MEIO AMBIENTE Biofilme da Índia flerta com exportação de frutas brasileiras COSMÉTICOS MASCULINOSEmbalagens aprendem a marcar homem a homemSetembro 2018 Nº 65156ANOS/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistawww.plasticosemrevista.com.brDISTRIBUIÇÃOUM BIG BAG DE DESAFIOS PARA LEVANTAR O MERCADOSetembro/2018plásticos em revista3Entre outros motivos, Geraldo Alckmin tomou uma coça na eleição para presidente por não entender o mundo em que vive. Vendeu a alma ao diabo para conseguir mais tempo de TV crente que, como sempre foi, a co-municação por este canal decidiria o jogo nas urnas. Quebrou a cara diante da penetração tsunâmica das redes sociais, ferramenta de mídia de baixo custo e, aliás, também não levada em conta pelos criadores dos fundos partidários para cacifar campanhas. Mais uma prova do alheamento da realidade que viceja em Brasília.O mundo de hoje, setor plástico incluso, evoca aquela fase do século passado em que era ultra perigoso cruzar a rua, devido ao risco de os recém introduzidos automóveis trombarem com os cavalos. Anda difícil escolher entre transição e estupefação para traduzir o momento atual. Um exemplo recente, de três anos atrás, foi a surpresa do corpo diplomático francês ao comunicar um afrouxamento das barreiras à imigração ao abrir exceção para deficientes físicos. Em pouquíssimo tempo, pela disseminação entre os refugiados da nova regra pelas redes sociais, barcos chegavam do Mediterrâneo repletos de africanos em cadeiras de rodas. Com o coração na boca, o plástico trata de escapar das charretes e carros no asfalto. Perdeu para a avalanche digital a conotação de suprema vanguarda que desfrutou no século XX. Desse modo, passou de software, na acepção de um poder de inspiração e influência, para o de hardware, no sentido de solução coadjuvante, destinada a dar uma forma concreta à transmissão virtual de informações. Já se disse que, na Antiguidade, preferia-se erguer cidades ou fábricas perto de grandes rios, pois eles viabilizavam o acesso ao poder, mobilidade, alimento e aos mercados e culturas das populações próximas. Pois bem, o Tâmisa, Reno, Danúbio e Mississipi de hoje chamam-se Amazon Web Services ou a ferramenta Azure, da Microsoft. São os rios dos fluxos digitais que dão sequência a conquistas do plástico, como a democratização do consumo global de bens duráveis e produtos pri-mários, conectando países e negócios às tecnologias móveis e bombeando neles o oxigênio computacional de que hoje dependem para viver.Com tanta diversidade e profun-didade de uso alcançadas pelas cone-xões, os fluxos digitais empurram a sociedade para uma transfiguração do modo como se vive, trabalha, apren-de, desloca e se comercializa. Enfim, um mundo bem mais interdependente e no qual, atestam infinitas pesqui-sas, a população mais conectada já conhecida é a que reúne o maior número de pessoas que se sentem isoladas. Isso evidencia a carência de uma conexão: a humana. Fala por si a apreensão, hoje latente em qualquer ambiente de trabalho, que um robô ou equipamento venha decepar o emprego de alguém.Com tanta informação disponível, instrumental barato e cone-xões de longo alcance para viabilizar esta revolução tecnológica em andamento, manda a lógica que também se chegue a soluções para tornar a vida mais próspera, produtiva, segura e saudável com apoio da inteligência artificial. Nesse contexto, o plástico começa a tomar pé das coisas ao estilo das lutas marciais, tratando de tirar proveito dos golpes recebidos, e olhando ao redor com o deslumbre e arrojo de um empreendedor de startup. No setor automotivo, por exemplo, a contagem regressiva para o motor a gasolina já desencadeia um mergulho nas profundezas dos plásticos de engenharia, em busca de formulações adequadas às exigências recrudescidas de proprie-dades mecânicas, químicas e térmicas para aplicações relacionadas a carros elétricos e novos componentes inspirados pelos veículos autodirigidos, desprovidos de painel e volante, por