Uma via de duas mãos

Alpek energiza PetroquímicaSuape com o poder de formar preços em PET
alpek

O filme do Brasil pode não estar tão queimado como parece. Não fosse assim, como explicar o fato de duas múltis domadoras dos preços mundiais toparem comprar no país as fábricas de um material super ofertado e cujo balanço pena no vermelho anos a fio? Uma possível resposta provém do conceito de “glocalização”: a simbiose de uma presença global com atuação local. A estratégia transparece da aquisição, respectivamente pela mexicana Alpek e a tailandesa Indorama, dos complexos de PET em Pernambuco vendidos pela Petrobras e a italiana M&G. O entrosamento com a cadeia global de valor é mais nítido, no âmbito do Brasil, no caso do complexo de 450.000 t/a de PET, 90.000 t/a de filamentos têxteis e 640.000 de ácido tereftálico purificado (PTA), intermediário chave do poliéster. Foi encorporado por US$ 435 milhões pela Alpek, que decidiu preservar o nome PetroquímicaSuape (PQS) para sua nova filial no Brasil, país que também abriga sua operação de 46.000 t/a de poliestireno expandido (EPS). A PQS passa a interagir com um conglomerado detentor no México de capacidades projetadas em 1.610 milhão de t/a de PTA; 180.000 de PET e 160.000 do poliéster grau têxtil. Nos EUA, onde a produção da resina e PTA anda tolhida, as capacidades da Alpek somam 1.495 milhão de t/a de PET, 640.000 de PTA e 135.000 de filamentos de poliéster. A fábrica canadense de PET tem condições de gerar 144.000 t/a, enquanto a capacidade chega a 190.000 t/a na Argentina, onde a Alpek ainda controla uma recicladora de 16.000 t/a de embalagens pós-consumo do polímero. Nesse jogo imbricado, a rival Indorama também surge como parceira da Alpek, ilustra a recente joint venture formada pelos dois grupos e a holding Far Eastern para adquirir da M&G o semi-acabado complexo jumbo na texana Corpus Christi, projetado para fornecer 1.1 milhão de t/a de PET e 1.3 milhão de PET. Attilio Contrini, diretor administrativo para o Brasil e de planejamento para a América do Sul, abre nesta entrevista como a “glocalização” da Alpek vai injetar glóbulos azuis na medula da PQS.

Contrini: produção integrada de PET/PTA no Brasil para duelar com resina da Ásia na América do Sul.

Qual a estratégia da Alpek para tirar essa operação de 450.000 t/a de PET de anos a fio de resultados negativos, em razão de superoferta interna de PET e potencial limitado para exportações da resina para o restante da América Latina, fora México e Argentina ?
O sistema Alpek Polyester possui atualmente 23 unidades voltadas para a cadeia do poliéster e conta com mais de 5.200 colaboradores. Nas Américas, lideramos a produção de PTA, principal insumo do poliéster, e de resina PET, utilizada principalmente para embalagens. Além disso, possuímos posição de destaque na produção de filamentos de poliéster, a matéria-prima mais empregada no setor têxtil mundial. Toda esta expertise e know how serão oferecidos aos clientes no Brasil e contribuirá para impulsionar a PQS, que recém adquirimos da Petrobras. Além disso, estamos trazendo ao país especialistas na produção de PTA e PET para intercâmbio de experiências com os colegas brasileiros. Vale lembrar também que a América do Sul é importadora de PET, principalmente da Ásia. Trabalharemos para impulsionar o negócio a nível regional junto com nosso ativo de PET na Argentina, o que aportará sinergias e eficiências logísticas que permitirão que a empresa represente uma fonte confiável de valor para nossa matriz e auxilie na melhora da balança comercial do Brasil e da América do Sul como um todo.

