Por suas aplicações cobrirem todos os setores e atividades, o plástico é considerado um sensor extraoficial da economia. Ocorre, no entanto, que o mundo ficou tão instável e complexo que as previsões sobre o consumo dos polímeros não refletem mais a realidade se baseadas apenas no comportamento do PIB. Entre as novas variáveis em jogo, constam os valores prezados pela geração millenial, o crescimento da população idosa, os novos hábitos trazidos pela pandemia e o combate às mudanças climáticas. Para tocar cada vez mais afinada com essa orquestra de vetores do futuro das resinas, a Braskem, maior produtora de termoplásticos das Américas, agenda para 2021 o seu avanço na produção de poliolefinas pós-consumo mecanicamente recicladas. Orçada em R$ 67 milhões, este investimento virá à tona com a partida de um complexo modular de reciclagem em Indaiatuba, interior paulista, na matriz da parceira Valoren, empresa especializada na recuperação de resíduos.
O projeto contempla a recuperação anual de cerca de 250 milhões de embalagens rígidas pós-consumo de polietileno (PE) e polipropileno (PP), volume correspondente à geração de 14 mil toneladas de resina para segundo uso. A linha de reciclagem proposta pela Braskem integra as etapas de moagem, lavagem, secagem, extrusão e homogeneização dos grânulos.
A instalação vai aliar a vanguarda tecnológica alemã, com equipamentos auxiliares nacionais e, entre seus pontos altos, figura a adoção de sensores ópticos para identificar as resinas e alertar para a incidência de sucata plástica contaminada por coloração. Também merecem destaque o primor da precisão dos selecionados dosadores gravimétricos de concentrados de cores e aditivos e, na etapa da extrusão, os módulos para remoção de odores de baixa e alta volatilidade e filtração de polímeros de alto desempenho. Do seu lado, a Valoren será responsável pela coleta e gestão dos resíduos, além de compartilhar o monitoramento da reciclagem com a Braskem, esta responsável também pela comercialização das poliolefinas recicladas.
A reciclagem mecânica de plásticos de alto padrão começa a se agigantar no mercado brasileiro e é com base nesse contexto que a parceria da Braskem com a Valoren deve ser interpretada. Por sinal, a excelência na reciclagem mecânica constitui um pilar vital da estratégia de sustentabilidade e neutralidade de carbono da empresa, alojada na plataforma de soluções I’m green™. Ao lado dos produtos de fonte renovável (etanol da cana-de-açúcar) e do estudo a fundo da reciclagem química, ela agrupa grades de poliolefinas pós-consumo de qualidade elevada, encomendados a recicladores parceiros. No momento, o portfólio desses materiais alinha 5 tipos de PP, 2 de polietileno linear (PEBDL) e 2 de alta densidade (PEAD) e, entre seus feitos, cintilam a injeção de móveis e peças de lavadoras e a extrusão de embalagens de absorventes. Um leque de aplicações que a junção de forças da Braskem com a Valoren numa unidade modelo de reciclagem mecânica deve ampliar a galope.