Terceiro PIB dos EUA, a cidade de Chicago arma um salseiro nos tribunais e, se a moda pegar, periga causar estilhaços na vitrine da petroquímica global. A prefeitura da terceira mais populosa cidade norte-americana impetrou, em 13 de fevereiro, ação por danos ambientais contra um quinteto de luminares mundiais em petróleo e gás. Fora British Petroleum, os demais estendem o braço em PP e PE: Chevron, Conoco Phillips, ExxonMobil e Shell, expõe reportagem do diário Chicago Sun Times. Com 185 páginas, a ação encaminhada pelo prefeito Brandon Johnson atribui a esses produtores de energia fóssil contribuição nas mudanças climáticas que fustigam Chicago com inundações, temporais, calor extremo, seca e erosão do solo. A ação também reivindica que as empresas sejam penalizadas por enganarem a população local com um trabalho que desacredita a ciência, via campanhas de desinformação que contestam a existência das alterações do clima, embora tal realidade seja admitida internamente por essas companhias e por seu setor como um todo, insere o artigo do jornal. No arremate, a prefeitura também dispara no processo contra o grupo de coalizão American Petroleum Institute, culpando-o por atuação combinada com as cinco petroleiras para disseminar alegadas noções enganosas sobre a realidade das calamidades climáticas. “A indústria de energia fóssil deve pagar pelos danos que causou”, afirmou ao Chicago Sun Times Angela Tovar, CEO de sustentabilidade do Executivo de Chicago. “Precisamos contabilizar essa crise”.
Com esta ação, Chicago segue as pisadas de estados e cidades dos EUA, como Nova York e Califórnia, que têm recorrido à Justiça para tentar recuperar bilhões de dólares em avarias causadas pelo clima intoxicado pela queima de energia fóssil, “como petróleo gás, gerando dióxido de carbono e convergindo para a mudança climática”, ilustra a matéria do Chicago Sun Times. Em seu processo, a prefeitura de Chicago ainda não estipula o reembolso almejado, mas, a título de referência, informa já ter despendido US$188 milhões em assistência às comunidades de baixa renda vítimas dos repentes do clima atiçados pela energia suja.
Ryan Meyers, conselheiro do American Petroleum Institute, declarou ao Chicago Sun Times considerar a ação do Executivo de Chicago politizada e sem mérito, constituindo um meio de distrair a opinião pública das negociações sérias sobre a redução da pegada de carbono que transcorrem nos canais ditos competentes (Legislativo e autarquias), configurando assim dinheiro do contribuinte jogado fora. “Política climática é assunto para debate e decisão no Congresso e não pela via judicial”, ele reclamou.