POLIETILENO Há 60 anos partia a primeira fábrica da resina que mudou o BrasilPEÇAS INDUSTRIAISImpressão 3D deve deixar usinagem de plásticos em saia justaMaio 2018 Nº 64756ANOS/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistawww.plasticosemrevista.com.brUM MERCADO DE ESTIMAÇÃO PARA EMBALAGENS FLEXÍVEISPET FOODMaio/2018plásticos em revista3Passagem sem escapatória para quem já levou a criançada aos Estados Unidos, a Toys ‘R’ Us, rede líder mundial na venda de brinquedos, com receita de US$ 6,8 bilhões em 2017, vergou os joelhos sob recuperação judicial pedida no ano passado e comunicou à praça o fechamento de suas 735 lojas norte-americanas. Um efeito dominó da quebra da empresa aos 61 anos de ativa e cuja vitrine mundial era a filial nova-iorquina na Broadway, também chamada de brinquedolândia, foi sentido de bate pronto num nervo da transformação de plástico, a indústria de rotomoldagem. Seja em receita ou manutenção de milhares de postos de trabalho, o impacto com a perda do principal canal de vendas para brinquedos rotomoldados, a exemplo de veículos, réplicas de grande porte de casas e cozinhas ou gangorras e escorregas, foi tamanho que um grupo acionista da Little Tikes, listada a quarta rotomoldadora dos EUA, chegou a cogitar a compra de algumas lojas da Toys ‘R’ Us. “É impossível ocultar a magnitude desse baque para os nossos fornecedores”, declarou à mídia Tom Murdough, CEO de outro peso pesado dos brinquedos a rotomoldados, a Simplay 3. “O consumo de resinas pelo setor, bastante condicionado pelo volume programado de vendas, é uma das muitas áreas afetadas e esperamos que a situação seja superada em breve pela indústria”. Brinquedos rotomoldados são um cisco no mapa da rotomoldagem no Brasil, cujo carro chefe, a caixa d’água, retrata a infraestrutura do país lar-gada ao deus dará. Ainda assim, o fim de linha para a Toys ‘R’ Us acende um alerta para a cadeia plástica nacional. O carrasco da rede norte-americana é, claro, a internet, mas não é por causa disso que se deve enfiar o caso dela no saco de gatos dos negócios do varejo tradicional despachados pela web. Por exemplo, a californiana Tower Records, no passado a maior vendedora mundial de LPs e CDs, faliu devido aos serviços de streaming de música. Ou seja, os produtos que ela oferecia foram as causas primordiais de sua morte. Já no caso da Toys ‘R’ Us, seu tubo de oxigênio foi cortado pelos custos e mostruário imbatíveis do comércio eletrônico, Amazon à frente.No Brasil, embora esse tipo de informação sobre a revolução digital circule a torto e a direito e volta e meia se noticie o surgimento de startups, seu significado ainda tem muito chão pela frente para ser assimilado por completo. Na reportagem de capa deste número, sobre o mercado de pet food e seus laminados, foi trazida à baila uma questão de se engolir em seco: qual o futuro dos canais de vendas físicas e seus respingos sobre as embalagens de rações? A pergunta é extensiva a qualquer produto de primeira necessidade de reposição programada.O xis da questão é a nova geração de consumidores, de notória preferência pelas compras pelo e-commerce, um ambiente sem prateleiras e atendentes e no qual empalidece a necessidade de se despertar a compra por impulso através de ferramentas como onerosas pirotecnias estéticas na embalagem. Pode ser um assunto indigesto para um convertedor que alardeia dispor de impressora de 10 cores, para quem oferece uma resina ou aditivo de maior brilho ou fosquidão, ou para uma indústria de produtos finais que cresce há décadas sem mexer no seu jeito de ser e vender, como ilustra aliás a resistência a mudanças revelada na matéria sobre pet food por vários entrevistados. Só que não adianta dar as costas para o futuro cada vez mais presente. Aí está a Toys ‘R’ Us para lembrar que não se brinca com fogo. •Barbas de molho O novo sempre vem e aumentam os avisos para os mercados não serem apanhados de surpresaLoja da Toys ’R” fechada em Nova York. 40 3 Questões MAURO DE SOUZA PARAÍSO, da SAE-Brasil, comenta a especificação de plásticos nas montadoras42 Esportes TRANSFORMAÇÃOAdivinhe quem é o novo sócio da FioreAbril/2018Nº 647 - Ano 56DiretoresBeatriz de Mello HelmanHélio HelmanREDAÇÃODiretorHélio Helmaneditor@plasticosemrevista.com.brDireção de ArteSamuel Felixproducao@plasticosemrevista.com.brADMINISTRAÇÃODiretoraBeatriz de Mello Helman beatriz.helman@definicao.com.brPublicidadeMônica Dieguesmonica@plasticosemrevista.com.brSergio Antonio da Silva