Pista escorregadia

Vista no passado apenas como estratagema para cortar custos, a redução de peso das embalagens virou também sinônimo de bom mocismo verde entre as indústrias finais. Ao lado dessa busca de leveza, ganha a vitrine outra reverência ao meio ambiente: a adoção de artigos compactados e concentrados. Em particular, a indústria de produtos de limpeza doméstica abraça essa causa, movida pelos chamarizes  sustentáveis da economia de energia, água e transporte. Os recipientes também entram na dança. “A embalagem do produto concentrado utiliza 37% menos de resina plástica que a versão convencional”, afirma a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla) em seu anuário 2014.
Na mesma batida, Fernando Fernandez, presidente da Unilever no país, apresentou-se na imprensa como engajado na onda da compactação e concentração, entrevendo nela uma forma de reduzir à metade seu consumo de embalagens e sustentando que a Unilver por ora pinta sozinha na praça com produtos de limpeza concentrados. Segundo o dirigente, cerca de 30% das vendas de detergente líquido da empresa  já correm por conta da versão concentrada.

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Braskem passa a limpo
Febre brava no setor de produtos de limpeza, a caça à redução de espessura sem prejuízo da resistência cruza o radar da Braskem. Em resposta, o grupo serve à mesa grades de polietileno de alta densidade (PEAD) cujo DNA prioriza o balanço entre rigidez e tolerância química, expõe Marcelo Neves, engenheiro de aplicação para artefatos rígidos de PE. “Trabalhos nesse sentido com grades bimodais e com as resinas de apelo sustentável  SGF 4959 e SGF 4960, ambas da família de PEAD verde (N.R.- obtido de eteno originário da alcoolquímica)”.
Além da versão líquida, produtos de limpeza compactados e concentrados são ofertados em pó, a exemplo de sabões. A Braskem também comparece aqui com resinas para leves e resistentes embalagens impressas de filmes laminados, submetidas a empacotamento automático, explicam José Augusto Viveiro e Fábio Agnelli, respectivamente gerentes comercial e de engenharia de aplicação. Entre as estrelas desse portfólio ambos destacam grades como a resina linear  base metaloceno (PEBDLm) Flexus 9212XP.

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Procurada por Plásticos em Revista, a Unilever não prestou esclarecimentos por alegada indisponibilidade das fontes. Mas a Abipla tem uma mensagem a respeito. “O movimento de compactação e concentração das indústrias de produtos de limpeza tem por base a sustentabilidade do setor ”, explica Maria Eugenia Saldanha, presidente executiva da entidade. “Ele é voluntário e cada empresa decide os produtos a serem comercializados”. Quanto aos tipos de artigos passíveis de compactação e concentração, a dirigente cita, amparada na atividade de um grupo de trabalho de sua entidade, amaciantes de roupa e detergentes para lavar roupa e louça. A propósito, completa, a busca de redução de espessura  dos frascos em nada é afetada por esse movimento. “Uma opção não exclui a outra”, pondera Maria Eugenia. “Um produto concentrado pode contar com embalagem de espessura mais fina”.
O Grupo Engra é uma pedra angular no sopro de frascos para produtos de limpeza. “Temos percebido uma tendência muito maior em termos de redução de espessura das embalagens do que de compactação dos produtos envasados”, avalia Renato Szpigel, diretor comercial da transformadora. “Nos últimos 10 anos, reduzimos em média 15% do peso de toda a nossa linha de frascos- de 100 a 5.000 ml – para o setor de limpeza”. À guisa de referências, ele aponta,  o peso de frascos de Pinho Sol caiu de 23 para 17 gramas e o de recipientes para cinco litros de saneantes baixou de 180 a 140 gramas ou ainda menos. Por seu turno, nota Szpigel, os lançamentos de produtos compactados e concentrados primam por volumes e indicadores de crescimentos marcados pelo acanhamento.
Para o porta voz do Grupo Engra, as tradicionais versões líquidas devem abocanhar 95% do mercado nacional de produtos de limpeza, cabendo o naco restante às versões concentradas. “Acredito em crescimento lento e pequeno dessas alternativas, pois o brasileiro não está nem um pouco preocupado com o meio ambiente, como exemplificam o estado dos rios Tietê e Pinheiros (SP) e as lixeiras que são as cidades onde vivemos”, fulmina Szpigel. “O povo quer pagar barato porque é pobre e sem educação sobre o modo de usar e os benefícios do produto de limpeza concentrado”. Se a economia buscada com plástico e transporte for repassado de forma significativa ao custo do produto concentrado pelas grifes múltis, formadoras de opinião em artigos de limpeza doméstica, “aí então o brasileiro se interessará em entender o que é o concentrado e suas vendas subirão”, condiciona Szpigel.  •

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