Economia de escala conta pontos, mas a produção seriada de linhas não é a bala de prata que decide as disputas no ringue das injetoras. No Brasil desde os anos 1980, o Grupo Tsong Cherng (TC) testemunha e dá fé a essa constatação mandando ver com suas injetoras taiwanesas sem trombar contra concorrentes nacionais e externos de custos suavizados pela produção volumosa de equipamentos padronizados. “Importamos as injetoras praticamente montadas, mas as customizamos em nossa fábrica em São Bernardo do Campo (SP)”, explica o diretor comercial Newton Tien. “Esta individualização toca fundo o cliente em busca de uma injetora diferente e de produtividade superior à das máquinas standard”. Sem abrir números, ele desvenda na entrevista abaixo os meandros e vantagens dessa estratégia do seu grupo.
Poderia explicar o sistema de customização de suas injetoras?
Com uma injetora standard é possível injetar diversos tipos de resinas (PP, ABS, PC, PS, PA.). Ocorre que cada tipo de material possui propriedades específicas. Por exemplo, a injeção de PC requer um motor de dosagem com maior torque (menor velocidade), enquanto a moldagem de PP pode se realizar a dosagem com motor de maior velocidade porém menos torque. Diante desse parâmetros opostos como estes, uma injetora standard precisa de um motor para atender os dois polímeros em questão. Você concordaria, então, que se fosse utilizado um motor com maior velocidade, o tempo de dosagem para PP seria reduzido? E se fosse um motor com maior torque, também reduziria o tempo de dosagem do PC, pois um motor com mais torque conseguiria girar a rosca com mais facilidade?
Outro exemplo de customização que praticamos: por vezes, materiais reciclados moídos em grânulos maiores ou flakes ‘patinam’ durante a dosagem com rosca convencional. Neste caso, uma rosca de injeção com perfil especial aumenta muito a eficiência do processo, podendo reduzir o tempo de dosagem em até 40%. Ainda na mesma trilha, uma customização crescente no mercado de peças de parede fina (0,3 mm de espessura) refere-se à velocidade rápida de injeção. Por exemplo, passando a barreira dos 250 mm/seg de velocidade linear, é possível preencher a cavidade do molde com muito mais facilidade, garantindo também a qualidade e peso da peça sem forçar o conjunto de fechamento.
Outras variantes de customizações que fornecemos englobam movimentos simultâneos como abertura do molde + extração ou machos laterais, abertura + dosagem, abertura + extração + dosagem.
Como avalia seu movimento no Brasil entre as famílias de injetoras Fit, Euromaq e TC PET?
Eis as participações médias nas vendas dos últimos cinco anos: 75% para as injetoras FIT; 24% para as linhas Euromaq e 1% para a série TC PET. O modelo mais vendido é a injetora FIT-280, por ser um equipamento de tamanho médio com espaço entre colunas de 580 x 580 mm e capacidade aproximada de injeção de 700g. Seu tamanho possibilita o uso de moldes pequenos e médios. Quanto às injetoras de pré-formas, o carro-chefe é o modelo E-305 PET. Comporta moldes de 24 a 48 cavidades.
Quais os indicadores do perfil do transformador de pré-formas usuários de suas injetoras de PET?
Não disponho de números oficiais, mas no mercado de bebidas o uso de resinas virgens é predominante em transformadores menores e médios, enquanto resinas recicladas sobressaem entre os grandes transformadores. No mercado de produtos de limpeza, a resina reciclada domina, independentemente do tamanho do transformador, seja usada 100% ou em proporção com resina virgem.
Na média, os maiores transformadores de pré-formas possuem um parque de 16 a 40 linhas, com moldes de 96 a 144 cavidades e extração robotizada das peças. Já os transformadores médios contam com efetivo entre 11 a 15 máquinas com moldes de 48 a 144 cavidades e extração robotizada. Por fim, os menores operam com um contingente máximo de 10 injetoras equipadas com moldes de até 48 a 60 cavidades com sistema ‘free-drop’, sem retirada por manipuladores automatizados.
Os transformadores que utilizavam reciclado seja 100% ou misturado com virgem o faziam principalmente por redução de custo. No plano mais recente, a pressão da sustentabilidade e governança social e ambiental (ESG) ampliou bem a procura pelo reciclado entre os grandes produtores de pré-formas. Essa conscientização para o reúso do poliéster pós-consumo em favor da economia circular já caminha entre os médios e pequenos transformadores, na maioria das vezes por reflexo da exigência dos clientes donos de marcas de produtos finais.
Por quais motivos o Grupo TC sustenta que lidera a venda de injetoras de pré-formas para transformadores menores e médios no Brasil?
Até hoje foram mais de 500 moldes de pré formas entregues no país. Focamos e investimos nesse nicho, tanto no desenvolvimento de matrizes como na customização de injetoras para rodar com máxima performance com esses dois moldes. Os modelos mais vendidos foram TC-300PET e E-305 PET para moldes de 24 a 48 cavidades e em segundo lugar, a injetora E-455 PET, para moldes de 24 a 48 cavidades para pré-formas de maior peso (acima de 32g).
O Grupo TC iniciou a comercialização de moldes para injeção de pré-formas para pequena e média tiragens em 2002, com moldes de 24 cavidades. Um dos primeiros cases foi o da Água Bioleve. Em 2003, a empresa decidiu migrar suas garrafas de PP para PET e fornecemos para isso uma injetora TC-300 PET e 2 moldes de 24 cavidades com peso de 32 g e rosca PCO 28 (1810) para garrafas de 1,5 litro. Após a partida com sucesso da primeira linha de injeção de pré-formas, foram adquiridas mais injetoras e moldes para frascos de 300 a 500ml sem gás (17g), 5 litros (88g), 500ml para água com gás (24g).
O molde de menor gramatura de pré-forma que já fornecemos foi o de 6g para mercado de cosméticos.
Vale a pena para seu grupo complementar a atuação em injetoras de pré-formas com o respaldo de uma ferramentaria em São Bernardo?
Apesar dos moldes de pré-formas serem importados, a estrutura de ferramentaria que o grupo possui no Brasil é imprescindível para garantir o suporte técnico e confiabilidade da ferramenta ao cliente. O molde de pré-forma marca por certo grau de complexidade, e possui diversos componentes internos de desgaste conforme o uso, tornando necessário o trabalho de manutenção preventiva anual deles pela nossa ferramentaria, tal como a reforma, correção e atualização de molde. Ou seja, tornamos um molde obsoleto devido ao peso maior da pré-forma numa ferramenta com peso e perfil em linha com os indicadores atuais. Nosso molde com maior número de espaços ocos comercializado no Brasil é o de 72 cavidades.