sergio@plasticosemrevista.com.brInternational SalesMultimedia, Inc. (USA)Tel.: +1-407-903-5000Fax: +1-407-363-9809U.S. Toll Free: 1-800-985-8588e-mail: info@multimediausa.comAssinaturasKeli OyanAssinatura anual R$ 110,00Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda.CNPJ 60.893.617/0001-05Redação, administração e publicidadeRua Sergipe 305 - casa 05São Paulo - SP - CEP 01243-001Telefax: 3666-8301e-mail: definicao@definicao.com.brwww.plasticosemrevista.com.brAs opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista.Reprodução permitida desde que citada a fonteCTP e impressãoMAISTYPECapaSamuel Felix Keli OyanFoto da CapaShutterstockDispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial - Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90Circulação: Junho/2018SUMÁRIOCORREÇÃONa reportagem sobre eletroeletrônicos (Visor – “Na torcida pela virada”) publicada na edição 646 foram publicados incorretamente o nome do Diretor da Colortech da Amazônia, Dival Rebelatto Jr., e o tipo de máquina adquirida pela empresa: são extrusoras de masters e não injetoras, como foi divulgado.06 Visor PEÇAS TÉCNICASImpressão 3D já morde os calcanhares da usinagem10 Oportunidades PORT ROLLA escalada de um sistema inovador de transporte de bobinas12 Sensor MARCOS CURTIDiretor da Solvay comenta o turbilhão de perspectivas para plásticos de engenharia14 JEFFERSON GARBELOTTIExecutivo assume o negócio de materiais nobres da distribuidora Activas32 História POLIETILENOO saldo positivo de 60 anos de produção nacional da resina16 Especial/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistaPOLIETILENO Há 60 anos partia a primeira fábrica da resina que mudou o BrasilPEÇAS INDUSTRIAISImpressão 3D deve deixar usinagem de plásticos em saia justaMaio 2018 Nº 64756ANOS/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistawww.plasticosemrevista.com.brUM MERCADO DE ESTIMAÇÃO PARA EMBALAGENS FLEXÍVEISPET FOODMaio/2018plásticos em revista6PROCESSOSVISORDa baquelite naquele negro tele-fone fixo ao filme de celulóide nas máquinas fotográficas, a fila de materiais e apli-cações ceifados pelo andar da tecnologia é ativo fixo da saga do plástico. A história promete repetir-se sob o advento em curso da Quarta Revolução Industrial, identificada por si-mulações virtuais, inteligência artificial, realidade aumentada e impressão 3D. Sob a veloci-dade atordoante de dois rolos compressores – globalização e digitalização –, despontam agora como fortíssimos candidatos a engrossar a turma de aposentados plásticos as peças técnicas usinadas e, nas suas pegadas, o hardware de sua produção – desde os tarugos, chapas e tubos às máquinas--ferramentas. A contagem regressiva foi aberta pela popularização relâmpago da manufatura aditiva entre indústrias que antes compravam componentes usinados para sua operação fabril. “A tendência é diminuir cada vez mais a usinagem de peças especiais porque a impressão 3D por sinterização a laser é mais rápida, tem custos melhores, não gera desperdício de matéria-prima e o equipamento está cada vez mais acessível”, sustenta Marcio Marques, ge-rente de produto para buchas e mancais autolubrificantes da base no Brasil da igus, bússola alemã em peças técnicas de plástico e soluções industriais. Materiais sem outro pro-cesso de moldagem exceto a tradicional usinagem estão pela bola 7, antevê o executivo. “O processo caminha para acabar”, assevera Marques. “Hoje em dia, são pouquíssimos os taru-gos poliméricos de resistência superior à dos filamentos para impressão 3D. As usinagens tendem a permanecer apenas em aplicações bem severas e não atendidas pelos filamentos. Além do mais, o alto custo dos centros de usinagem contribui para a preferência pela impressão 3D”. A igus espelha essa revolução com uma peça técnica de geometria complexa e cuja manufatura, pela via da usinagem, consome em regra semanas: a engrenagem dupla. O quadro inspirou a empresa a lan-çar um configurador on-line de engrena-gens destinadas à impressão 3D e obtidas de filamentos de iglidur 16, especialidade plástica em pó criada pela igus. Sem tra-balho manual, a operação se completa em segundos; basta o projetista selecionar o módulo apropriado de engrenagem, defi-nir o número de dentes e a transmissão do torque, a exemplo de um quadrado perfurado ou um buraco achatado ou com chaveta. Marques resume em três passos o funcionamento dessa pá de cal na usinagem. “Entre com as dimensões no configurador e exporte o modelo STEP. Após baixá-lo no serviço on-line de