PE: ciclo de expansão ignora incertezas econômicas

Demanda mundial da resina sem forças para corresponder ao excedente
PEAD: capacidade deve bater procura global em 12 milhões de t este ano.
PEAD: capacidade deve bater procura global em 12 milhões de t este ano.

O terceiro ciclo seguido de aumentos na produção mundial de polietileno (PE), o termoplástico mais consumido no planeta, transcorre indiferente ao som do alarme emitido pelas projeções de crescimento reduzido da China, recessão branda nos EUA e a União Europeia vergada pela inflação e crise energética. Em contrapartida, apenas sete dos projetos de crackers de eteno apalavrados para operar até 2026 nos EUA, Canadá, Bélgica, China, Arábia Saudita, Qatar e Coreia do Sul totalizam capacidade de 12,48 milhões de t/a, calcula a consultoria Icis.

Debruçado sobre os sinais contraditórios e o cenário fosco demais para se ousar previsões a médio prazo, John Richardson, blogueiro do portal da Icis, pressente que o excedente de PE virgem atravessará 2023 em obesidade mórbida mesmo que a demanda internacional incendeie, combustão hoje inimaginável.

Entre 2000 e 2022, reza o rastreamento da Icis, o excedente global de PEAD superou a procura na média anual de 4 milhões de toneladas, volume previsto para inflar para 12 milhões de toneladas este ano, cortesia de novas plantas brotando na América do Norte e Ásia. Com a economia mundial sem tração, a taxa média de ocupação da capacidade global de PEAD, calcula Richardson, deve recuar de 84% aferidos e entre 2000 e 2002 para 81% no exercício corrente. Também não há refresco à vista para os lados de PEBD, resina menos brindada com mais fábricas nos ciclos petroquímicos de expansão em curso desde 2015. No livro caixa do Icis, a diferença entre capacidade e demanda internacional da poliolefina ronda 2 milhões de toneladas na média anual entre 2000 e 2022. Com a economia global em slow motion, a consultoria estima que o índice de ocupação média da capacidade mundial de PEBD entre 2000 e 2022, da ordem de 84%, murche para 79% este ano. Por fim, no cercado da resina linear, o gap entre capacidade e demanda global supera a média de 4 milhões de t/a constatada pela Icis entre 2000 e 2022, com taxas de ocupação de 85%. Diante da a partida de mais fábricas de PEBDL, a capacidade instalada do grade linear no planeta deve engordar em torno de 10 milhões de toneladas, de modo que seu índice de ocupação deve cair para 79% em meio a morna demanda por ora vigente este ano.

O vento também não sopra a favor das margens de lucro em PP. Uma inundação de investimentos recentes contemplou a poliolefina com tamanha capacidade global que qualquer projeção racional de crescimento do mercado não deve aproximar oferta e procura de modo significativo. Na balança da Icis, a atual diferença entre capacidade e demanda globais de PP chega a 21 milhões de toneladas em 2023 ano versus média anual de 8 milhões entre 2000 e 2022. Quanto à ocupação da capacidade instalada, a consultoria situa em 79% o nível para o exercício atual e 80% para 2024 e 2025, bons corpos atrás do patamar de 87% desfrutado no período 2000-2022.

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