Limitações são apenas fronteiras criadas pela mente. Tomara que este ditado chinês inspire o setor plástico a achar a saída do labirinto do mega excedente global de poliolefinas, há anos em expansão encabeçada pela América do Norte e Ásia, com China à frente. Uma síntese desse drama saída do forno acontece no palco de polietileno de alta densidade (PEAD). De janeiro a julho último, rezam cálculos da consultoria Icis, as importações chinesas do polímero somaram 2.8 milhões de toneladas, bem abaixo das 3.9 milhões aferidas no mesmo período em 2022. O declínio tem a ver com o enfraquecimento da economia doméstica e, em contraste, com a incessante busca de autossuficiência produtiva nessa resina por parte do governo de Pequim. A capacidade chinesa de PEAD engordou 21% no ano passado e deve fechar o exercício atual 15% maior, totalizando cerca de 15 milhões de t/a, projeta o banco de dados da Icis. Em contraponto, a mesma fonte prevê para a China consumo de PEAD da ordem de 16.9 milhões de toneladas este ano, abaixo das 17.3 milhões anteriores e do pico de 18.1 milhões no pandêmico 2020.
Desatados os nós e amarradas as pontas, reina no quiosque dos analistas a crença de que a super sobra na praça mundial de PEAD caminha para piorar. Afinal, os países produtores que tinham na China seu cliente externo primordial, terão daqui por diante que redirecionar os embarques a outros destinos, para tentar amenizar as perdas amargadas com a redução crescente das importações chinesas. Por exemplo, a Arábia Saudita, líder nas vendas externas de PEAD para o país, exportou para lá 855.735 toneladas entre janeiro e julho de 2022, volume reduzido a 539.386 nos sete meses iniciais deste ano. Já os EUA, nono maior exportador de PEAD para a China no ano passado, com 103.708 toneladas, foi elevado este ano ao quarto posto, com 356.221 toneladas desovadas no país. Além da competitividade econômica do gás natural e etano norte-americanos, a subida dos EUA no ranking decorre do avantajado excedente entre capacidade instalada e demanda interna, da ordem de 3 bilhões de toneladas e crescendo para 3.6 milhões em 2024, segundo projeções da Icis. Em contraste, a consultoria prevê que o consumo norte-americano de PEAD amplie apenas 1% no exercício corrente, convergindo assim para a necessidade de a petroquímica dos EUA esporear as exportações para rodar com um nível de ocupação economicamente aceitável numa conjuntura global nublada pela superoferta da poliolefina.