Pomar de ideias

Braskem semeia inovações na plasticultura

Se o fenômeno La Niña não voltar a atrapalhar, a safra de grãos 2016/2017 deve aumentar 4% sobre o índice anterior de 182 milhões de toneladas. De 1995 a 2015, a produção de grãos cresceu 176%, enquanto a área plantada não ampliou além de 37%, uma prova dos nove da produtividade rural, decantada com toda a justiça. Mas em contraste com feitos dessa magnitude realizados por um Brasil que dá certo, a presença do plástico no campo até hoje só é flagrada com microscópio. “Sequer sabemos a dimensão e a extensão, em km², da plasticultura no agronegócio”, admite inconformado Paulo Prada, secretário do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura.

A. Schulman: produtividade concentrada

Além do aditivo térmico Poliblak (PBA) IR 1415, a subsidiária da norte-americana A.Schulman planeja nacionalizar em breve, na fábrica em Sumaré (SP), quatro outros auxilares da mesma série talhados para o agronegócio. Um deles, pinça o gerente comercial para masters Roberto Castilho, é o absorvedor de luz UV PBA AC 10564. “Diminui o risco de queima da planta por raios UV e é indicado para filmes antiblacking e antivírus”, ele especifica. Também está na mesma mira o difusor de luz PBA LDC 80. “Reduz a possibilidade de queima da planta pela luz solar, difundindo-a no interior da estufa”, assinala Castilho. O mix da unidade perto de Campinas pode alojar ainda o aditivo térmico/difusor PBA IR 1414, recomendado para conservar a temperatura no interior da estufa. “O produto reduz a amplitude térmica”, insere o gerente. O rol de formulações na reta de possível nacionalização fecha com o agente antitérmico refrescante PBA NIR 4261, desenhado para limitar o aumento da temperatura na estufa durante o dia em clima quente. “Diminui o stress da planta por temperatura e restringe a evaporação de água”,completa Castilho.

Na selfie das vendas atuais, os carros chefes da A.Schulman para a agricultura nacional apontam para três redutos. “Para estufas, destacam-se concentrados de antioxidante como o PBA N09512, produzido em Sumaré”, ilustra o executivo. Na esfera de mulching, ele nota, sai bem o tipo PBA 1423, vindo da França, e a combinação de master branco, como o nacionalizado PBA 8360 UV, e o tipo francês preto PBA 1423 se impõe em silo bolsa.

Por mais que queiram os petistas, números não mentem. No ranking de 2015 da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), o agronegócio é contemplado com uma merreca de participação no consumo nacional de transformados: 2,9%. O setor também é, em vendas de resinas, o último mercado (5%) do ranking da Braskem, único produtor no país de polietileno (PE) e polipropileno (PP) e o maior dos dois (Solvay) de PVC.

Filmes são, em volume, o pilar da plasticultura, além de bastante conhecidos no cultivo protegido de hortifrutis, razão pela qual a Braskem tem irrigado ideias no âmbito de PE inspiradas na busca de vantagens que vão da economia no consumo de água e nos gastos de manejo de erva daninha à preservação da qualidade dos alimentos. Até o momento, foram concluídos 47 estudos e 14 estão em curso, informa Ana Paiva, ás do time de desenvolvimento de mercado do grupo.

Um dos projetos bombásticos teve os testes iniciados sem alarde em maio último, com duração prevista de 12 meses. O experimento refere-se ao cultivo de banana em regiões mais frias, destoando da praxe do plantio em lugares úmidos, quentes e alvo de chuvas regulares. “No Brasil, banana também é colhida em locais como Vale do Ribeira e Santa Catarina, onde a temperatura cai abaixo de 15ºC, condição capaz de gerar o efeito de chilling: o escurecimento da casca comprometedor para o valor comercial da fruta”, expõe Ana. Ainda está para nascer solução para o chilling, ela atesta, e a Braskem e a unidade em Registro da Universidade Estadual Paulista (UNESP) resolveram rastrear a quatro mãos alternativas para minorar esses danos. “Não reinventamos a roda”, assinala a especialista. “Adotamos o conhecido modelo de bolsa de PE para vestir o cacho e evitar o contato de insetos com a banana”. Para permitir o manejo, explica Ana, a bolsa fica presa na parte superior do cacho e aberta na parte inferior.

No campo de provas num bananal em Registro, as equipes de Ana e da UNESP testam a performance de diversos grades de PE no filme da bolsa, acrescidos de auxiliares capazes de evitar o declínio em demasia da temperatura do cacho encoberto pela bolsa quando o ambiente estiver abaixo de 15ºC. Entre as vias de isolamento térmico palmilhadas, já sobressai nos ensaios o filme de PE com o aditivo Polybatch IR1415 da componedora norte-americana A.Schulman. “Ele permite a passagem de radiação infravermelha de curto comprimento de onda, efeito que aquece o interior da área do cacho protegida pela bolsa durante o dia”, esclarece Roberto Castilho, gerente comercial de masterbatches da subsidiária brasileira da A.Schulman. “O aditivo impede que a radiação infravermelha de ondas longas saia à noite, mantendo o espaço aquecido, com variação térmica menor”. No momento, Polybatch IR 1415 é trazido do México e Europa, mas Castilho abre plano de formular o aditivo a curto prazo na planta em Sumaré, interior paulista. Retomando o fio da banana, ele considera outro auxiliar seu viral para o cultivo protegido: um master rotulado como antivírus. “Impede o acesso de moscas na área do cacho encoberta pelo filme, evitando a possibilidade de defeitos ruinosos para o valor de venda da fruta”.

Outra vitória da Braskem resultou de pesquisa por quase três anos sem alarde em cafezal na Fazenda Juliana, em Monte Carmelo, no Triângulo Mineiro. O emprego de mulching em hortifrútis não é novidade, mas Ana Paiva sustenta haver pouca informação técnica disponível sobre o uso desse filme de revestimento de solo em plantas de ciclo longo, como café. Nesse experimento, o parceiro da Brakem foi a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). “Além de executar as medições, sua equipe definiu a forma, periodicidade e tratamento estatístico delas”, delimita a executiva.

As mudas de café foram plantadas em dezembro de 2013 e janeiro de 2014, período em que o filme de PE foi aplicado. A pesquisa desdobrou-se em três variáveis: sem mulching e com dois tipos da película. “Testamos mulchings com face externa nas versões branca e prata, para evitar aquecimento, e com face preta em contato com o solo, para bloquear a passagem da luz e inibir o crescimento de ervas daninhas”, pormenoriza Ana. Foram adotados três regimes hídricos, de irrigação do terreno quando a tensão da água no solo atingia valores de 20 kPa (maior disponibilidade de água), 40 (nível intermediário) e 60 kPa (pouca disponibilidade).

Realizada em julho último, primeiro ano de produção da lavoura, veio à tona a comprovação de produtividade 68,11% superior, com o uso de mulching prata frente aos indicadores do teste sem a cobertura de PE, para um tratamento com menor disponibilidade de água. “Os ganhos proporcionados pelo mulching evidenciam-se em situções de déficit hídrico, graças à capacidade do filme de reter umidade do solo”, atribui Ana. “Se considerarmos que menos de 11% dos cafezais brasileiros são irrigados – ou seja, passam por algum momento de déficit hídrico – fica provada a eficácia do mulching como ferramenta de produtividade”. Previsão de chuva na horta de PE. •

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