exemplo. E justo neste instante, cientistas devem estar imersos, com a criatividade vitaminada pela assistência virtual, no rastro de soluções plásticas que venham tirar embalagens como as multimaterial ou de polies-tireno da linha de tiro do discurso da economia circular, devido a questionamentos sobre sua reciclabilidade.Para a transição tomar seu curso, é preciso aprender a navegar entre as pedras e correntes do rio. •Entre charretes e carros Uma transição inédita cobra do setor plástico a visão aberta do empreendedor de startup EDITORIAL 44 Sustentabilidade FLEXFRESHIndiana Uflex busca agente no Brasil para biofilme focado no agronegócio 46 3 Questões WILSON CARNEVALLI FILHOCrise não esfria procura por tecnologia de ponta no setor de flexíveisSetembro/2018Nº 651 - Ano 56DiretoresBeatriz de Mello HelmanHélio HelmanREDAÇÃODiretorHélio Helmaneditor@plasticosemrevista.com.brDireção de ArteSamuel Felixproducao@plasticosemrevista.com.brADMINISTRAÇÃODiretoraBeatriz de Mello Helman beatriz.helman@definicao.com.brPublicidadeMônica Dieguesmonica@plasticosemrevista.com.brSergio Antonio da Silva sergio@plasticosemrevista.com.brInternational SalesMultimedia, Inc. (USA)Tel.: +1-407-903-5000Fax: +1-407-363-9809U.S. Toll Free: 1-800-985-8588e-mail: info@multimediausa.comAssinaturasKeli OyanAssinatura anual R$ 110,00Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda.CNPJ 60.893.617/0001-05Redação, administração e publicidadeRua Sergipe 305 - casa 05São Paulo - SP - CEP 01243-001Telefax: 3666-8301e-mail: definicao@definicao.com.brwww.plasticosemrevista.com.brAs opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista.Reprodução permitida desde que citada a fonteCTP e impressãoMAISTYPECapaSamuel Felix Foto da CapaShutterstockDispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial - Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90Circulação: Outubro/2018SUMÁRIO06 Visor COSMÉTICOS MASCULINOSO mercado metrossexual exige embalagens exclusivas 20 Conjuntura SEMINÁRIO COMPETITIVIDADEEvento colocou o setor plástico frente a frente com a nova realidade global 24 Trajetória NTCA receita da mistura fina de mercados para cruzar a marca dos 30 anos 26 Sensor JORGE LAKATOSSua máquina de venda reversa de latas e garrafa PET entra na reta da industrialização28 Especial/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistaMEIO AMBIENTE Biofilme da Índia flerta com exportação de frutas brasileiras COSMÉTICOS MASCULINOSEmbalagens aprendem a marcar homem a homemSetembro 2018 Nº 65156ANOSDISTRIBUIÇÃOUM BIG BAG DE DESAFIOS PARA LEVANTAR O MERCADOSetembro/2018plásticos em revista6VISORThe Barber é uma barbearia no antigo centro do Rio. Decorada no dito estilo londrino, oferece bebidas para acompanhar os pedidos, um cardápio estiloso de pratos, bar e lounge e massagens shiatsu, antistress, com pedras quentes e reflexologia dos pés. Também vende produtos de higiene e beleza, conce-bidos para sua clientela, dentro do chamado conceito “one-stop-shop”.Alvos até de start ups, as barber shops enxameiam à sombra da sua razão de ser, o novo homem, devoto da autoestima, bem estar, aparência e asseio como trunfos para o sucesso pessoal e profissional, desvenda o estudo Caderno de Tendências 2019-2020 lançado pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Tal como bancas de jornal viraram lojas de conveniência, a barbearia, para cair nas graças dos metros-sexuais, deram-se ares de butiques para pontos de encontro, acoplando ao espaço para barba, cabelo e manicure, ambiente para tomar uns tragos, divertimentos como sinuca ou dardo e até há noticia de locais com tatuadores de plantão. Barba e bigode estão em alta como sinais de virilidade mantidos nos trinques e drinques pelas barber shops, a tiracolo de uma florada de produtos personali-zados e com reflexos diretos na concepção de suas embalagens plásticas. Vários deles inexistiam há poucos anos, tipo cera para bigode e óleo para barba. Aliás, pontua a análise da Abihpec, o novo