Poliolefinas recicladas devem penar em inferno astral na Europa até o fim do ano, vaticina em artigo no site da consultoria Icis o analista Mark Victory. “Atrelada à macroeconomia prostrada, a base da demanda prossegue baixa mesmo com alguns recicladores de PP e PEAD sentindo em setembro reação em determinados mercados, efeito primário da estocagem por transformadores após a sazonal parada de plantas no verão”, ele observa. O interesse geral por compras de poliolefinas recicladas continua à míngua na União Europeia como na primeira metade de ano, a ponto de bom punhado de recicladoras operar desde então na faixa de 50% de ociosidade sob margens no piso. Victory agrava o pesadelo lembrando o peso abusivo dos custos de produção europeus, como o de energia elétrica – embora declinantes, eles ainda pairam em níveis altos para o histórico desses indicadores, enquanto os preços de pellets e flakes desabam sob a calmaria da demanda no continente. Por tabela, segue o analista, continuam elevados os níveis de abastecimento na cadeia das poliolefinas recicladas, refreando assim o movimento de reposição de estoques.
Outra pedra no sapato dos recicladores, esta de origem extra continental: a inflação alta no sudeste e nordeste da Ásia reduziu a atividade industrial e múltiplos setores, baixando por extensão o fluxo de suprimento de resíduos para reciclagem na zona do euro. Victory fecha a análise funesta constatando que os preços europeus de rPP e rPE descolaram-se um pouco das cotações das resinas virgens com os reajustes que elas acusaram em setembro, o que esfriou a inclinação de brand owners e transformadores por substituir polímeros recuperados por novos em folha, tornados mais acessíveis pela superoferta mundial. No entanto, o articulista pondera que, se os preços de poliolefinas recicladas perderem mais competitividade perante os contratipos 0 km, sua demanda e rentabilidade empenarão, por mais retumbantes que sejam sermões dos pastores da circularidade.