseverou em comunicado militante Sally Fields. “Estamos nas nuvens com a retirada do investimento do Encina, mas não queremos que essa planta de químicos tóxicos seja erguida em outro lugar, por isso continuaremos a alertar as comunidades sobre os riscos da reciclagem química”. A matéria postada em Plastics News não registra qualquer grunhido do setor plástico norte-americano sobre a decisão do Encina e a fobia dos ambientalistas à reciclagem química.