Pra comer com os olhos

Paviloche afia marketing de sorvetes com potes transparentes

Fora a clareza dos números de produção e consumo, a transparência tem ibope de TV Senado no palco dos sorvetes industrializados. A catarinense Paviloche, que completa 35 anos de ativa em 2017, soube aproveitar esse vácuo capitalizando para seu marketing, quase como exceção nacional no gênero, a diferença estabelecida por seus recipientes transparentes perante o mar de embalagens brancas da concorrência, centrada na região sul. “Foi uma inspiração que tivemos e bateu com o interesse em fidelizar os consumidores”, comenta Diógenes Pavinato, diretor comercial dessa indústria fundada por sua família em Joinville. “Queremos que, ao comprar um sorvete Paviloche, ele reconheça o valor da transparência para a marca”.

Pavinato: comunicação visual repensada.
Pavinato: comunicação visual repensada.

Sem rufar tambores, a Paviloche entrou em potes transparentes em 1996. “Foi quando começou a produzir a linha ‘leve para casa”, situa Pavinato. A decisão não emulou qualquer iniciativa internacional. A embalagem transparente, ele informa, é pouco usada na Europa, EUA ou mesmo na Argentina, país de tradição e músculos na manufatura de sorvetes. “Esses mercados adotam muito as caixas cartonadas, uma opção mais barata de embalagem, embora requeira uma quantidade mínima de produção de sorvete bem acima do patamar calculado para os potes”, compara o diretor.

O custo barra a transparência nesse baile. “Quanto mais transparente, mais caro o pote”, confirma Pavinato. A visualização assim permitida do conteúdo, ele dá a entender, é uma faca de dois gumes. “É bom para o consumidor ver o que se compra, mas para a indústria há um lado ruim”, ele constata. “Como sorvete é muito sensível à temperatura, qualquer variação causa seu descongelamento, um processo que altera as características originais, formando cristais de gelo e até camadas no fundo do pote. O consumidor percebe isso e não compra, resultando em prejuízo para a indústria com a necessidade de trocar o produto no ponto de venda”. Também sobram estilhaços para os lados da comunicação visual. “No pote transparente, a ideia principal é mostrar o sorvete e ela reduz assim o espaço para comunicação, complicando a exposição no rótulo de tudo o que a legislação obriga”, completa Pavinato.

A Paviloche usa papel para acondicionar casquinhas de sorvete, polipropileno biorientado (BOPP) para picolés, caixas de papelão para tortas, multipacks e petit gâteau e potes individuais para sundaes. “Estamos trabalhando em duas frentes de lançamentos em potes opacos; ficaram mais bonitos e chamativos que a alternativa transparente”, adianta Pavinato. No compartimento das embalagens plásticas, abre o diretor, a Paviloche é servida pelos transformadoras Plast & Pack, Emplal, Suriel e Pavão.

Paviloche: valor da transparência transposto  para a marca.
Paviloche: valor da transparência transposto
para a marca.

Pavinato assinala que as chamadas embalagens leitosas (translúcidas) permitem alguma visualização do conteúdo, mas são mais acessíveis que as transparentes. “Por exemplo, um pote leitoso de dois litros é 7% mais barato que o 100% transparente, cuja composição depende de um aditivo emborrachado para o recipiente não quebrar na cadeia do frio”. A propósito, encaixa o diretor, o material de suas embalagens transparentes é o o copolímero heterofásico de polipropileno (PP) CP 181, grade desenvolvido pela Braskem para injeção em ciclo rápido e peças de parede fina resistentes ao impacto sob baixa temperatura.
A curto prazo, observa o diretor, a Paviloche não cogita estender seu alcance para além do Sul. Por sinal, encaixa, a embalagem transparente é mais suscetível ao frete a longa distância. Em 2015, a recessão quebrou a trajetória de crescimento anual linear do setor de sorvetes, no retrospecto desde 2003. A Paviloche não foi exceção ao declínio geral. “Nosso volume de vendas retraiu 9% e a expectativa para este ano é recuperar essa defasagem”, delimita Pavinato. Uma ação nesse sentido, visando também amortecer a queda sazonal do movimento interno, é a iniciada distribuição dos produtos de açaí processado Açaí Frooty em Santa Catarina. “O plano é aproveitarmos recursos da operação de sorvetes, como câmara fria, produtos congelados, caminhões e equipe de vendas”, coloca o diretor. “No inverno, as vendas de sorvete caem 70% e as de Açaí Frooty, em torno de 40%”. •

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