“A informalidade entre os catadores subsidia a reciclagem no mundo emergente, absorvendo custos que, em países ricos, são suportados por corporações que colocam produtos com reciclados no mercado ou por governos”.
O relato dessa descoberta da pólvora na coleta de refugo plástico consta de relatório recente da entidade Global Alliance for Incinerator Alternatives (Gala). Na mesma batida, estudo da Habitat, agência da ONU, frisa a pertinência dos catadores sem carteira assinada na cadeia do plástico para segundo uso, em particular em localidades onde o poder público não cacifa o recolhimento de artigos descartados. Na calculadora da Habitat, cerca de dois bilhões de pessoas carecem de serviço de coleta de lixo no planeta.
No Brasil, retoma o fio o memorando da Gala ao redor de 600 cooperativas sucateiras estão organizadas para responder por cerca de 90% da sucata catada por um efetivo que, conforme a fonte, varia de 600.000 a 800.000 pessoas dentro ou abaixo da linha da pobreza. Em grande parte, a variação da quantidade é atribuída ao desempenho errático delas e à decorrente instabilidade no suprimento de lixo plástico de padrão reciclável no país. Já na África do Sul, segue o documento, 90% das embalagens pós-consumo são recolhidas por essa mão de obra desqualificada e à margem da legislação trabalhista.
Na América Latina, incluso Caribe, catadores informais são uma origem-chave da parcela orçada em 50-60% dos materiais reciclados exportados pela região ou transformados por companhias locais. Preocupada com a incidência de danos à saúde, como intoxicações, relacionados ao manuseio e transporte de plásticos residuais em áreas de despejo, a instituição International Alliance of Waste Pickers projeta em mais de 20 milhões o contingente mundial de catadores que subsistem sem salário. No Brasil, o presidente da República costuma almoçar com representações dos catadores às vésperas do Natal.