A reciclagem química é trombeteada como panaceia para tirar flexíveis pós-consumo do livro negro da economia circular. A condenação resulta da complexa reciclagem mecânica desses resíduos, em especial laminados, mas, no meio do caminho, segue pendente o nó cego da coleta. No Brasil, catadores menosprezam o recolhimento de flexíveis pela baixa remuneração e, nos EUA, onde a reciclagem química cintila e inexiste a figura do coletor pobre, autônomo e informal, a situação também não anda rósea. O conglomerado de mídia ABC News e o grupo ambientalista Last Beach Cleanup, relata reportagem no jornal Plastics News, instalaram, em ações independentes, rastreadores em pacotes de flexíveis pós-consumo desovados em depósitos voluntários em supermercados, para aferir o que acontece depois com este refugo.
O desfecho foi constrangedor nos dois experimentos. No caso da ABC, 46 rastreadores foram colocados em pacotes de resíduos flexíveis em depósitos nas redes varejistas Walmart e Target. Apenas quatro tiveram destinação final em instalações de reciclagem de sacos e sacolas. Por seu turno, 23 acabaram em aterros ou incineradores, sete foram encontrados em estações de transferência de lixo para locais que não incluem reciclagem, seis permaneceram nos depósitos em lojas dos supermercados envolvidos e três pacotes rastreados foram parar no sudeste asiático. Quanto aos demais pacotes, não há informações sobre o rastreamento. Já o experimento do grupo Last Beach Cleanup envolveu 15 rastreadores em fardos de flexíveis pós-consumo agrupados em depósitos voluntários de varejistas. Desse total, 11 chegaram ao fim da linha em aterros ou estações de transferência de lixo para fins não recicláveis; um pacote acabou na incineração, dois foram achados no México e um no porto de Los Angeles, sob suspeita de terminar exportado para a Ásia. A entidade norte-americana Association of Plastic Recyclers, esquivou-se de responder a Plastics News sobre os resultados desastrosos dos rastreamentos.