BRASKEM Presidente Fernando Musa comenta tendências econômicas e ambientais na petroquímicaELETROELETRÔNICOSViés de alta para peças injetadas tira materiais de engenharia da calmariaAbril 2018 Nº 64656ANOS/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revistawww.plasticosemrevista.com.brEVOLUÇÃO DA PLASTICULTURA ENFRENTA DESINFORMAÇÃO E BAIXO CONSUMO BRASILEIRO DE HORTIFRÚTISO MERCADO AINDA ESTÁ VERDEAGROFILMESAbril/2018plásticos em revista3Inconformada com a cacetada recebida em reportagem publicada contra os canudos plásticos, na qual nenhuma das informações que prestou foi aproveitada, uma representação da indústria conseguiu reunião ao vivo com o editor chefe de uma revista semanal de expressão nacional. Mal a conversa enveredou pela reciclabilidade dos canudos, os porta-vozes dos transformadores ouviram do jornalista que não interessava o que eles tinham a dizer. Ali na revista, ele frisou, quem definia o que era reciclagem e reciclado era a Redação e mais ninguém. “O mundo está em guerra com os plásticos”. Foi esta a abertura escolhida para matéria recente de um jornalão sobre uma obviedade: o descarte do material aumentou dos anos 80 para cá. Ora, até roqueiros sacam nisso um efeito lógico do aumento da população, da produção de resinas e transformados, das mudanças nos hábitos de consumo e, para não alongar o argumento, da substituição de outros materiais por plástico em artefatos não retornáveis/reutilizáveis, por conveniência de custos e de performance. Seja como for, evidencia aquela frase inicial, o clima é de ira contra o plástico e, por mais que o setor se esfalfe em bem comportadas catequeses da sociedade sobre a reciclabilidade do material e sua contribuição para a qualidade de vida, através de ações como campanhas institucionais e escolares, apresentações para a im-prensa ou programas para desenvolver mais oportunidades de uso para o plástico reciclado, o fato é que esta mensagem entra por um ouvido da opinião pública e sai pelo outro, pois a imagem do descarte plástico como vilão ambiental virou dogma na grande imprensa. E se sectarismo e preconceito estão do outro lado da mesa, questionar ou chamar este tipo de interlocutor para o debate é dar murro em ponta de faca.Nos tempos da imprensa pré-internet, prevalecia a posição da turma do deixa disso. Ou seja, se o plástico levava ferro numa matéria, seu empresariado julgava no geral melhor deixar barato, não apontar o besteirol publicado aos editores, sob temor de revide mais à frente, por outro motivo qualquer, daquela revista ou jornal impresso provado pela reclamação como despreparado. Se o erro cometido fosse dema-siado incômodo, os porta-vozes do plástico em regra solicitavam da publicação, cheios de dedos e curvaturas, uma nota de retificação que, se concedida, era espertamente noticiada com concisão ao pé de uma página vários dias depois, quando o assunto já caíra na desmemória dos leitores. Em casos extremos, a parte prejudicada apelava na Justiça pelo direito de resposta. Se deferido, só se saberia cerca de um ano depois, após salgados honorários advocatícios e infinda sucessão de recursos protelatórios, embargos, apelações, pedidos de vista e demais matreirices jurisprudenciais.Acontece que tudo isso é página virada e o setor plástico tem muito a ganhar se acertar o passo com a nova realidade. Em lugar de suplicar pela correção de uma improcedente informação publicada a um órgão de imprensa adepto do hoje dominante viés ecoxiita em relação ao material, as representações do plástico têm nas mídias sociais um canal barato e rápido para veicular seu repúdio ao que foi noticiado, sem ter de se ajoelhar para expor seu ponto de vista ao veículo causa-dor do dano à imagem do material. Basta expor em vídeo no YouTube, facebook e tantos outros megafones do mundaréu virtual a mensagem direto ao ponto, neste feitio básico: “em sua edição nº tal do dia tal, o jornal, revista ou programa de TV errou ao afirmar isso e aquilo sobre o plástico. As informações corretas são estas que passamos a dar aqui”. Não só a publicação contestada prestará atenção ao conteúdo digital que a desmente, como a réplica da indústria terá mega ibope e ocorrerá com a notícia prejudicial ainda fresca na mente do público. Por fim, para as representações do plástico, seria uma forma de mostrar a seus filiados que não estão alheias aos abusos e farpas. Cala a boca já morreu.