Se fosse fácil, não teria graça

O desafio de ampliar o mercado para polímeros especiais

Se a América do Sul já é um cisco no consumo mundial de resinas commodities, o ibope dos materiais nobres na região iguala o da TV Brasil. Entre atirar com desânimo a toalha no ringue e enxergar o copo com potencial para ser enchido, a unidade global de negócios de polímeros especiais do Grupo Solvay crava coluna 2. O mercado brasileiro desses materiais de vanguarda responde por volta de 80% da demanda sul-americana, de presença opaca num negócio de faturamento planetário mantido na faixa de US$ 2,1 bilhões nos últimos dois anos. “Nossa missão é dobrar a receita da região em cinco anos contados a partir de 2018”, delimita Josimar Fazolare, diretor responsável por essa linha de soluções na América do Sul. Para dar conta do recado, ele se escora num portfólio arredondado em 1.500 produtos alojados em 35 marcas e com raio de ação abrangendo de embalagens de alimentos e fármacos, artigos médico-hospitalares, bens de consumo m geral, autopeças, componentes para o setor aeroespacial e para extração de petróleo e gás.

Fazolare: meta de dobrar vendas entre 2018 e 2023.

No momento, expõe Fazolare, o ranking de vendas na América do Sul deixa bem na foto polímeros como os dirigidos a instrumentos cirúrgicos e substitutos de alternativas como metal em autopeças de maior exigência térmica, mecânica e química. Mas a dianteira do movimento é desfrutada pelo cloreto de polivinilideno (PVDC) Diofan®, agente ampliador de barreira a oxigênio e umidade para medicamentos e embalagens de alimentos, com destaque para carnes. A alternativa do copolímero de eteno e álcool vinílico (EVOH), sustenta o diretor, não é páreo para o poder de barreira de PVDC, cujos principais concorrentes na esfera dos alimentos são filmes metalizados e o copolímero de etileno e clorotrifluoroetileno (ECTFE), este também produzido pela Solvay sob a marca Halar®. “A película metalizada oferece barreira superior à de PVDC, mas é mais quebradiça e sem a transparência cobrada para o embalamento de itens como carne fresca”, explica o especialista. “Por sua vez, ECTFE conta com barreira ao vapor d’água similar à de PVDC, mas carece da impermeabilidade ao oxigênio cada vez mais requerida para fármacos”.

O Brasil cresceu na mediana de 0,6% ao ano na última década e hoje a economia estrebucha com poder aquisitivo fragilizado, mais de 13 milhões de desempregados e quase 65 milhões de famílias endividadas. Como o quadro converge para a preferência por produtos mais baratos, que o diga o giro dos medicamentos genéricos, é difícil discernir nexo na busca por maior vida útil para seus produtos pela indústria farmacêutica. Fazolare discorda. “É justo em tempos de crise, quando a redução de custo importa para evitar perda de vendas, que o aumento de vida útil de medicamentos torna-se mandatório, por reduzir o impacto do seu desperdício por perda de validade”, ele argumenta. No embalo, Fazolare sublinha o crescimento na casa de dois dígitos anuais que bafeja o mercado de blisters, acondicionando genéricos, em particular. “É na categoria dos genéricos que blisters de PVC laminado com PVDC substituem similares de menor barreira, contendo apenas o termoplástico vinílico”, ele complementa, realçando a recente introdução do grade de PVDC de maior poder de barreira Diofan® Super B aliado a PVC em blisters como alternativa superior a ECTFE e a estrutura com duas camadas de folha de alumínio.

As reservas do pré-sal também enchem os olhos de Fazolare como rota para ascensão no Brasil das vendas do fluoreto de polivinilideno (PVDF) SOLEF®. “É o material sob medida para risers, as mangueiras flexíveis para prospecção de petróleo em plataformas marítimas”, assinala Fazolare. “São compostas de camadas de aço e especialidades como PVDF, estas atuando como barreira a gases corrosíveis e com extrema resistência térmica, de até 150º C”. Risers 100% de aço não tem flexibilidade, sua instalação off shore é vultosa e a quantidade necessárias dessas tubulações para uso no pré-sal excede a capacidade nacional disponível considera Fazolare. “O riser composto de mangueiras flexíveis hoje é empregado em 60% da produção nacional de petróleo em campos marítimos e atende às determinações de conteúdo local da Agência Nacional do Petróleo (ANP)”. É o enredo ideal para PVDF desfilar na mangueira. •

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