A área irrigada no Brasil alcança hoje 8,2 milhões de hectares, dos quais 64,5% com água de mananciais e 35,5% fertirrigados com água de reúso, projeta a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Em 2020, a área irrigada no país atingiu 249.225 hectares, um pulo de 18,96% sobre o saldo anterior, calcula a Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Dutos de irrigação também são reduto caro a polietileno e, sem abrir volumes, a Braskem, produtora da poliolefina, projeta crescimento da ordem de 20% para o polímero nesta aplicação em 2020, em linha com o incremento aferido da área irrigada no mesmo período. Entre as tecnologias em alta no campo, sobressai pelo pique intenso a irrigação por gotejamento e microaspersão, cuja área beneficiada no ano passado atingiu 78.775 hectares ou 15% do resultado aferido em 2019. Com fábrica em Ribeirão Preto, no oeste paulista, a israelense Netafim dá as cartas na irrigação por gotejamento no país e, com base na alta das agrocommodities e magnitude das safras, trombeteia na mídia a expectativa de engorda de 35% em suas vendas no Brasil este ano. Nesta entrevista, Ricardo Almeida, CEO da empresa para o Mercosul, assinala os avanços da sua tecnologia de irrigação localizada e seu encaixe redondo no agronegócio nacional.
Uma crise hídrica assola o Brasil. Como a Netafim pode contribuir para aumentar a economia e o uso eficiente de água na irrigação?
A Netafim é fruto da experiência de escassez hídrica em seu país de origem, Israel, onde os avanços em irrigação transformaram desertos em pomares e lavouras de alta produtividade. No momento, irrigamos ao ano mais de dois milhões de hectares no mundo, fornecendo soluções para o agricultor produzir mais e melhor e utilizando menos recursos através de tecnologias e irrigação localizada, com gotejamento, microaspersão e aspersão de alta uniformidade. No gotejamento, a água é levada a cada planta através de tubos que contêm gotejadores – equipamentos que controlam a pressão e liberam água conforme o horário e quantidade necessária para cada tipo de cultivo. A irrigação por gotejamento ajuda a economizar água em relação a outros métodos de irrigação, além de aumentar a produtividade com a técnica de fertirrigação em até 100%, aplicando direto nas raízes das plantas os nutrientes junto com a água.
Não há frente da plasticultura fora da mira da componedora Karina, como provam as novidades que ela tira do forno. Luis Carlos Pontelli Junior, supervisor de vendas da unidade de especialidades poliolefínicas, ilustra o cerco com masters de cor com aditivo anti-insetos para filmes de cultivo de banana; aditivos com estabilizantes UV de maior resistência química a defensivos; antioxidantes e modificadores de impacto para permitir uso de blends de resina virgem e reciclada em tubos de irrigação. Entre seus masters mais procurados para agrofilmes, Pontelli distingue para mulching concentrados branco, prata (MBPEB Prata 4700/46-IE) e preto (MBPEB 4800/16-FC) e para estufas os campeões de vendas são os aditivos estabilizantes à luz. “Ainda no âmbito das cores o master MPPEB Azul 600/678-IE-AS tem alta procura para filmes de cultivo protegido de banana”, indica o supervisor. Já no cercado da ráfia, ele destaca o giro na prateleira dos compostos antifibrilantes MBPP Natural 2500/0075-IE-FG. “Permitem a incorporação ao tecido de teores altos de carbonato de cálcio, ensejando aos transformadores alta velocidade sem perdas de produtividade nas etapas da extrusão e tecelagem da fibra”. Atiçada pelo déficit nacional de galpões estáticos para estocar grãos, a ascensão dos silos bolsas de polietileno também é marcada de perto pela Karina com o concentrado MBPEBD difusor de luz e, por fim com os tipos MPEB Branco 1000/70005-IE-FG e MPEB Anti-UV 24 SC, ambos à base de dióxido de titânio de maior resistência química, esclarece Pontelli.
Como avalia a adesão no Brasil aos sistemas de gotejamento superficial e subterrâneo da Netafim?