Brasil e México têm acordo bilateral comercial. Como a Alpek planeja desfrutar essa vantagem tributária entre a planta de PET no Brasil e suas unidades de PTA e PET no México?
O Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE 53) foi firmado em agosto de 2002 entre os governos do Brasil e do México e, desde então, tem contribuído muito para o aumento do fluxo comercial e desenvolvimento destas nações. Em uma cadeia produtiva tão competitiva como a do poliéster, temos como estratégia inicial a produção em larga escala, visando o ganho de eficiência. Assim, inicialmente buscaremos maximizar a operação de nossa nova unidade produtiva no Brasil. O ACE 53 será muito importante para complementarmos nossas vendas e atendermos melhor os clientes. Além disso, as preferências fixas negociadas no ACE 53 contribuem para a redução da carga tributária, elemento fundamental para o aumento da competitividade dos produtos e para lutar pela substituição de importações, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento de ambos os países.

Alpek pretende continuar a suprir com PTA a planta vizinha de PET adquirida da M&G pela concorrente Indorama?
Desde que adquirimos a PQS, passamos a contar com uma unidade com capacidade instalada para produzir na faixa de 700.000 t/a de PTA no Brasil. A importância desta unidade para o grupo é grande, pois trata-se da única planta de PTA na América do Sul. Nesta região, a PetroquímicaSuape é a única empresa com produção de resina PET integrada em PTA, sua principal matéria-prima. Esta integração entre a unidade de PTA e PET está em linha com o que ocorre com as principais unidades produtivas do mundo e, consequentemente, confere ao Brasil uma posição de destaque na América do Sul.
Como já comentamos, teremos como estratégia inicial otimizar a produção de nossas unidades produtivas no Brasil, buscando ganhos de produtividade, eficiência logística e proximidade com os clientes. Sendo necessário, possíveis complementações produtivas com nossas unidades do México serão adotadas, tendo como pano de fundo os benefícios advindos do ACE 53. De volta à pergunta, informo que já fornecemos PTA da PQS para o mercado nacional.

Principal mercado de PET, a indústria de refrigerantes, tem suas vendas internas em declínio nos últimos anos. Como a Alpek cogita contrabalançar essa perda contínua para sua resina no mercado interno brasileiro?
Como ocorre no mundo inteiro, mudanças culturais e a busca por produtos mais saudáveis estão sendo importantes barreiras para o crescimento do consumo de refrigerantes que, historicamente, tem sido o um dos principais demandantes por embalagens PET.
Não vemos esta tendência como perda de mercado, pois o que acontece é uma substituição por produtos mais saudáveis e que estão se adaptando melhor aos novos hábitos culturais das regiões. Para estes produtos, PET também se apresenta como uma excelente opção de embalagem. Devido à sua flexibilidade, transparência, características técnicas e por ser 100% reciclável, PET vem ganhando mercado em diferentes aplicações, e se tornando a embalagem preferida em diversos segmentos. Somente para citar alguns deles, temos avanços em embalagens para água, sucos, lácteos, óleos, temperos e condimentos, produtos para limpeza e cosméticos. Por fim, vale comentar que não notamos uma queda no consumo brasileiro de PET e, sim, uma estabilidade, devido não só às mudanças de consumo apontadas acima como à resiliência do produto aos ciclos econômicos.

Quantos grades de PET e para quais mercados/aplicações específicas compõem o portfólio da planta brasileira da Alpek?
A PQS conta com um portfólio com três famílias de grades de PET devidamente certificados para uso em embalagens de alimentos. Cada uma delas é destinada a um grupo de aplicações em diferentes mercados. A família CSD é aditivada com fast Re-Heat, o que proporciona alto desempenho no sopro, utilizada, por exemplo, no envase de carbonatados e óleos comestíveis. Nesta mesma família contamos com uma resina de alta viscosidade intrínseca (IV), proporcionando à embalagem o incremento das melhores propriedades do PET. Já a família MW engloba nossas resinas mais claras, destacando assim o produto aos olhos do consumidor. Suas principais características são alto brilho e transparência. Nossos clientes a utilizam para embalar água e sucos, entre outras bebidas.
Por fim, a resina HF é indicada exclusivamente para aplicações que requerem envase a quente, como isotônicos, sucos e chás. •

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