impressão, selecione o material iglidur 16 e informe a quantidade. Use a engrenagem impressa imediatamente”. Na mesma trilha, a igus dimen-siona a rentabilidade da impressão 3D no Aberta a contagem regressivaMarques: usinagem na reta da aposentadoria.Carniel: usinagem não sai de cena tão cedo.Impressão 3D encurrala usinagem em peças técnicasMaio/2018plásticos em revista7fornecimento de pequenas engrenagens. Com base num lote de 100 unidades, o modelo em iglodur 16 com diâmetro de 12 mm e profundidade de 16 mm tem custo individual de R$ 30,00 versus R$ 45,00 do similar usinado. Além do mais, salienta teste laboratorial da empresa, uma engre-nagem de iglodur 16 não acusa desgaste após um milhão de ciclos a 5N/m de torque e 12 rpm, enquanto um contratipo usinado com poliacetal (POM) revela vida útil três vezes menor – deteriorações severas são notadas após 321.000 ciclos.“A impressão 3D industrial propor-ciona peças de produção antes impossi-bilitada pelas tecnologias existentes, com novas opções para o planejamento, projeto e construção dos componentes”, constata Rodrigo Maldonado, supervisor de vendas da divisão de plásticos de engenharia da subsidiária brasileira da alemã Röchling, turbo global em materiais nobres e semi--acabados (chapas, perfis, tubos etc) para usinagem e agora com braço estendido na manufatura aditiva.A Röchling já acumula perto de cinco anos de coexistência com processos de fabricação de camadas superpostas com os quais peças tridimensionais podem ser geradas numa única etapa. Maldona-do esclarece que a empresa é adepta da tecnologia de sinterização a laser (SLS), pela qual estruturas 3D podem ser obtidas a partir de materiais em pó à base de poliamida 12 – mérito da sua alta resistência mecânica, química e à abrasão – e submetidos a este tipo de radiação eletromag-nética. Desse modo, ele amarra, pequenos lotes e protótipos de peças técnicas são entregues com rapidez pela rota SLS, dispensando as demoradas fases de perfuração, fresa-mento, torneamento e serração integrantes da usinagem CNC. “Estamos oferecendo protótipos prontos para testes pré-série e a produção de pe-quenas quantidades de peças complexas em nosso centro especializado em impressão 3D”, acena Maldonado.Único transformador na-cional de peças usinadas a topar falar a Plásticos em Revista, Luiz Alencar Carniel, presidente da gaúcha Nova Plásticos não pressente declínio da demanda em seu segmento. “Estou no ramo desde 1980 e presencio desde então a ocupação gradual e em pequenas partes do plástico usinado no tradicional mercado do metal”, ele considera. “O nicho das peças de alta qualidade, usinadas com plásticos técnicos, de tolerâncias mínimas e acaba-mento bem elaborado tende a permanecer”. No arremate, Carniel afirma que utilizar a impressão 3D ou aderir à alternativa de revender insumos, em regra importados, para este processo não estão em cogitação. “A usinagem continuará existindo e crescendo com o amplo uso de diver-sas resinas”, julga diplomático Marcos Curti, diretor responsável pelo negócio de plásticos de engenharia da Solvay no continente americano. “Entretanto, a usi-nagem tem limites de design que a impedem de atingir as características das peças em 3D, cuja impressão simplifica a manufatura de peças estrutu-ralmente complexas. No curto prazo, porém, a usinagem pros-seguirá como um acelerador de desenvolvimentos, com lugar na produção em pequena escala de peças técnicas”. Na Europa, a Solvay já escanteou a alternativa da usinagem imprimindo peças igus: configurador de engrenagens impressas em 3D.Maldonado: impressão SLS dispensa perfuração, fresamento, torneamento e serração da peça técnica.Peças técnicas: Röchling fornece PA 12 para sinterização seletiva a laser. Maio/2018plásticos em revista8PROCESSOSVISORde reposição para suas plantas locais e há anos manda ver na vitrine dos materiais para filamentos 3D com sua linha de PA 6 em pó Sinterline Technyl, desenhada para o processo SLS.Jane Campos, CEO da subsidiária brasileira da Radici Plastics, tinto nobre italiano em poliamidas, não refoga sua percepção em fogo brando. “O custo do filamento ainda é elevado perante o produto extrusado para usinagem, mas sua redução é uma questão de tempo”, ela antevê. “Em geral, peças usinadas em polímeros são grandes ou de baixas ti-ragens, não justificando a confecção de moldes. Na impressão, entretando, não ocorre a significativa perda de produto verificada na usinagem”. Por tabela, ela já capta na praça um clima de preparativos para o adeus à usinagem. “Com o avanço célere da impressão 3D, imagino que, em breve, teremos condições de imprimir peças em nossas empresas e residências. O preço das máquinas já é relativamente baixo e poderemos comprar projetos e simplesmente imprimí-los”. Jane enxergou essa reviravolta em pleno esplendor na montagem em maio da feira do plástico norte-americano NPE. “Anos atrás, a pro-totipagem concentrava o uso da impressão 3D e havia poucas opções de polímeros de enge-nharia para o processo e agora a variedade de grades aumenta com rapidez, assim como a oferta de peças funcio-nais impressas”.