Nanomaterial que constitui uma das formas cristalinas do carbono, o grafeno, já disponível no Brasil, é um dos melhores condutores térmicos e um dos materiais mais resistentes e duros conhecidos. Suas propriedades óticas permitem a passagem de quase 98% da luz incidente, além de ser ultra flexível e impermeável. Esta folha corrida não passou em branco no radar da gaúcha Marcopolo, sinônimo de carrocerias de ônibus e, noves-fora, sua controlada Apolo Tecnologia em Polímeros parte este ano em Farroupilha (SP), após três anos de pesquisa específica, uma unidade para injetar componentes automotivos com resinas acrescidas de masterbatch de grafeno de fontes não reveladas. Na entrevista a seguir, André de Castilhos, abre uma panorâmica da estratégia da montadora.
Por quais motivos a Marcopolo decidiu investir R$20 milhões numa fabricante de autopeças de polímeros em lugar da praxe de encomendar e adquirir esses componentes de terceiros?
A Apolo é uma empresa pertencente à Marcopolo S.A. desde 2014. Fazemos injeção polimérica para todos os projetos da encarroçadora e temos como vantagens a competitividade com fornecedores atuais com custos menores e o desenvolvimento tecnológico acompanhando a performance mundial. Atuamos na fabricação de alguns componentes utilizados na produção dos veículos fabricados pela Marcopolo, Volare e Neobus. Do ponto de vista estratégico, entendemos que essa manufatura no ajudam na celeridade das ações internas.
Qual o parque industrial da Apolo para produzir peças plásticas com grafeno a partir deste ano?
A Apolo tem expertise mercadológica de oito anos focada no processo de injeção. Atua com todas as resinas de engenharia do mercado. Teremos máquinas híbridas (injeção elétrica com fechamento mecânico) com capacidade de injeção de 100 a 1.350 toneladas e capacidade produtiva é superior a 300 t/mês de peças injetadas (plastificações).
Com a partida dessa unidade da Apolo, a Marcopolo vai verticalizar 100% o seu mostruário de autopeças deixando de comprá-las de terceiros ou de produzi-las internamente?
Vale ressaltar que a Apolo já existia e atuava na fabricação de peças de plásticos. Acontecerá apenas a mudança de local e a inserção no mix de novos itens fabricados. A companhia seguirá com fornecedores locais que auxiliam na logística para a produção de componentes para os veículos Marcopolo. A Apolo continuará fornecendo as peças atuais e novos desenvolvimentos que surgirem para a companhia.
O trabalho com grafeno será exclusivo para a Marcopolo?
A Apolo desenvolve produtos tanto para a Marcopolo como para novos clientes, pois nos dedicamos a pesquisas de soluções envolvendo polímeros. Temos capacidade para atender às demandas da companhia e de outras indústrias que investem na moldagem avançada de peças poliméricas e em produtos com grafeno para substituir contratipos de aço.