Bem antes de o corona dar as caras e da Ucrânia enfurecer Putin, a belga Domo Chemicals, produtora de poliamidas (PA) 6 e 6.6 verticalizada nos insumos-chave (caprolactama, ácido adípico e hexametilenodiamina), enxergava seu futuro para além da plantas fincadas na Europa. Em passadas rápidas, uma fieira de fábricas floriu nos EUA, Japão, Índia e China com o objetivo de abraçar o mundo para o mostruário do negócio de PA, sob a marca Technyl, adquirido da Solvay pela Domo em 2020. O Brasil, dado seu lugar entre as principais indústrias automobilísticas do planeta, é menção obrigatória no traçado dessa ofensiva internacional que resguarda a Domo da Europa atarantada com a guerra. E esta ascensão mundial já estreia por aqui com o acordo pelo qual a Domo sagrou a veterana varejista Thathi Polímeros como agente de seus plásticos de engenharia no país. “Não há outro distribuidor da Domo no Brasil e não comercializaremos grades concorrentes, atuando com PA de outras fontes apenas em aplicações que não conflitem com os focos de Technyl”, estabelece João Rodrigues, diretor geral da agente autorizada. “Alguns produtos começaram a ser internados em maio pelos portos de Santos e Santa Catarina”.
A ThaThi distribuirá os compostos Technyl para, principalmente, clientes que preferiram a disponibilidade de estoques locais, assinala Rodrigues. Polímeros base de poliamidas estão fora dessa comercialização. Desse modo, a empresa prosseguirá utilizando esta resina de fontes diversas para sua atividade complementar de ofertar materiais beneficiados a seu pedido. O dirigente ressalta ainda a intenção de atuar de início com comedimento no seu novo negócio de Technyl, precaução justificada pelo caos logístico que tem diminuído e encarecido a disponibilidade mundial de frete marítimo. “Estamos iniciando essa distribuição com cautela e organizados de forma a assegurar suprimento contínuo aos transformadores”, ele sublinha.
Nesta fase de largada, delimita Rodrigues, a Thathy vai operar focada em 15 tipos de Technyl que cobrem 80% da demanda nacional por PA 6/6.6. “A medida que o negócio evolua, poderemos ampliar o portfólio, enriquecendo-o com soluções avançadas e hoje sem procura significativa por aqui, mas de potencial assegurado pelas tendências mundiais”, coloca o distribuidor. “Por exemplo, compostos Technyl com mais de 60% de reforço, tipos antichama sem halogênio ou composições de apelo sustentável, contendo resíduos pós-consumo de fibras de PA”.
Technyl é marca ultra consolidada nas especificações de componentes automotivos em montadoras e sistemistas no Brasil. “PAs 6 e 6.6 básicas e sem reforço ou com fibra de vidro são os carros-chefes dessas homologações e assim permanecerão por bom tempo”, julga Rodrigues. Como referências do catálogo nessa direção, ele distingue a junção de propriedades mecânicas e resistência química do composto Technyl A218 V30 34 NG ou materiais talhados para injeção em ciclo rápido como Technyl A 205 F Natural.
Varredura da Abiquim atesta que o Brasil totalizou 45.798 toneladas de importações de PA 6 e 6.6 em 2020 e 60.348 no ano passado. “Não esperamos um mercado excepcional para o exercício atual”, reconhece Rodrigues, atribuindo o esfriamento à queda na produção de veículos resultante da ruptura na cadeia global de manufatura e suprimentos deflagrada pela recaída da China na pandemia. “Mas essa fase é transitória, tende a ser superada em breve e confio na volta do Brasil a uma taxa anual superior a 5% de crescimento no consumo desses materiais”. •
China: novo pacote econômico ainda não muda petroquímica global
Incerteza marca mercado equivalente a 40% da demanda global de polímeros