Seminário Competitividade enquadra o plástico na era da economia circular

9º Seminário Competitividade

Nem um scanner ou drone devassaria tão a fundo a atual crise existencial do plástico como fez o 9º Seminário Competitividade organizado por Plásticos em Revista e a Associação Brasileira do Plástico (Abiplast) e realizado em 12 de setembro último em São Paulo. Com lotação esgotada por 302 inscrições, o evento abriu com uma panorâmica do empenho do governo Bolsonaro em simplificar o ambiente de negócios e implantar as ansiadas reformas estruturais, traçada por Caio Megale, Secretário de Desenvolvimento da indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia. Por seu turno, os efeitos deletérios do renitente mutismo da indústria plástica aos ataques ambientalistas e uma profusão de exemplos de bem sucedidas estratégias de comunicação adotadas por entidades e empresas internacionais para revidar críticas e contornar abalos na imagem institucional deram o tom da palestra de Luiz Buono, publicitário da agência Fábrica.

Caio Megale
Caio Megale
Luiz Buono
Luiz Buono
Debate entre Clóvis Cortesia, Ivo Yoshida, José Ricardo Roriz Coelho e Sérgio Bianchini
Debate entre Clóvis Cortesia, Ivo Yoshida, José Ricardo Roriz Coelho e Sérgio Bianchini

José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, mediou dois dos quatro debates da grade temária do seminário. No primeiro deles, o futuro de embalagens de uso único e descartáveis plásticos na era da economia circular e alternativas para a cadeia do plástico resguardar estes robustos segmentos transformadores foram analisados por Clóvis Cortesia, diretor da Copobras, referência nacional em filmes multimacada e descartáveis; Sérgio Bianchi, executivo da Polo Films, peso-pesado em BOPP e Ivo Yoshida, diretor da transformadora Valpri Embalagens Plásticas Flexíveis. No segundo debate, foi a vez da visão da indústria petroquímica sobre o impacto do crescente excedente global de polietileno (a resina mais consumida e que tem em embalagens de uso único 2/3 do seu mercado). Perante a hiper oferta (local e global) e consequentes preços depreciados da resina virgem, não sai do chão a competitividade do reciclado, já penalizado no Brasil por bitributação, engrossando assim os desafios para a reciclagem mecânica corresponder ao evangelho da sustentabilidade, evidenciaram no debate Fabiana Quiroga, diretora da Braskem; Solange Stumpf, sócia fundadora da consultoria MaxiQuim e Daniella Miranda, executiva da Dow.

Fábiana Quiroga
Fábiana Quiroga
Solange Stumpf
Solange Stumpf
Renato Ditomaso e Luiz Falcon
Renato Ditomaso e Luiz Falcon

Outra faceta da reciclagem, a recuperação de polímeros pós consumo pela rota química, foi a tônica da palestra ministrada por duas feras da Braskem nessa tecnologia ascendente na Europa e EUA: Renato Ditomaso e Luiz Falcon. Em sua apresentação, eles descreveram, passo a passo, processos de reciclagem química como a pirólise, expuseram as oportunidades de aplicações e os pontos favoráveis e a desejar desse tipo de plástico reciclado. Também realçaram que esta tecnologia, ainda não posta à prova em grande escala industrial, constitui na realidade um complemento da atividade de reciclagem mecânica.

Edison Terra
Edison Terra
Edison Terra, vice presidente da Braskem, concentrou sua palestra na necessidade de a cadeia plástica adaptar-se ao caminho sem volta da economia circular. Na ocasião, o dirigente reconheceu que a indústria precisa aprimorar com urgência a sua política de comunicação, tão discreta que mesmo transformadores de peso mostram conhecimento a desejar de várias ações oficiais em prol do setor, ele ressaltou.
Debate entre Fábio Sant’Ana, Ricardo Hajaj, Carlos Alberto Lancia e Luiza Yzang.
Debate entre Fábio Sant’Ana, Ricardo Hajaj, Carlos Alberto Lancia e Luiza Yzang.
A sequência de debates prosseguiu com uma imersão na influência na concepção de embalagens hoje exercida pela economia circular, a cargo de dois verbetes das indústrias finais: a gigante múlti de lácteos e água mineral Danone, representada pela gerente Luiza Yang, e a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam), na presença do seu presidente Carlos Alberto Lancia. O debate foi mediado por Fábio Sant’Ana, especialista da Braskem e Ricardo Hajaj, conselheiro da Abiplast. Luiza Yang enfatizou tópicos da política global de sustentabilidade da Danone, a exemplo da reciclabilidade das embalagens e a conscientização ambiental do consumidor, e Lancia demonstrou como as fontes de água mineral costuram o engajamento na economia circular com os limites ditados pela realidade econômica.
Debate entre Bárbara Nogueira, Bruno Igel, Alan Mani e Leonardo Roriz Coelho.
Debate entre Bárbara Nogueira, Bruno Igel, Alan Mani e Leonardo Roriz Coelho.

Os desafios para atrair novos talentos para a transformação de plástico fervilharam no último debate do seminário, mediado com brilho por Bárbara Nogueira, diretora e head hunter da empresa Prime Talent e com a participação de três representantes da nova geração: Bruno Igel, CEO da recicladora Wise; Alan Mani, dirigente da recicladora Deink Brasil e Leonardo Roriz Coelho CEO da start up Ciclopack, focada na digitalização da rastreabilidade e segurança de embalagens e resinas. O tempero do debate foi apimentado por questões como os propósitos profissionais e existenciais dos millenials, como a contestada imagem do plástico pode influir para distanciar jovens do trabalho no setor e como ele deve se reposicionar para seduzir para os seus quadros os graduados de hoje em dia, em geral mesmerizados por carreiras rápidas e bem pagas no setor de serviços e no mercado financeiro.

Jacques Siekierski
Jacques Siekierski

Lenda viva das embalagens plásticos no Brasil e introdutor de produtos que vão de sacolas e copos descartáveis a potes de iogurte e filmes com barreira, o empreendedor Jacques Siekierski, hoje presidente do Grupo Brampac, foi a cereja no bolo da programação do seminário. Em tocante exposição, ele rememorou sua histórica trajetória, desde os primórdios como vendedor de celofane no bairro paulistano do Bom Retiro à fundação de empresas marcantes na história do plástico no país, como a indústria de embalagens Itap e a componedora de masters Cromex.

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