Pelo histórico dos últimos 30 anos, os sistemas de gotejamento e pivô central cresceram no Brasil em culturas e geografias diferentes. Enquanto a irrigação por gotejamento evoluiu em culturas como vegetais, frutas e café utilizando os gotejadores na superfície do solo, o emprego de pivôs aumentou em cultivos como soja, milho e feijão. Nos últimos anos, vemos a expansão da irrigação por gotejamento subterrâneo (enterrado) para novas fronteiras agrícolas, através do desenvolvimento da harmonização com sistemas como pivôs centrais em culturas como grãos e algodão. De fato, existem muitos benefícios nesta integração, em especial no tocante a agregar valor ao produtor rural e sua atividade. Portanto, a harmonização de sistemas de irrigação é uma metodologia que permite a utilização simultânea de duas tecnologias distintas, possibilitando a maior efetividade do projeto de irrigação. Seu ótimo custo/benefício é comprovado pelo melhor aproveitamento da área para irrigação e do equilíbrio no consumo de energia elétrica e água.
Quais as novidades em soluções de irrigação da Netafim para o agronegócio do Brasil este ano?
Temos oito lançamentos e, entre eles, constam o sistema de irrigação do tipo arco para irrigação de vasos; modernos sistemas automáticos de filtragem: tela e areia, kit de irrigação para pastagem e novos gotejadores com escudo de proteção contra raiz. Em termos de ferramentas digitais, a Netafim oferece um produto denominado NetBeat – sistema inteligente que coleta e interpreta dados, auxiliando agricultores nas tomadas de decisões. O sistema vai além da simples automação e agiliza os processos de manejo, aumentando a assertividade nas aplicações de água e nutrientes no campo. Funciona feito um tipo de combo digital. Ou seja, por uma única plataforma,o agricultor pode monitorar, acessar os dados atuais da fazenda e programar o manejo de irrigação e fertirrigação. As operações e decisões passam a ser orientadas com base em dados retirados do clima, do solo e das plantas em tempo real.
O agronegócio é campo fértil para a semeadura de grades diferenciados de negro de fumo para plasticultura. Produtora local do pigmento preto, a Birla Carbon Brasil transita nesse mercado com materiais a exemplo dos tipos 35 e 282 da série Copeblack, cujos chamarizes são o balanço econômico e a excelência na performance de cor e cobertura, aponta o coordenador de vendas Leonardo Fernandes Luiz de Souza. No embalo, ele realça também os grades 400 e 500 da série Raven. “Dispõem de grau de pureza condizente com aplicações dependentes de dispersão mais uniforme, caso de dutos de irrigação e agrofilmes. Outro ás que ele tira da manga é o negro de fumo BCD7129. “Foi desenvolvido para agrofilmes extra finos e sobressai pela dispersão, desempenho da cor, cobertura e o subtom desejado pelo mercado”, fecha Souza.
Como avalia as perspectivas para aumento da área irrigada no Brasil?
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a expectativa é de que o Brasil contribuirá com 40% da demanda adicional futura de alimentos do planeta. Como país tropical e emergente, o Brasil tem condições para aceitar este desafio, não apenas pela disponibilidade de terras, clima favorável e disponibilidade de água, mas pelo potencial de expansão da agricultura irrigada. De forma geral, a escolha da irrigação localizada vai muito além da produtividade, eficiência e lucratividade que ela pode oferecer. Ser capaz de cultivar mais safras e gerar rendimentos significa não precisar expandir para novas áreas. Dessa forma, os agricultores podem trabalhar muito bem com o que têm. O retrospecto no Brasil aponta que a irrigação tecnificada cresce ao redor de 200.000 novos hectares novos por ano. Em 2021 essa área deve chegar a 300.000 hectares – o maior aumento da história da indústria da irrigação no país. O Brasil ainda tem potencial para irrigar de 400.000 a 500.000 novos hectares ao ano. A Netafim estima que o segmento brasileiro de irrigação tecnificada, em especial a que envolve a integração entre gotejamento e pivô, deverá progredir a taxas de, no mínimo, 10% nos próximos anos. Diante desse cenário, projetamos para a empresa um crescimento anual de 15% para o próximo quinquênio. •