Após 101 anos de manufatura enraizada na Alemanha e vendas atuais dependentes em mais de 70% de exportações, a ficha enfim caiu para a Arburg, titular da Champion League em injetoras. A economia alemã cambaleante e a sacudida na geopolítica mundial da cadeia plástica acordaram essa empresa familiar com sede em Lossburg para enveredar pela trilha da internacionalização fabril há bom tempo palmilhada por concorrentes europeus e orientais. No evento Technology Days, realizado de 13 a 16 de março último, a cúpula da Arburg, que monta injetoras desde 1954, escancarou o plano, noticiado pelo jornal Plastics News, de construir máquinas na China, numa unidade em Pinghu, e em fábrica especifica nos EUA, onde já administra centros de pesquisa e suporte técnico.
Michael Hehl, integrante da terceira geração de controladores da Arburg, justificou essa mudança na concepção do negócio, até então fincado num único país, com as “dinâmicas exigências decorrentes da nova conjuntura do mercado mundial”. Antes globalizado em sua totalidade, ele considera, o mercado da Arburg mostra, além da Europa, a hegemonia das regiões da Ásia e América do Norte. Noves fora, a companhia trata agora de acertar o passo com a nova música e um indício é seu primeiro lançamento mundial de um modelo de injetora realizado fora da Alemanha – a máquina Allrounder 720 E Golden Electric, com estreia agendada para a feira norte-americana NPE, em maio próximo. A estratégia de produção descentralizada cala fundo no bolso: com os pesados gastos de energia e redução de vendas na Alemanha, o movimento total da Arburg caiu 11% em 2023, relata o artigo em Plastics News. Por enquanto, a diretoria da empresa não discerne sinais de retomada no país, mas constata q ue a demanda por suas injetoras no restante da Europa e nos EUA segue robusta e consistente e a situação na Ásia promete avançar após fraco desempenho nas vendas de máquinas em 2023.
Desde 2000, a Arburg opera no Brasil com uma subsidiária comercial, em essência o mesmo modelo de atuação no país abraçado por todas as marcas múltis de máquinas para transformação de plástico. Nesses 24 anos, por cortesia do Custo Brasil, diminuiu por aqui o efetivo dos fabricantes de linhas como injetoras e sopradoras enquanto, em contraste, continuam a proliferar fábricas de equipamentos em países possuidores de abertura e consistência econômicas, regras estáveis e ambiente de negócios sedutor para investimentos diretos locais e estrangeiros.