O barato do pó

Oficinas: gasto maior de energia com sistema tradicional de remoção de poeira.

Passo a passo, artefatos plásticos resultantes da impressão 3D ganham feições comerciais no mercado brasileiro. Entre os precursores dessas aparições no circuito de peças técnicas desponta um lançamento projetado e produzido na sede da 3M do Brasil em Sumaré, no interior paulista. Concebido para remover poeira originária de lixamento a seco em oficinas de carros, o Sistema Aspirado Venturi (SAV), de fácil instalação e longa vida útil, atira uma pá de cal no método convencional, mais caro e pesado do aspirador de pó.

Sistema Aspirado Venturi: preço menor que o aspirador de pó.
Sistema Aspirado Venturi: preço menor que o aspirador de pó.

A praxe seria injetar os componentes do portátil SAV, mas as análises da manufatura jogaram luz em outro caminho, conta Luiz Borges, especialista sênior de desenvolvimento de produtos e aplicação da Divisão de Reparação Automotiva da empresa. “A opção pela impressora 3D em lugar da injetora como método de produção mais adequado aos volumes esperados e ao custo delimitado foi decidida em análise na qual utilizamos uma curva de volume e demanda que relaciona estes fatores”, coloca o técnico. “Além disso, ao contrário do que a maioria ainda imagina, a impressão 3D não é mais indicada apenas para produzir um pequeno número de peças”. Para completar, encaixa, sua equipe acelerou a manufatura do SAV mediante ajustes na construção da máquina (nos eixos, suportes de manutenção etc.) e criando software e hardware específicos.

Com foco assestado sobre as oficinas de carros, o SAV consta de mangueira, saco e adaptador, com peso total da ordem de 400 gramas e preço sugerido de R$420,00 para a venda, informa Borges. Segundo orça, o lançamento sai por cerca de 1/3 do preço das soluções tradicionais. Além de maior e mais caro, reitera o especialista, o aspirador de pó industrial nem sempre integra os ativos de uma oficina.

Material importado e, sob o câmbio atual, mais caro ainda para quem trabalha com orçamento em reais, o copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) foi selecionado pela 3M para a impressão 3D da peça rígida do SAV. “Testamos opções como poliamida e polipropileno (PP), mas ABS venceu por atributos como a resistência física, leveza e estabilidade; já PP apresentou grande retração e difícil aplicação”, comenta Borges. Além de resistência e flexibilidade, a matéria-prima do sistema requeria máxima leveza, para facilitar o manuseio do equipamento. “Testamos todas as mangueiras disponíveis no Brasil e nenhum correspondeu às nossas exigências, razão pela qual encomendamos a produção desse componente no exterior e o importamos”, argumenta o executivo dizendo-se impedido pela 3M de abrir o país e o fornecedor.

O SAV não é movido a pilha ou bateria. “Funciona ligado na linha de ar comprimido da oficina, a partir do sistema mecânico do chamado princípio de Venturi, e é conectado à sua mangueira para fazer a aspiração”, sumariza o especialista. O efeito Venturi foi demonstrado no século XVIII pelo físico italiano Giovanni Battista Venturi. Em suma, um fluido em movimento num duto fechado diminui sua pressão ao aumentar a velocidade depois de passar por uma zona de seção menor. Se, neste ponto, se introduzir o extremo de outro duto, será gerada uma aspiração do fluido contido neste último tubo.

Além de não depender de energia elétrica, o SAV aumenta em até 30% a vida útil das lixas empregadas pelas oficinas. “Ele reduz o empastamento, como é chamado o acúmulo de resíduos do lixamento na lixa, pois o sistema de aspiração está conectado a ela”, explica Borges. “Além disso, não existe esforço sobre o material lixado, pois é removido pela aspiração do processo”. •

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