Com a casa em perfeita ordem

Astra reluz o novo normal em materiais de construção
Flores: capacidade ampliada para turbinar atendimento.

Pré-pandemia, a construção civil era, entre os setores produtivos, o primeiro a vergar os joelhos quando a economia jazia na enfermaria. O novo normal virou esta mesa. Projeções preliminares da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) apontam para crescimento à beira de 11% nas vendas de 2020 versus 2019, um feito e tanto para um período abalado pelo isolamento social e insuficiência e encarecimento de matérias-primas. Inebriada com este balanço imprevisível, a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) já acalenta fechar 2021 com alta de 4% na receita consolidada, avanço que, se perpetrado, remeterá o setor ao faturamento de 2011. Casa de força do setor plástico em materiais de construção empregados desde a fundação ao acabamento residencial, a Astra aproveitou a maré e expandiu produção e vendas em 2020 e entra em 2021 com a corda toda, deixa claro nesta entrevista o diretor superintendente Manoel Flores.

Como avalia o peso do auxílio emergencial nas vendas da Astra em 2020 e qual a expectativa para 2021, sem o coronavaucher e com dólar, desemprego e níveis de inadimplência altos?
Com relação ao auxílio emergencial, a quantidade de dinheiro que o governo disponibilizou para a população compensou e até suplantou os prejuízos decorrentes do aumento do desemprego e outras perdas salariais. As projeções econômicas apontam queda da ordem de 4,5% para o PIB de 2020 mas também mostram que alguns setores – inclusos aqueles ligados a materiais de construção – tiveram desempenho muito positivo no último período. No caso da Astra, percebemos rapidamente esse viés positivo do nosso setor, principalmente em razão de o comércio de materiais de construção ter se mantido ativo durante a pandemia e assim conquistamos importante espaço no mercado. Fechamos 2020 com crescimento de 30% em nosso faturamento nominal. Acreditamos que o mercado relacionado a produtos para construção civil e utilidades domésticas continuará com bom nível de atividade em 2021, pois as pessoas seguirão melhorando suas moradias e o financiamento para aquisição de novos imóveis conta com juros mais acessíveis.

A covid-10 afetou a política comercial da Astra? Quais os seus produtos mais procurados em 2020, sob efeito do imobilismo social?
Apesar da pandemia, nossa equipe de vendas e representantes mantiveram em 2020 seu modelo de atuação em contato com clientes. Lógico que a grande maioria dessas visitas não foi presencial; apenas no semestre passado fizemos mais de 3.000 dessas reuniões virtuais, envolvendo desde estabelecimentos menores até as grandes redes, atacados e distribuidores. Isso fez com que conquistássemos uma fatia do mercado importante e crescemos acima da média em nosso segmento. Isso deve continuar este ano. Quanto aos nossos produtos mais demandados no ano passado, não há como distinguir um item específico de movimento incrementado por causa do imobilismo social. O portfólio da Astra engloba mais de 6 mil itens muito diversificados. O que é possível afirmar é que, basicamente, a maioria das linhas de produtos teve as vendas aumentadas inclusive sob influência do confinamento e, entre elas, figuram assentos sanitários; elementos de hidráulica (destacando os sistemas de descargas, caixa acoplada, caixa alta e válvula de descarga, itens dependentes de manutenção imediata); produtos de acessibilidade, como as barras de apoio e utilidades domésticas para cozinha, lavanderia e banheiro.

Com qual nível de ocupação a Astra operou em 2020 e como pretende operar em 2021 diante de um consumidor-padrão de materiais  de construção com menor poder aquisitivo?
Durante os últimos meses de 2020, chegamos ao pico de utilização de quase 90% da capacidade instalada. Existem algumas limitações que impossibilitam a ocupação de 100%, a exemplo de eventual necessidade de manutenção, falta de molde, etc. O mostruário ultra variado e o emprego de diversos materiais e insumos – a exemplo de espelhos, alumínio, plásticos e o papelão presente nas embalagens – dificulta a medição da nossa produção somente pelo critério da tonelagem anual. O fato que merece destaque é que, no cômputo geral, nossa capacidade instalada aumentou em média entre 10% a 15% em 2020 versus 2019, efeito da entrada em operação, no segundo semestre, da planta filial em Pernambuco. Vale frisar, aliás, que tivemos em 2020 a chegada de novos equipamentos, aumentando em cerca de 10% o nosso parque industrial e parte deles foi mobilizado pela unidade em Recife. Sempre trabalhamos com recursos de máquina bem acima da necessidade de mercado. O que faltava sob a pandemia em 2020 era mão de obra. Logo depois de julho, quando começaram as retomadas mais fortes da demanda, nós fomos contratando. Para dar uma ideia da intensidade da recuperação, os estoques da Astra beiraram o zero no início de agosto passado. Colocamos dentro da fábrica mais de 1.000 pessoas de agosto até outubro e isso nos permitiu reagir e atender com rapidez o mercado, além de normalizar os estoques. Hoje estamos atendendo os pedidos em média com cinco a seis dias entre a data da admissão e o prazo de faturamento. O que deixa o cliente bastante satisfeito. Nós dispomos de capacidade para atender eventuais aumentos da demanda este ano, mas, mesmo assim, já prevemos investimentos em máquinas, automação e robotização, tendo em vista a produção de qualidade e custos mais competitivos e maior agilidade no atendimento. Por sinal, lançamos este ano a promotora digital de vendas Sol. É mais um recurso para a Astra prosseguir conquistando mais espaço em seu mercado. •

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