Brasil: crescem as importações de plásticos de engenharia

editorial 677

O Brasil só não depende por completo de plásticos de engenharia do exterior porque a Basf mantém, no complexo em São Bernardo do Campo (SP) onde também beneficia materiais, a unidade de 14.000 t/a para polimerização de poliamida (PA) 6.6 erguida pela Rhodia, incorporada à Solvay e repassada ao grupo alemão.

No ano passado, marcado pelos preços elevados que continuam, as importações dos principais termoplásticos nobres superaram o saldo do pandêmico 2020. Pente-fino exemplar da Abiquim aponta, com base em dados do governo, que as importações de PA 6 e 6.6 totalizaram 60.348 toneladas em 2021 versus 45.796 um ano antes.

Já as importações de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) somaram 86.132 toneladas no ano passado perante 67.044 no período precedente. No tocante a copolímeros de estireno-acrilonitrila (SAN), os desembarques em 2021 alcançaram 15.971 toneladas, bem acima das 9.909 em 2020.

Quanto às importações de poliacetal (POM), atingiram 29.376 toneladas em 2021, pouco acima das 27.238 anteriores. Por fim, a Abiquim registra 17.532 toneladas para as importações brasileiras de politereftalato de butileno (PBT) no último período, bem adiante das 12.194 em 2020.

Nos últimos 10 anos, todos esses polímeros penaram com crises mundiais de desabastecimento e fortes oscilações nos preços, dificultando os planos de suprimento regular por parte de setores consumidores dessas especialidades. Numa montadora, por exemplo, o desenvolvimento e especificação de um material para uma autopeça requer prazos e gastos altos.

De outro ângulo, a recente carência mundial de determinados materiais nobres resultou de movimentos estratégicos de seus fabricantes. Por exemplo, POM, hoje o plástico de engenharia mais escasso no planeta, acabou tendo a produção concentrada em poucas companhias, dada sua elevada perda de valor anos a fio. Seus produtores lidam com disponibilidade limitada e a concorrência chinesa ainda não empolgou os consumidores.

Já PA 6 começa a enfrentar pressão de custos na Ásia e levando-se em conta a forte diferença entre seus preços e os de PA 6.6, tende assim a ocupar mais espaço, enquanto seus fabricantes buscam margens mais interessantes. Alguns deles, aliás, são geridos por fundos privados dotados de peculiar lógica de criação de valor para os acionistas. não pautada por volumes de venda.

Por fim, PA 6.6 tem primado nos últimos anos por oferta oscilante e preços em desequilíbrio, tendendo a sofrer muita pressão de custo na Europa, devido à longa cadeia de transformação e gasto energético, sem falar na influência da concorrência norte-americana ansiosa por melhorar margens aproximando-se dos preços de venda europeus. No arremate, o reduto dos plásticos de engenharia é abalado pela concentração da produção de fibra de vidro na Ásia, tendo este reforço atravessado 2021 com problemas na oferta mundial e na sua estrutura de custos.

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