• Chega de apanhar caladoEDITORIALO setor plástico tem agora um punhado de megafones para não engolir desaforo Abril/2018Nº 646 - Ano 56DiretoresBeatriz de Mello HelmanHélio HelmanREDAÇÃODiretorHélio Helmaneditor@plasticosemrevista.com.brDireção de ArteSamuel Felixproducao@plasticosemrevista.com.brADMINISTRAÇÃODiretoraBeatriz de Mello Helman beatriz.helman@definicao.com.brPublicidadeMônica Dieguesmonica@plasticosemrevista.com.brSergio Antonio da Silva sergio@plasticosemrevista.com.brInternational SalesMultimedia, Inc. (USA)Tel.: +1-407-903-5000Fax: +1-407-363-9809U.S. Toll Free: 1-800-985-8588e-mail: info@multimediausa.comAssinaturasKeli OyanAssinatura anual R$ 110,00Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda.CNPJ 60.893.617/0001-05Redação, administração e publicidadeRua Sergipe 305 - casa 05São Paulo - SP - CEP 01243-001Telefax: 3666-8301e-mail: definicao@definicao.com.brwww.plasticosemrevista.com.brAs opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista.Reprodução permitida desde que citada a fonteCTP e impressãoMAISTYPECapaSamuel FelixFoto da CapaShutterstockDispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial - Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90Circulação: Maio/2018SUMÁRIO/plasticosemrevista/RevistaPlastico/plasticos-em-revista06 Visor ELETROELETRÔNICOSCopa do Mundo e a esperança de crédito acessível eletrizam os plásticos de engenharia 14 Gestão CANGURUO saldo positivo de dois anos de rearranjo na convertedora catarinense 16 Sensor FERNANDO MUSAPresidente da Braskem comenta a agitada conjuntura da petroquímica mundial38 3 Questões JOSÉ RICARDO RORIZ COELHOPresidente da Abiplast avalia desafios econômicos e ambientiais à frente da indústria de transformação41 Sustentabilidade PAUL HODGESBlogueiro do portal Icis expõe as pressões para petroquímicas reposicionarem seus negócios 42 Trajetória MINEMATSU30 anos de evolução e resistência no octógonoda produção de extrusoras blown 20 EspecialBRASKEM Presidente Fernando Musa comenta tendências econômicas e ambientais na petroquímicaELETROELETRÔNICOSViés de alta para peças injetadas tira materiais de engenharia da calmariaAbril 2018 Nº 64656ANOSEVOLUÇÃO DA PLASTICULTURA ENFRENTA DESINFORMAÇÃO E BAIXO CONSUMO BRASILEIRO DE HORTIFRÚTISO MERCADO AINDA ESTÁ VERDEAGROFILMESAbril/2018plásticos em revista6ELETROELETRÔNICOSVISORInflação nanica, retomada esboçada desde o quarto trimestre de 2017 e o clássico otimismo unânime nas previsões de ano novo injetaram sangue bom num altar da devoção dos plásticos de engenharia: a indústria de eletroeletrônicos, egressa da recessão com segmentos combalidos como as linhas branca e marrom, que fecharam o último balanço com faturamento abaixo do de 2013. O pensamento positivo para 2018 ainda impera no setor, mas sua resistência já é testada desde o primeiro trimestre, pela revisão para baixo da projeção original de avanço de 3% do PIB e pelo entupimento no tubo de oxigênio do comércio de bens duráveis: as linhas de financiamento. Em declínio desde o final de 2016, a taxa Selic hoje é de 6,5%, o menor índice desde sua criação, enquanto os bancos cobram, em média, mais de 330% ao ano do tomador de crédito.O retrospecto da indústria eletroele-trônica anima seu anseio de voar alto. Na lupa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua produção cresceu 6% em 2017, reação ao recuo de -10% em 2016 e o mérito cabe, em especial, ao desempenho dos segmento de informática e telecom, ambos bafejados pela liberação de contas inativas do FGTS em clima de inflação domada. Varreduras setoriais retratam assim os