homem, para não embaçar seu corre corre cotidiano, também preza a praticidade embutida em cosméticos multibenefício.Os números nunca se pentearam tão bem. Cruzamento de dados da Euromonitor registra salto de 70% nas vendas de produ-tos de cuidados pessoas masculinos entre a receita de R$11,6 bilhões em 2012 e a de R$19,8 bilhões em 2017. Ao fragmentar o faturamento, a consultoria constata, no mesmo quinquênio, aumento de 101% nas vendas de fragrâncias para homens, culmi-nando em R$ 11,7 bilhões no ano passado. Em produtos para banho, o pulo aferido foi de 75%, fechando 2017 com saldo de R$7 milhões. Na seara dos desodorantes masculinos, arrancada de 45% com base em vendas de R$5 bilhões em 2017. Na raia de produtos para barba e banho, a receita subiu, respectivamente 30% e 28% no último período, com vendas individuais de R$ 3 bilhões e R$ 145 milhões em 2017. O único senão fica por conta do recuo de -9% nas vendas de produtos para cabelo, que acumularam R$ 42 milhões um ano COSMÉTICOS MASCULINOSFragrâncias: consumo duplicado em cinco anos.A hora da vaidadeO Brasil é o segundo mercado mundial de produtos de cuidados pessoais para homens, um salão de beleza para frascos, bisnagas, potes e tampasSetembro/2018plásticos em revista7atrás. As previsões escanhoadas pela Euro-monitor apontam para avanço aproximado de 8% nas vendas de produtos para a pele masculina até 2021, de 7% para a categoria banho e 6% para fragrâncias.A pulsação do consumo medida pela Euromonitor entre 2012 e 2017 aparenta ig-norar a economia brasileira no acostamento desde o final de 2014. “Isso é explicado pelo vertiginoso crescimento do comércio eletrônico”, atribui Antonio Celso da Silva, diretor da Payot Cosméticos e da Asso-ciação Brasileira de Cosmetologia (ABC). “Nesse canal, o consumidor ainda enver-gonhado de comprar um cosmético não se expõe”. Uma prova, coloca o especialista, aflora ao se buscar o canal de vendas de lançamentos de linha masculina de peque-nas e médias fabricantes. “Percebemos que boa parte delas só atua na vitrine digital”.Aos poucos, nota Silva, o homem está deixando de usar o produto que a mulher lhe comprou para adquirir o seu, pois a in-dústria de higiene e beleza tem introduzido muitos artigos de cunho exclusivo para ele. “Com isso, a oferta de bons produtos munidos de excelentes embalagens é bem maior que há alguns anos”, ele acentua. “Para embalagens de produtos masculi-nos, o primeiro item a se considerar é a praticidade”, ele distingue. “Manuseio fácil aliado à beleza mais rude são o caminho do sucesso”. Silva exemplifica com um frasco fosqueado, com aparência de gelado. “Num cosmético feminino, o efeito fosco resulta leve e suave devido à ação química do ácido florídrico. “Num produto masculino, o processo de fosqueamento é físico, por jato de areia, configurando uma feição mais grosseira e áspera”.Silva atribui o giro paradisíaco dos produtos masculinos às classes A e B. “Confirmam os lançamentos a preços em regra fora do alcance do público menos abastado e, portanto, fora dos seus hábi-tos de consumo, não por desejo, mas por restrições financeiras”.Não é uma opinião consensual no ramo. “O consumo de produtos de cui-dados pessoais masculinos independe de classe social e reflete o metrossexual mais preocupado hoje com a aparência”, sustenta Andréia Bernabe, gerente de pro-dutos da marca Charming Men, da indústria cosmética Cless. “Tal como as mulheres, eles acabam priorizando itens de beleza na cesta de compras” A executiva fecha com Antonio Celso da Silva quanto ao poder de fogo do comércio eletrônico. “Outro motivo para a escalada das vendas é a era digital viabilizando aos homens comprar de forma prática e sem risco de constrangimento em público”. Também conta pontos, encaixa Andréia, o aumento de conhecimentos do consumidor a respeito de beleza pessoal, acendendo assim os desejos de determi-nados tipos de barba, cabelo, penteados, informações difundidas inclusive por vídeos tutoriais”. O perfil do usuário