Vida parte planta de compostos de PVC na Zona Franca

Assédio do mercado nacional é azeitado pelos benefícios fiscais
Cabos: quantidade estimulante de pedidos iniciais de formulações.
Cabos: quantidade estimulante de pedidos iniciais de formulações.

Pelo critério dos polímeros marcantes, a Zona Franca hoje estabelece link automático com polietileno (PE), mérito da multidão de fábricas de flexíveis que tornaram o porto de Manaus o maior canal de desembarque no país dessa poliolefina importada. Entre as resinas de demanda discreta no mesmo polo industrial, PVC desponta este ano com a estreia em escala comercial da primeira unidade local de compostos de PVC para terceiros, integrante da empresa Vida Polímeros do Amazonas. Controlada por Fábio Luis Pereira de Azevedo e Blhenda Carvalho Leão Cecchini de Azevedo, a Vida já beneficiava PE e PP e a ideia de aditivar o vinil para transformadores aflorou no ano passado, tendo em vista o abastecimento do mercado nacional com compostos impulsionados pela qualidade e preços turbinados pelos incentivos fiscais da Zona Franca. Nesta entrevista, o acionista e diretor Fábio de Azevedo comenta as perspectivas e desafios para o negócio.

Qual o consumo de compostos de PVC para terceiros em Manaus e por quais motivos, até a chegada da Vida, nenhuma empresa se interessou em produzir o material na Zona Franca?
Pela nossa estimativa, o consumo atual é de 2.000 t/mês e voltado para flexíveis, calçados, mangueiras, fios e cabos etc. Com base em nossa pesquisa, 100% das indústrias usuárias do material e sitiadas no restante do Brasil têm interesse em comprar da Zona Franca para obter matéria- prima ofertada a menor e desfrutar créditos fiscais que podem chegar até 26,25% .

Acho que o principal motivo de até hoje o polo de Manaus não contar com componedor de PVC seja falta de visão de negócio e coragem para ser pioneiro.

Fábio de Azevedo: produção de compostos aumenta ainda este ano.
Fábio de Azevedo: produção de compostos aumenta ainda este ano.

Por que convém mais a um transformador do polo de Manaus encomendar o composto de PVC à Vida em lugar de importá-lo pelo porto livre local?
Antes de ir ao mérito da questão, cabe considerar que, por ser ainda muito pequeno o mercado local para compostos de PVC, deverão predominar em nosso alvo as indústrias do Sul e Sudeste.

Manaus deve responder por 15% das nossas vendas e o Sul/Sudeste, 85%. É o mesmo movimento que realizamos para o mercado de compostos de PE, mais de 15 anos atrás.

Quais equipamentos a Vida dispõe para beneficiar PVC?
Hoje contamos com 1 extrusora importada com capacidade para beneficiar 1.200 t/mês e, já programamos a instalação da segunda linha, de produção similar, no segundo semestre.

Por que a empresa importa PVC em pó e não em pellets para produzir os compostos?
São dois pontos a considerar. Importamos a resina em pó e os plastificantes para manter em segredo a formulação e devido ao controle de qualidade (nota: resina em pó provê dispersão superior dos insumos auxiliares). Além do mais, para se obter os incentivos fiscais da Zona Franca é exigida a industrialização da resina importada, a seguir entregue no restante do país na condição de composto.

Em torno de 426.000 toneladas de PVC foram desembarcadas no Brasil em 2023. Poderia estimar qual o volume internado por Manaus e, além da Vida, quais setores locais da transformação que mais importam o vinil?
Sãos dados sujeitos a validação, mas projeto em pouco mais de 20.000 toneladas as internações de PVC por Manaus no ano passado e, entre os maiores importadores, estão transformadoras de materiais de construção, como forros.

Como Vida planeja driblar este ano o risco para seu negócio  de outra crise hídrica brava em Manaus. Vale a pena tentar contornar este problema internando, durante o período da seca no Norte, PVC por portos incentivados de Santa Catarina e encomendando (tolling) a produção do composto a indústrias dali, para cobrir melhor a demanda  do Sul/Sudeste?
Antecipar importações e aumentar dos prazos de recebimento de clientes podem ser estratégias eficazes para lidar com a eventualidade de uma seca mais rigorosa. A utilização de portos incentivados em Santa Catarina pode oferecer benefícios logísticos e, possivelmente, reduzir os custos de importação. Além disso, encomendar o fornecimento do composto a indústrias locais, poderia aproximar nossa produção do Sudeste e Sul de forma mais eficiente e segura na época da seca em Manaus. No entanto, para implementar essas estratégias com sucesso, é fundamental considerar as condições contratuais, parcerias sólidas e uma análise aprofundada dos custos e benefícios associados a cada etapa do processo. Além disso, é importante estar ciente das regulamentações e requisitos específicos que podem afetar as importações da resina e a produção local e distribuição do composto.

Qual a base para a Vida projetar faturamento de R$ 288 milhões com as vendas de compostos de PVC este ano?
Temos grandes nomes da transformação em nossa carteira e apenas do mercado de filmes de PVC temos solicitações de compras acima de 1.000 t/ mês. Nos segmentos de laminados vinílicos, calçados e fios e cabos os pedidos hoje equivalem a, respectivamente, 500 t/mês. Ou seja, temos um grande problema positivo a ser resolvido – atender a demanda atual. Por sinal, nosso departamento de vendas está fechado para novos clientes por falta de capacidade produtiva. Optamos assim, por estruturar a operação nessa primeira fase para depois iniciar a escalada natural da produção.

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