Pode ser o fim do 7×1

O setor de tubos de PVC flerta com a saída da UTI este ano, nota Marcos Viana, da Pevesul

O mercado de reformas residenciais e o programa Minha Casa, Minha Vida prometem virar o jogo do setor de tubos de PVC este ano, uma lufada de ar fresco após tanto tempo tomando de goleada nos balanços. Do segundo trimestre de 2014 ao terceiro trimestre de 2017, levantou o Valor Data, o PIB da construção desabou 24%, tendo caído 6% apenas no ano passado. O clima no setor é de ânsia pela virada da página, alimentada pelo aumento de 6% no faturamento de 2017 do varejo de materiais de construção, de volta assim aos níveis de 2012. Dado o índice de ociosidade nas indústrias de tubos vinílicos, a virada por elas acalentada para este ano eleitoral virá, em essência, da melhora das condições de crédito, caso do anunciado aporte de R$15 bilhões na Caixa, e da maior confiança do consumidor de materiais de construção. Nas fileiras lá de trás do setor, a quebra das contas públicas mais uma vez explica a calmaria em tubos para infraestrutura e, apesar do fulgor do agronegócio, o desempenho dos tubos de irrigação não impressiona. Atuante nos três compartimentos de tubos, fora conexões e acessórios, a paranaense Pevesul, fundada em 1967 e controlada pelos sócios Antônio Kioshi e Nelson Rocha, chama atenção pelo fôlego para resistir à crise e disposição para investir este ano na planta-sede em Londrina e no alargamento do mapa de vendas. Nesta entrevista, o gerente comercial Marcos Batista Viana analisa para onde o vento sopra e delineia a teima da Pevesul em nadar contra a corrente do baixo astral.

Viana: acesso à tecnologia piora disputa
entre marcas maiores e médias de tubos.

PR – A crise nos últimos quatro anos prejudicou mais as marcas de tubos prediais premium, as médias ou as de combate?
Viana – As marcas premium, por estarem mais em evidência na praça, embora tenham margem melhor de preços de venda e maior participação de mercado. São fatores que amenizam um pouco seus prejuízos com a recessão, mas as forçam a recorrer a ações mais agressivas para não perder espaço. Desse modo, elas acabam empurrando a concorrência na faixa intermediária, caso da Pevesul, a uma condição também mais apertada em custos e rentabilidade.

PR – Como a categoria das marcas médias, na qual a Pevesul se encaixa, tem reagido à conjuntura?
Viana – A salsicha sofre mais na hora da mordida, pois ela tanto vem por baixo como por cima, não é? Pois então, as marcas premium reduziram preços para retomar espaços perdidos com a crise. Desse modo, aproximaram-se dos preços das marcas intermediárias, forçando-as a encolher suas margens, já limitadas porque este segmento já trabalhava com preço apertado por competir com as marcas no piso, de preço baixo, sem qualidade certificada e usuárias de muito material reciclado na extrusão de seus tubos fora da norma. Esse quadro, aliás, explica porque o nosso carro-chefe, o tubo predial para esgoto com 100 mm de diâmetro, dá prejuízo no preço de venda.

PR – Uma corrente de analistas assevera que a busca por preços menores tem favorecido os fabricantes pequenos de tubos prediais, movidos a preço. Outra ala julga que o Fisco mais equipado para combater a sonegação tem influído para reduzir esse segmento. Qual a sua visão?
Viana – Ainda há muitas dessas indústrias menores. Aliás, uma grande parcela delas grava no tubo a norma técnica de conformidade (NBR) comunicando assim sua fabricação de acordo com a regulamentação de qualidade, embora tratem-se de empresas não certificadas junto ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Portanto, além de reprimir a informalidade, a Receita deveria autuar esses infratores pela produção incorreta, conduta que cabe ao Ministério Público coibir. A fiscalização deveria ser feita in loco, principalmente nas indústrias sem aval do PBQP-H. Para isso, seria muito mais simples, ágil e eficaz para o poder público pegar o relatório do PBQP-H e visitar as empresas lá mencionadas como fora da conformidade técnica e as interditarem pela venda de tubos não só irregulares mas ofertados como se fossem adequados, em razão da gravação da NBR (crime de falsidade ideológica).

PR – Os últimos anos mostram algumas ações de diversificação dos maiores fabricantes de tubos prediais, fora desse segmento que é o maior mercado de PVC. A Tigre fechou a planta na Bahia e entrou em torneiras metálicas. A Mexichem aumentou a presença em produtos para irrigação. Como interpreta esses movimentos?
Viana – A paralisação das obras públicas de saneamento forçou, com certeza, uma mudança estratégica mais brusca dessas empresas, levando-as a concentrarem mais o foco em outras áreas. Na esfera da disputa aumentada em tubos prediais entre as marcas maiores e as da classe média, observo que, hoje em dia, a tecnologia está à disposição de todos, o acesso a ela é mais rápido e os ganhos proporcionados em produção e qualidade permitiram aos fabricantes que assim investiram reduzir as margens para melhor desovar estoques num ambiente de crise. Ficou muito mais difícil para todos os players em tubos prediais crescer naquelas taxas dos idos de 2014. Ainda vai demorar muito para voltamos àquele patamar.

PR – Qual a estratégia da Pevesul para atravessar tanto terreno minado pela concorrência?
Viana – Nossa empresa teve um ótimo e abençoado crescimento no período 2013/2014, o que nos possibilitou arcar com um sofrimento menor nos anos seguintes. Ainda assim, rodamos em 2017 com 20% de ociosidade numa capacidade instalada da ordem de 9.000 t/a, inclusos tubos e conexões fornecidos por um parque de cinco extrusoras e três injetoras. O volume produzido no ano passado equivale ao registrado em 2012. Veja, nosso produto é uma commodity; não há como diferenciá-lo e daí porque nos dedicamos com empenho ao pronto atendimento, à logística. Produto na loja vende antes. Também procuramos não abrir muito o leque de atuação, concentrando-o mais em áreas no entorno da empresa: região sul, interior paulista, o sul fluminense, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Nossa venda regional aumentou12% nos últimos três anos e, a princípio, cogitamos entrar em Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal, decorrência do aumento a caminho em nossa capacidade produtiva. Para este ano, pretendemos comprar uma extrusora e investir em novas conexões e em algumas versões de tubos, a título de complemento de linha.

PR – Ao lado do governo quebrado, a incerteza política e econômica domina o cenário este ano, ao menos até as próximas eleições. Diante disso, quais as suas expectativas para as vendas de tubos prediais, de irrigação e infraestrutura?
Viana – As vendas da linha predial deverão ser mais impulsionadas que as demais, mediante liberações de novos financiamentos da casa própria e do programa Minha Casa, Minha Vida. O segmento de tubos de irrigação evoluirá algo mais devagar, por causa de mudanças climáticas e da nova lei de outorga de recursos hídricos (se uma pessoa quiser fazer uso das águas de um rio, lago ou mesmo de águas subterrâneas, terá que solicitar uma autorização, concessão ou licença – a outorga – ao poder público). Quanto à infraestrutura, sem recursos vindos do governo federal, será o último segmento a reagir este ano. •

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