É um terreno mi-nado para polietileno de alta densidade e ul-tra alto peso molecular (PEADUAPM), pois moldável por ora apenas pela usinagem, posta em sinuca de bico pela impressão 3D. Entre seus maiores produtores mundiais, a Celanese negou entrevista, mas Christopher Glee, diretor global de UTEC, marca do polímero poliolefínico da Braskem, deu sua avaliação do quadro. “Con-ceitualmente, a impressão 3D de peças de PEADUAM aparenta grande potencial, uma vez que poderia contribuir para diminuir custos ao longo da cadeia de valor”, ele expõe. “No entanto, trata-se de um polímero que derrete mas não flui, caracte-rística que traduz desafio relevante para os processos de impressão 3D”. A depender do projeto, a impressão 3D pode ser de 20% a 60% mais rápida que o processo de usinagem, dimensiona Tiago Ferraz de Barros, gerente de marke-ting para a América Latina da 3D Systems, ponta de lança dos EUA em impressoras. “A usinagem não se presta a produção de peças muito complexas e apenas a impres-são 3D corresponde à qualidade em vista”, assinala o executivo. “A liberdade de poder mudar ou corrigir um projeto e ter as peças em mãos em questão de horas faz toda a diferença em prol da impressão 3D e é a tendência real em peças técnicas”. Ao contrário da usinagem, ela é um processo aditivo, ou seja, o objeto é construído a partir do uso sem desperdício da sua matéria-prima e, por extensão, de custo”. Justo pela aptidão para atender a uma ampla gama de tipos de projetos e geometrias e por trabalhar com materiais à base de poliamida, resistentes e de boa resolução, Barros recomenda para peças técnicas a impressora ProX SLS 6100. “Por meio da impressão 3D, esta-mos saindo de uma manufatura à base de tecnologias ultrapassadas para um modelo mais eficiente, rápido e de custo final me-nor”, percebe Barros. Entre as rotas para a impressão, ele distingue a tecnologia SLS. “Permite grande variedade de capacidades e dispõem de materiais resistentes à torção, Solvay: impressão 3D de componentes com PA em pó.Jane Campos: leque crescente de materiais para impressão 3D.UTEC: propriedades dificultam desempenho na impressão 3D.Maio/2018plásticos em revista9temperatura e alongamento com resolução muito boa”. Além do portfólio de impres-soras, ele encaixa, a 3D Systems assedia o mercado brasileiro para manufatura aditiva pelo flanco dos serviços. “Dispomos de um site (www.imprima3dcom.br) onde oferecemos a produ-ção de qualquer projeto”, ele explica. “Com o arquivo 3D em mãos, basta enviá-lo ao portal, escolher a tecnologia e material desejados e nós imprimimos e entregamos a peça ao cliente”. Em paralelo à redução de custos e tempo de pro-dução, a impressão 3D de peças técnicas morde cada vez mais os calcanhares da usinagem, entre outros processos dependentes de fer-ramental caro, via conveniências como confidencialidade, logística, flexibilidade e liberdade no processo, descortina Anderson Soares, gerente territorial para o Brasil da norte-americana Stratasys, show de bola em impressoras 3D para uso profissional. Um confronto a rigor entre a competividade da usinagem e a da impressão 3D, pondera Soares, deve considerar as peculiaridades do processo, aplicação e exigências do clien-te, condições que, óbvio,variam bastante de caso a caso. “Nas circunstâncias em que conse-guimos comprovar a eficiência da manufatura aditiva em em-presas usuárias dessa tecno-logia, aferimos reduções de 10% a 90% em custos e 40% a 70% no cronograma da produção”, situa o especialista, reco-mendando para deslocar a usinagem de peças técnicas as suas impressoras FDM, de alta precisão e repetitibilidade, e os mo-delos Polyjet para produtos que requeiram exatidão na manufatura e acabamento em graus extremos. •Impressora ProX SLS 6100: adequação a diversos tipos e geometrias de peças complexas. Soares: confidencialidade, logística e flexibilidade para os projetos 3D. Next >