Enquanto a produção de grãos cresce em média anual 10 milhões de toneladas, apenas a metade desse volume tem hoje condições de ser protegida em armazenagem estática. Esta falta de estruturas para estocagem, extensiva à insuficiência de silos bolsas de polietileno (PE) é uma fratura exposta do agronegócio brasileiro e sua gravidade chegou ao ponto de inspirar uma recém-lançada pesquisa de preocupantes conclusões compilada pela Esalq Log e contratada pela Confederação da Agricultura e pecuária do Brasil (CNA), conforme divulga o site da Sociedade Nacional da Agricultura. Para a CNA, por sinal, o déficit atual ronda a marca de 124,9 milhões de toneladas ou 10 vezes acima do da safra de 2009/2010.
A pesquisa da Esalg Log entrevistou 1.065 produtores de todas as regiões. Entre os principais achados, consta a revelação de que 61% das fazendas de grãos carecem de estrutura para armazenagem. Quanto ao percentual restante, 19,8% possuem silo (convencional ou graneleiro); 9,2% também contam com silo bolsa e 9,9% dispõem apenas desse túnel flexível de PE. Como a produção de grãos é crescente, tal como as quantidades não armazenadas, manda a lógica que a rentabilidade do produtor acabe corroída por esta lacuna. O estudo assinala que a falta de armazéns e silos é mais acentuada no Sul (76,8% dos produtores), vindo a seguir o Sudeste (67,4%). Os produtores da nova fronteira agrícola, o Matopiba, (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) estão na média brasileira, com 61%. No Norte e Centro-Oeste, 58,30% e 53,90%, respectivamente, dos produtores pesquisados disseram nada possuir de soluções de estocagem. O menor percentual foi registrado pelo estudo no Nordeste, com 38,70%. O levantamento também assinala que a margem de lucro do produtor de grãos também é desfalcada pela distância média entre a fazenda e o armazém contratado para entrega do produto e a média nacional é de 35,1 km.
Dos 1.065 respondentes, 19,10% empregam silo bolsa nas fazendas e 26,80% estocam até 10% da produção de grãos nessa solução de PE. Por sua vez, segue o estudo, 22,40% dos entrevistados guardam em silos bolsas entre 11% e 25% e outros 22,40% embolsam dessa forma entre 26% e 50% da sua produção. Dos produtores entrevistados no Centro-Oeste, 21,9% têm silo convencional e silo bolsa e 14,1% só possuem silo bolsa. No Nordeste, as respectivas participações são de 30,6% e 17,7%; no Norte, ambas as parcelas são de 10,4%; no Sudeste, 6,3% e 5%; no Sul, 2,8% e 2% e no Matopiba, 9,9% contam com silos convencionais e silo bolsa e 9,2% possuem apenas o túnel de PE. No plano geral dos entrevistados, 9,9% empregam apenas o silo bolsa e 9,2% usam esse tipo de silo e outro sistema de estocagem. Uma parcela de 19,8% dos respondentes usa silo convencional ou graneleiro e 61% não contam com qualquer estrutura para armazenar grãos. A propósito, o grosso dos respondentes apontou o acesso facilitado ao crédito como a saída para fechar o déficit no armazenamento de grãos, mas um de cada quatro produtores afirmou ignorar as linhas existentes de financiamento para construção de armazéns.
Constituído de filme coex de três camadas de PEBD e PEBDL com espessura-padrão de 250 micra e vida útil na média de dois anos, o silo bolsa completa em 2023 duas décadas em cena na estocagem de grãos no Brasil, atesta a consultoria Vinculum Agro. Pelas estimativas arredondadas na praça, 2/3 da demanda são preenchidos pelo produto nacional e 1/3 cabe a importações de origens como Argentina, Israel e México, países com os quais o Brasil possui acordos comerciais embebidos em benesses tarifárias.