Sobram nos 47 anos da Unipac proezas com que esta transformadora tem ajudado a escrever a saga do plástico no Brasil. São exemplos de pioneirismos, revolucionários em seus segmentos, o invento do pulverizador costal de plástico e o embarque na tecnologia da barreira de plasma em embalagens de defensivos. Este olhar fixo na criatividade e especialização para atender setores agraciados com regulares marés cheias, o agronegócio e transporte pesado, explicam a solidez da sequência de saltos anuais de 20% desfrutados pela Unipac nos balanços de 2015 ao último período. Na entrevista, abaixo, Gabriel Pires Gonçalves, presidente desta indústria controlada do Grupo Jacto, esclarece o jogo de forças que move seus negócios de embalagens, componentes automotivos e soluções logísticas.
Qual a posição de cada negócio no desempenho da Unipac?
A Unipac vem registrando crescimento na média anual de 20% nos últimos sete anos, resultado de importantes investimentos em todas as áreas. Hoje em dia, os negócios apresentam as seguintes representatividades em seus segmentos de atuação: embalagens para defensivos com 68%, automotivo, 22% e logística, 10%. Em 2022, a empresa cresceu 22% em faturamento e todos os setores apresentaram taxas positivas de expansão.
Por quais razões econômicas, mercadológicas e relativas à gestão da empresa a receita da Unipac saltou 20% ao ano entre 2015 e 2022?
São basicamente quatro os fatores principais que permitiram este crescimento relativo:
- Crescimento do PIB do agronegócio e leve recuperação do setor automotivo a partir de 2018;
- Conquista de novos clientes e mercados;
- Lançamento de mais produtos, entre próprios e para clientes;
- Recomposição de boa parcela da inflação em custos nos preços de venda.
Essa trajetória deve prosseguir em 2023?
Este ano será desafiador e exigirá grande esforço para a manutenção do nível de faturamento de 2022. Embora o setor de transformados plásticos venha registrando retração em sua produção, acreditamos na continuidade das demandas em nossos mercados de atuação e, principalmente, na importância da integração da cadeia, do compromisso empresarial e de estratégias de longo prazo e perenidade para gerar valor econômico, social e ambiental para os clientes.
Entre 2015 e 2022, quais os movimentos marcantes em termos de aumentos da produção, desenvolvimentos de produtos e serviços nos negócios de e embalagens, logística e componentes automotivos?
No segmento de embalagens, conquistamos mais clientes, inclusive com a instalação de nova unidade de sopro in house (embalagens de agroquímicos da Sumitomo) em Maracanaú (CE). Implementamos um ineditismo na produção nacional de embalagens de agroquímicos com barreira, a tecnologia de plasma (aplicação inédita no envase de defensivos), tornando a empresa a única neste segmento com full portfólio (mostruário completo de opções tecnológicas). Além disso, investimos massivamente em máquinas com mais tecnologia embarcada.
Também conseguimos mais clientes no segmento automotivo, expandimos a aplicação do conceito de tanque integrado para caminhões e ônibus (unificando tanques de diesel e ureia num conjunto de fixação) e desenvolvemos outros produtos para veículos pesados (caminhões e ônibus).
Quanto ao segmento de logística, diversificamos o portfólio com novos modelos de caixas e veículos elétricos. Além disso, investimos na capacidade de fornecer produtos customizados e lançamos uma plataforma de serviços digitais, para diferentes perfis de empresas e indústrias dependentes de gestão logística de ativos diversos.
Procede a suposição de que o agronegócio seja, direta e indiretamente, o maior mercado de atuação da Unipac? Por tabela, a sequência de safras recordes e os bons números da pecuária seriam o principal combustível da forte ascensão da receita da Unipac entre 2015 e 2022?
O agronegócio tem forte influência nos negócios da Unipac e, portanto, relação direta com nosso crescimento. O segmento de embalagens é o que tem relação mais direta com ele, pois a maior parte da nossa receita vem do mercado de defensivos. Por seu turno, o negócio automotivo focaliza veículos comerciais, principalmente médios e pesados, outro nicho sob forte influência de demanda do agro, devido à sua importância no escoamento das safras. Já o segmento de logística depende mais do reaquecimento da indústria de autos de passeio, por ser quem demanda maior fluxo de embalagens de movimentação e veículos industriais.
Unipac tem nome feito no sopro in house de frascos e bombonas para agroquímicos e molhos para alimentos. Por quais motivos, esta modalidade de produção de embalagens se mantém discreta no Brasil?
O sopro in house é um diferencial nosso e transcende o conceito de um simples modelo de parceria. Afinal, nós nos integramos mesmo à operação do cliente e passamos a atuar como extensão dele. Existem muitos ganhos tangíveis e intangíveis neste modelo, mas o principal é que pressupõe uma relação de confiança de longo prazo.
Entendemos que nem todas as indústrias finais estão preparadas para operar dessa forma, mesmo que tenham sido motivadas para o sopro in house com base no conhecimento de atividades bem sucedidas no gênero, como as da Unipac. Respeitamos o momento e estratégia de cada organização, mas podemos afirmar que nosso modelo é sólido e vencedor, pois os clientes que o testaram verificaram os resultados e a agregação de valor na cadeia de atuação.
O Grupo Jacto, controlador da Unipac, tem presença e atuação internacional. Qual a possibilidade de a Unipac seguir os passos de seu controlador montando no exterior filiais por conta própria ou via joint ventures?
Os clientes da Unipac, em todos os segmentos de negócio, são majoritariamente multinacionais que operam no Brasil.
Também é verdade que. muitas vezes, as suas operações têm grande relevância em seus negócios globais. Pela lógica, essas combinações nos permitem vislumbrar, para o futuro, possibilidades de internacionalização.
Quais as possibilidades de a Unipac reciclar internamente suas aparas plásticas industriais em lugar de enviá-las para recuperação por terceiros?
Há muito tempo a sustentabilidade está intrínseca ao DNA da Unipac. Além da busca constante para reduzir a geração de resíduos e sobras (inclusas aparas plásticas), nos empenhamos em reaproveitar tudo aquilo que ainda não conseguimos eliminar. Hoje em dia, reciclamos 100% das aparas plásticas geradas. A decisão de fazer isso internamente ou por meio de terceirização depende de critérios que minimizem o impacto ambiental e financeiro. Consumimos quase a totalidade de tudo o que geramos, mas precisamos recorrer a materiais de fontes externas (recicladores) para suprir por completo a nossa demanda.