Seja por displicência ou bobeada de comunicação do setor, o plástico virou, sem qualquer fundamento, um saco de pancadas para o populismo ambiental e, se esse caminho tem volta, a placa de retorno ainda não é vista. Embora as virtudes do material tenham sido percebidas até pelo grande público nesses dois anos de pandemia, caso da serventia de suas embalagens para delivery de comida, ou então, do nãotecido imperando nas máscaras de proteção individual, o fato é que plástico segue escorraçado pelos adeptos do sustentavelmente correto como se nenhuma dessa provas recentes de seu valor existisse.
Mas um mérito ninguém tira dele: a camaleônica capacidade do plástico, inalcançável por outras matérias-primas, de amoldar-se de bate pronto a novas realidades. Uma prova tipo cala a boca acaba de vir a público na Irlanda do Norte. Em apoio à redução do consumo de combustíveis das poluidoras fontes fósseis, a rede de eletricidade The Electric Storage Company botou de pé o Projeto Girona. Seu objetivo é, quando o serviço for requisitado, fornecer e instalar painéis e suas baterias inteligentes nos lares para a população desfrutar a economia e circularidade da energia solar e guardar o que não utilizar. Conforme foi noticiado, 70% da energia gerada no país já provém de fontes renováveis, mas 50% dela é descartada por falta de meios para armazenagem. Em regra, o excedente da produção de energia pode ser exportado para redes elétricas. No entanto, o risco de congestionamentos preocupa, uma vez que o sistema em vigor não foi desenvolvido para lidar com a entrada de energia solar. A proposta do Projeto Girona é que as pessoas adotem a solução sustentável de gerar e guardar na bateria a energia captada nos telhados para usar a sobra quando quiserem.
Para tirar o sonho do imaginário, a The Electric Storage Company recorreu ao engenho e arte da transformadora Donite Plastics, com 40 anos de janela e nome feito na termoformagem sob encomenda de artefatos de cunho industrial, fora da raia das embalagens. De início, se idealizava desenvolver um tipo de cobertura para as baterias guardadas, mas logo desembestou a ideia aprovada de um gabinete compacto e robusto para proteger de poeira, água e vândalos as baterias por toda a sua vida útil estimada em 15 anos. Quando a eletricidade estocada é totalmente consumida, a bateria informatizada se reconecta à rede elétrica, de modo que os moradores nunca ficam privados de energia.
Mais um pioneirismo do plástico, os primeiros gabinetes produzidos para alojar baterias de energia solar podiam ser vistos em abril passado, combinando com sua cor branca com as claras paredes externas de moradias irlandesas. A propósito, um ponto alto desta edição é a reportagem sobre a sacada da transformadora Telite: o lançamento de telhas fotovoltaicas de polietileno reciclado acrescido de grafeno. Um combo delas com os gabinetes irlandeses seria um arraso. •
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