Patrimônio histórico

Injetora Semeraro: a estreia da Tigre no plástico.

Após passar pelas mãos do governo italiano,da brasileira Romi e de um fundo privado belga, a indústria de injetoras Sandretto, marca no auge nos anos 1990, teve anunciado seu fechamento. Não foi noticiado se o ponto final respingou num ativo surpreendente: o museu da história do plástico, sediado em casarão numa encosta perto da matriz da Sandretto, em Pont-Canavese, a 40 km de Turim. Com relíquias como bolas de bilhar, rádios e telefones pretos de baquelite, o acervo mantido pela empresa piemontesa sempre foi pouco falado e se ignora a existência de similares mundo afora.

O plástico desembarcou no Brasil bem depois de se entranhar na Europa e EUA, uma das infinitas explicações para a falta de um repositório relativo à sua trajetória aqui. Mas se ele existisse, decerto a Tigre, nº1 em tubos plásticos, mereceria espaço nobre, devido a marcos de seus 75 anos, emblemáticos também da memória nacional do plástico, preservados com zelo pelo grupo catarinense . É o caso, por exemplo, de uma preciosidade exposta na recepção do centro administrativo do grupo em Joinville: uma intacta e polida injetora brasileira Semeraro, modelo “pula pula”, adquirida nos anos 1940. À época e na década seguinte, o Brasil familiarizou-se com o plástico através da importação de artefatos práticos, baratos e duros de quebrar, como utilidades domésticas. João Hansen Junior, fundador da Tigre, então fabricava pentes e cachimbos de raspa de chifre de boi. Nos idos de 1945, entreviu oportunidades no plástico e adquiriu sua primeira injetora numa ida ao Rio. Um ano depois ele constituía a razão social “João Hansen Junior & Cia. Ltda: Fábrica de Pentes, Cachimbos e Artefatos de Massa Plástica Tigre”. Fez um sucesso e tanto com seus leques Minueto. Alguns exemplares estão conservados no mesmo prédio em Joinville, segundo informa o novo livro institucional dos 75 anos do grupo, “Tigre-Construindo o Futuro”.

Outra joia da coroa foi colocada num corredor da fábrica 1 do grupo, na periferia de Joinville e dedicada à extrusção de tubos e à injeção de conexões e acessórios. Trata-se de uma extrusora alemã Reifenhäuser 90 adquirida em 1958 por Hansen Junior na Feira de Hannover, tendo em vista uma inovação naqueles tempos do Brasil de Juscelino Kubitschek: a produção de tubos de PVC. A corporação Reifenhäuser continua de pé, virou verbete global na extrusão blow e cast de filmes e chapas, mas despediu-se há muitos anos da montagem de linhas para tubos. Além dessa extrusora hoje quieta num hall da planta em Joinville, aquele transformador visionário comprou, na mesma exposição alemã, uma injetora Battenfeld 300 para conexões e uma trançadeira para tubos flexíveis.

Foi assim que João Hansen Junior deu o pontapé inicial numa revolução.

O editor Hélio Helman viajou a Joinville a convite da Tigre.

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