Dezembro é tempo de traçar resoluções de ano novo. Tratam-se daquelas listas de promessas para melhorar de vida nos 12 meses seguintes. É grande a probabilidade de as iniciativas não saírem do papel –que aceita tudo–, mas o simples fato de alguém se dispor a redigí-las, demonstra ao menos alguma consciência da necessidade de preencher essas lacunas, assim como é uma forma de manter acesa a esperança de vir a cumprir alguma das metas, em regra adiadas de um ano para outro.
Em nada faria mal ao setor plástico brasileiro dar-se ao trabalho de listar suas resoluções de ano novo, pois a indústria deve enfrentar em 2019 um dos períodos mais desafiadores e agitados de sua trajetória iniciada no século XX. Uma promessa que cairia muito bem seria, por exemplo, sair do mutismo e não deixar ataque, pergunta ou crítica sem resposta pública imediata. Afinal, é também por acolher em silêncio apático denúncias emitidas com o maior estardalhaço e de cunho bem mais emocional do que racional, que o plástico hoje carrega nas costas a imagem injusta de um nazista do meio ambiente. Aquele argumento de que é melhor deixar a ofensiva recebida para lá, porque com o tempo todo mundo esquece e sai caro colocar cada réplica na mídia hoje cheira a naftalina. Primeiro, porque a defesa do meio ambiente tornou-se uma fixação, um caminho sem volta, uma bandeira da sociedade em escala mundial . Em segundo lugar, nunca foi tão barato veicular um recado para o grande público. Da mesma forma que um acessível estúdio particular hoje livra o artista do mandonismo das gravadoras, que antes monopolizavam os caríssimos registros fonográficos, hoje em dia qualquer vivente dá a sua mensagem com repercussão garantida, multiplicada e a preço barato pelas redes sociais. Às custas de pronunciamentos e vídeos pelo twitter, sem gastar mundos e fundos em tempo de TV, Jair Bolsonaro ganhou a eleição presidencial.
Outra bem-vinda resolução de ano novo para o setor plástico seria deixar de dispensar as oportunidades de sair bem na foto e trombetear, na prática, as virtudes do material hoje tão mal comunicadas. Por exemplo, se um novo carro gasta menos combustível, isso também se deve à redução de peso do veículo proporcionada pelo uso de componentes plásticos. Desse modo, o setor ganharia muito se uma fonte sua aparecesse explicando essa vantagem da leveza ao lado da montadora, quando ela recorre às mídias para realçar os predicados do modelo que acaba de lançar. O mesmo princípio se aplica a indústrias de bens de consumo anunciando produtos de maior shelf life ou que chegam agora ao alcance de consumidores de baixa renda sem revelar o peso decisivo das embalagens plásticas desenvolvidas para a concretização dessas conquistas. Em suma, são oportunidades imperdíveis e de custo ínfimo para o plástico alardear suas contribuições tomando justíssima carona no marketing de seus clientes, as indústrias finais. Afinal, sem o acesso às resinas, materiais auxiliares e artefatos transformados, tais novidades introduzidas por elas não existiriam. O jogo tem de ser de ganha ganha, bom para os dois lados. Simples assim. •