Vem aí outra onda mundial de expansões em eteno

Pelo menos 13 complexos devem engrossar superoferta até 2028
Vem aí outra onda mundial de expansões em eteno

De 1990 a 2023, a indústria global de eteno rodou com aceitável ocupação média de 88%, fixa rastreio da consultoria Icis. Mas uma vez mantido o atual andar da carruagem, com a oferta do petroquímico básico aumentando indiferente às limitações da demanda, o índice de ocupação deve recuar a inquietadores 79% entre hoje e 2030, atesta a mesma fonte. John Richardson, blogueiro do site da Icis, calcula em artigo que, para retornar aos 88%, a capacidade mundial de eteno não poderia ampliar além de 800.000 t/a. No entanto, pelas informações que aterrissam na consultoria, toma vulto a percepção de um acréscimo anual muito superior ao longo dos próximos seis anos. Richardson vê este mesmo embaraço para o eteno causado por sua sobra se aboletar nos redutos do propeno, butadieno, benzeno, tolueno e xilenos mistos. O analista pressente que a lógica dos números impõe, em prol da viabilidade econômica, o fechamento de capacidades de eteno em regiões não competitivas, caso da Europa desprovida de custos de energia e com legislação ambiental sufocante, como reclamou na mídia Jim Ratcliffe, CEO da petroquímica Ineos.

Até o momento, pela luneta da Icis, a nova onda mundial de capacidades de eteno carrega uma penca de partidas programadas durante os próximos quatro anos. Em 2025, estreia na China o projeto Huajin Aramco Petrochemical, a cargo da Saudi Aramco, Norinco Group e Panjin Xinching e referente a um complexo de 1.5 milhão de t/a. Em 2026, também na China, acontecerá a partida do complexo de 1 milhão de t/a da Basf. Nos EUA, entrará em campo o de 2.1 milhões de t/a que concretiza projeto Golden Triangle, da Chevron Phillips Chem e Quatar Energy. Nos Emirados Árabes Unidos, será ativado o complexo de 1.5 milhão de t/a da petroquímica Borouge e a agenda de 2026 fecha com um investimento na Coreia do Sul: o projeto Shaeen, tocado pela S-Oil (subsidiária da Saudi Aramco) compreendendo um complexo de 1.8 milhão de t/a, e o projeto Amiral na Arábia Saudita, controlado pela Saudi Aramco e Total Energies e em condições de produzir 1.7 milhão de t/a de eteno. Em 2027, será a vez da partida na China do complexo de 1.6 milhão de t/a implantado pela China National Offshore Oil Corporation e Shell. Por seu turno, quatro complexos de eteno serão ligados em em 2028: na China, o de 1.8 milhão de t/a da parceria da Sabic com Fujian Petrochemical Industrial Group Co.; no Catar, o empreendimento de 2.1 milhões de t/a da Chevron Phillips Chem e Quatar Energy; no Canadá, um complexo de 1.8 milhão de t/a da Dow e no Kuwait ganhará o mercado o complexo de 1.4 milhão de t/a da Kuwait Integrated Petroleum Industries Co. Ainda sem data de inauguração definida, consta no banco de dados da Icis  o complexo de  9 milhões de t/a de químicos (eteno incluso) e óleos básicos da Sabic e Saudi Aramco.

Por mais que as linhas do destino sejam tão tortas quanto as climáticas, Richardson sustenta que, ao final das contas, tudo converge para a eclosão de dois quadros antagônicos na petroquímica mundial. Um deles é o do mercado dominado por gigantes do petróleo e gás com braços no eteno e poliolefinas e suas plantas desses materiais provocarão uma superoferta pior que a atual. O outro cenário, por ele denominado de ‘deglobalização’ é o dos mercados tornando-se mais regionais e sob intervenção de governos para evitar o encerramento de plantas menores, defasadas e sem competitividade, em prol da preservação de empregos.

Seja como for, o blogueiro acredita que a superoferta de  eteno pressionará pelo fechamento de capacidades em plagas como Europa, Singapura, Coreia do Sul, Taiwan e Japão. Em paralelo, ele antevê fim de linha, até 2030, para grandes importações chinesas de PP, PE, paraxilenos e etilenoglicóis. Para completar, Richardson acredita em declínio do crescimento da demanda mundial de petroquímicos devido ao envelhecimento e perda de renda da população chinesa, seu distanciamento geopolítico do Ocidente e alto endividamento do nada transparente governo de Pequim. Em análises passadas, ele também assinalava não existir região capaz de compensar a perda da China para exportadores de PP, PE e PVC que nela tinham seu cliente primordial antes de atingir a autossuficiência produtiva e passar a crescer com menor vigor.

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