A indústria da construção surpreendeu no ano passado com crescimento estimado em 7%, saldo no qual pesa a assinatura do oásis desvendado pelo agronegócio para o setor no Centro-Oeste. Em Goiás, por exemplo, o movimento atingiu R$ 62,8 bilhões em 2022, avanço de 73,3% sobre 2021 na medição do IBGE. Por essas e outras, a construção civil goiana é hoje a maior da sua região, a 8ª do país e, apenas na primeira metade do ano passado, suas vendas pularam 60% sobre o mesmo período em 2021, segundo a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Estado. Todas essas credenciais superlativas do Centro-Oeste inspiraram o Grupo Krona, motor turbo nacional dos tubos e conexões plásticos, a acentuar sua gradativa descentralização geográfica. O mapa da industrialização dessa corporação fundada em 1994 passa a alojar quatro fábricas no estado-sede de Santa Catarina, uma em Alagoas e a recém-inaugurada planta em Goiás, A motivação para o empreendimento e a conjuntura do mercado dão o tom desta entrevista de Fernando Oliveira, diretor executivo do Grupo Krona.
Qual a envergadura da nova planta de tubos e conexões no Centro-Oeste?
A nova unidade da Krona em Goiás, em operação iniciada em outubro, é dedicada à fabricação das linhas para água fria, esgoto e elétrica e distribuição de todo o portfólio do Grupo. Localizada no Polo Empresarial de Goiás, em Aparecida de Goiânia, ela ocupa área total de 23.000m² e, ao final dos trabalhos, a construção ocupará cerca de 7.000m². Nosso investimento foi de aproximadamente R$ 20 milhões, incluindo a construção de um centro de distribuição.
Quais os critérios de seleção do local?
A escolha de Goiás foi definida por sua localização estratégica, pelo avanço do varejo na região e ainda por benefícios tributários que trarão vantagens aos clientes. Com essa nova unidade reforçamos nossa busca constante pela excelência no atendimento e distribuição, descentralizando o estoque e otimizando os custos logísticos. Temos grandes clientes no Centro-Oeste e Norte e eles serão beneficiados com ainda mais agilidade nas entregas. Trata-se de mais um passo importante para o nosso crescimento na região, que também é fundamental para nossa estratégia junto ao agronegócio, ilustrada também pela recente aquisição da Viqua, líder em torneiras de ABS, transação que proporcionou nossa entrada no setor com a linha de componentes para irrigação.
Por quais motivos têm escasseado, desde 2021, o surgimento de novas plantas de tubos de PVC no Brasil?
De 2015 a 2020 o setor da construção civil apresentava uma queda. Durante a pandemia o cenário mudou e o mercado teve um grande crescimento. Hoje, ele está sendo bem atendido pela capacidade dos atuais fabricantes de tubos e conexões. Por isso não vemos o surgimento de muitas novas plantas.
Por que a Krona até hoje não ingressou em tubos específicos para infraestrutura?
Essa linha de produtos não está no nosso planejamento estratégico. Não é uma prioridade para o nosso negócio hoje.
A seu ver, programas de combate ao déficit habitacional, tipo PAC e Minha Casa, Minha Vida têm condições de promover a expansão do seu setor ainda este ano?
A queda dos juros já está acontecendo e prevemos que continuará caindo mais alguns pontos. Isso vai estimular e facilitar a liberação de financiamentos habitacionais. Outro fator importante foi a aprovação do programa Desenrola Brasil, que proporciona crédito para consumo em loja, girando os produtos na ponta. Por sua vez, o programa Minha Casa, Minha Vida deve deslanchar no ano que vem. Estamos otimistas, pois isso tudo vai movimentar a indústria da construção civil. Para este ano, a Krona projeta crescimento de 12% em volume de vendas, número acima do padrão do mercado.