A demanda interna anêmica e o aumento da capacidade produtiva local desembocam no aferido encolhimento de 500.000 toneladas no comparativo entre as importações chinesas de PEAD de janeiro a junho último e o mesmo semestre em 2022, revela o banco de dados da consultoria Icis. O foco na China é relevante porque, mesmo com o PIB destinado agora a crescer na faixa de 5% e com a economia fustigada pelo estouro da bolha imobiliária, desemprego elevado entre os jovens e governos municipais e estaduais endividados, o fato é que não existe país que contrabalance ou consiga eclipsar a China em estrutura e escala industrial e um indício é sua musculatura em PEAD. Na calculadora da Icis, a população de 1.4 bilhão de chineses consumiu 17.3 milhões de toneladas da resina no ano passado, enquanto 5.4 bilhões de pessoas nos demais países emergentes mobilizaram 17.7 milhões de toneladas do material.
A China fechou a primeira metade deste ano com 2.4 milhões de toneladas de PEAD desembarcadas. O time das 10 principais origens fechou o semestre assim: Arábia Saudita, 413.176 toneladas; Emirados Árabes Unidos, 388.516; EUA, 268.892; Coreia do Sul, 263.711; Irã, 231.166; Tailândia, 62.969; Catar, 61.759; Taiwan, 54.601; Canadá, 50.407 e Kuwait, 44.926 toneladas.
O mesmo cenário no primeiro semestre de 2022 acusou o saldo de 2.9 milhões de toneladas de importações chinesas de PEAD. Os 10 principais países fornecedores formaram no ranking da seguinte forma: Arábia Saudita, 562.425 toneladas; Emirados Árabes Unidos, 525.781; Irã, 416.160; Coreia do Sul, 367.302; Rússia, 73.7891; Kuwait, 73.325; Taiwan, 71.602; Tailândia,71.471; EUA, 61.843 e Catar, 52.911 toneladas.
Os EUA roubaram a cena no confronto entre os semestres iniciais deste ano e o de 2022, pois passaram de uma participação no total de importações de PEAD de 3% para 13%. Em contrapartida, na mesma comparação entre semestres, os volumes dos desembarques do Irã na China caíram 42%, os dos Emirados Árabes Unidos recuaram 25% e Árábia Saudita e Coreia do Sul declinaram, respectivamente, 39%
Analistas do portal Icis percebem o vigor da reação norte-americana movido pela força da necessidade. Conforme argumentam, a capacidade instalada de PEAD sobe 7% este ano nos EUA contra crescimento de apenas 1% previsto para a demanda doméstica. Na tabuada dos polietilenos, os EUA precisam exportar 45% de sua produção para poder rodar com 90% de ocupação sua capacidade instalada para o polímero. Um ponto a favor da concretização dessa estratégia, distingue a consultoria Icis, é a inexistência atual dos problemas logísticos que atazanaram o comércio exterior de 2020 a 2022.
Em conferência no início de agosto para o mercado de capitais e mídia sobre seus resultados – declinantes, mas positivos – no segundo trimestre, a LyondellBasell, formadora mundial de preço e opinião em derivados de eteno, considerou as margens petroquímicas desafiadas pela demanda mundial estagnada, custos voláteis de matérias-primas e por mais capacidades partindo na América do Norte e China. Ken Lane, vice-presidente executivo para olefinas e poliolefinas, declarou na ocasião esperar continuidade no viés de recuo dos preços no terceiro trimestre e que alguma melhora significativa do mercado deve ocorrer somente no segundo semestre de 2024.