padrão da linha Charming Men endossa esta tendência. “São homens de 20 a 45 anos das classes A e B, interessadios em cuidados dos cabelos e barba, através de marca conceituada a custo acessível”, descreve Andréia. “O ticket médio de compras é de R$30,00”. O carro-chefe de Charming Men, elege a executiva, é a pomada modeladora extra forte efeito matte. “Sua impecável fixação confere um ar de naturalidade muito dese-jado pelos homens, mérito do efeito seco”, ela esclarece.Tratamento de pele: vendas devem aumentar 8% em três anos.Silva: manuseio fácil e beleza rude da embalagem são o caminho do sucesso.Zog: foco no público em busca de produtos bons, bonitos e baratos. Setembro/2018plásticos em revista8VISOREmbalagens de cunho específico para este público, deixa claro Andréia, fazem a diferença na hora do consumo. “Ao desen-volver uma embalagem para o mercado feminino, recorremos a muito brilho, cores e formas, mas se o alvo são os homens pra-ticidade é a palavra-chave e a comunicação deve ser bem didática, simples e direta”. Sejam frascos, bisnagas ou potes plásticos, as embalagens linha Charming Men, ilustra a executiva, apresentam cores neutras com predomínio do acabamento fosco. “Como os homens são mais receptivos a referên-cias visuais, as instruções de uso no verso da embalagem são descritas passo a passo com desenhos”.Centrado em cosméticos, o Grupo Rogemar possui a marca feminina Dote e a masculina Zog. “Nossas embalagens são inspiradas em personas construídas a partir de pesquisas mercadológicas”, esclarece Juliana Furtado, gerente de marketing da Dote. “Apesar de não ser uma regra, as embalagens mais alongadas, práticas e de cores fortes dominam as gôndolas mascu-linas, enquanto as miniaturas serão sempre mais chamosas aos olhos femininos”. O carro-chefe da Zog, pinça a executiva, é a linha de deocolônias e o público padrão é da classe C na faixa etária a partir de 18 anos. “São consumidores que valorizam preço e benefício, procuram o famoso BBB: Bom, Bonito e Barato”. Apesar do foco da Zog na faixa de baixa renda, Juliana opina que não é pela via do poder aquisitivo que se deve fundamentar a chegada do Brasil à vice-liderança global no consumo de produtos de cuidados pessoais masculinos. “A explosão desse mercado independe de classe social”, ela salienta. “O homem está cada vez mais vaidoso e propenso a valorizar o bem estar e a saúde”. Andréia Bernabe: metrossexual busca marca conceituada a custo acessível.COSMÉTICOS MASCULINOSCharming Men: cores neutras com acabamento fosco.A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALARA moda das barber shops confirma os homens dispostos a cuidar da aparên-cia no mesmo nível das mulheres. Em contraste, um canal da educação e cultu-ra, o setor editorial, verga sob prejuízos e fechamento de empresas. Como vê esse interesse muito maior pela beleza física que pela beleza interior?Antonio Celso da Silva – Payot Cosméticos e Associação Brasileira de Cos-metologia: “O mundo esta cada vez mais voltado para o hoje, para o agora. Beleza exterior se consegue num piscar de olhos com a compra desses maravilhosos produtos de cuidados pessoais, aliada ao conforto, descontração e bem estar das barber shops. Infelizmente, a beleza interior está ficando para o segundo plano, até porque frequentar barber shops é um alimento indireto para a alma e, assim, ajuda no fundo o homem a construir sua beleza interior”. Juliana Furtado – Dote: “Não acredito em desinteresse da população em cuidar da beleza interior. A forma de buscar informação intelectual mudou. Com os avanços tecnológica, é evidente a evolução na forma de estudar, comunicar e até mesmo de buscar a maturidade espiritual”.Andréia Bernabe – Charming Men: “Observamos pelos movimentos sociais que os consumidores estão preocupados tanto com a beleza física quanto com a interior. O fechamento de editoras e livrarias deve ser atribuído à migração do público para conteúdos digitais, como instagram, facebook, e-books etc”. Next >