principais mercados em 2017 desses redutos: desktops, 1.237 milhões de unidades vendidas; notebooks, 3.450 milhões; ta-blets, 3.794 milhões e celulares, 47.701 milhões.Radiografia da consultoria GFK fatia o mercado geral de bens duráveis, visto em reati-vação desde junho de 2016, em cinco categorias: linha marrom, branca, portáteis, telefonia e informática. Elas somaram faturamento de R$100,7 bilhões em 2017, cifra 11% acima das vendas de 2016 e do saldo de R$ 89,3 milhões em 2013. Outra variável agridoce flagrada pela consultoria: as vendas de eletrodo-mésticos para cozinha mantêm viés de alta, pois a população está comendo mais em casa. Sinal de poder aquisitivo restrito e relutância em assumir compromissos financeiros num cenário com 13,7 milhões de desempregados e o menor número (32,9 milhões) de trabalhadores com carteira assinada desde 2012.Apesar da incerteza no ar, a Associa-ção Brasileira da Indústria Elétrica e Eletro-eletrônica (Abinee) mantém de pé sua previsão para este ano: produção e faturamento (R$136 bilhões em 2017) devem crescer na faixa de 7%, com ocupação da ordem de 80% da capaci-dade instalada. As vendas da categoria telecom, distingue a entidade, tendem a aumentar 7% este ano (+ 8% em 2017); 6% nas de informática (+10% em 2017) e 12%, mesmo grau de expansão obtido em 2017, no movimen-to de utensílios domésticos.O salto de dois dígitos previstos para a categoria de utensílios domésticos traduz um voto de confiança na procura por um produto específico. Até em Brasília se Na torcida pela viradaKiçula: mercado de TV muda de patamar a cada 4 anos.Apesar dos juros bancários e incerteza política, a indústria eletroeletrônica confia em tela quente este ano. Para alegria dos plásticos de engenharia.Abril/2018plásticos em revista7TUTIPLAST: A DEMANDA REPRIMIDA COMEÇA A REAGIRCom faturamento da ordem de R$ 90 milhões e 83 injetoras, a Tutiplast firmou--se em 24 anos de ativa, sob a regência do fundador Cláudio Antonio Barrella, como dínamo em peças in-jetadas do Polo Industrial de Manaus, maior reduto no país do setor eletroeletrônico. Eleito empresário do ano (2018) pela Federação de Indústrias do Estado do Amazonas e presidente do Sindicato das Indús-trias de Material Plástico de Manaus, Barrella comenta nesta entrevista os sinais de moderada recuperação na indústria eletroeletrônica, mal refeita de cerca de três anos de demanda engessada pela crise. PR – Quais os setores de eletroeletrônicos que mostram com mais intensidade a recuperação de suas vendas, através da sua demanda de peças técnicas para a transformação no polo de Manaus e, em particular, para a Tutiplast?Barrella – O setor de eletroeletrônicos que demonstrou maior intensidade de recuperação de vendas foi o setor de Power que fabricamos aqui para smartphones. Também tivemos um impulso muito grande na esfera de máquinas de cartões de crédito. Esses dois segmentos foram os que mais impeliram o mercado de transformação e, em particular, a Tuti-plas. No mais, observo que a demanda por componentes para condicionadores de ar está crescendo em nível bem razoável.PR – Como avalia a produção e vendas dos transforma-dores de peças técnicas do polo de Manaus em 2017 versus 2016 e quais as expectativas para este ano?Barrella – Em 2017, a produção e vendas de peças trans-formadas superou 2016 em torno de 10%, e minha perspectiva para este ano é de subida no mesmo patamar. Afinal, o histórico assinala que, em períodos como atual, ocorre aumento de produ-tividade e volume de produção por ser ano de Copa do Mundo e de eleições Como convivemos com demanda reprimida em 2016, a retomada iniciada em 2017 tem nos proporcionado esse crescimento. Calculo que houve um aumento de 10% em 2017 e teremos em 2018 um nível similar ou até maior de expansão, a depender do cenário político.PR – Quais os investimentos em máquinas, periféricos e infra de desenvolvimentos realizados para a Tutiplast des-frutar, a partir deste ano, a melhora da demanda de peças injetadas para eletroeletrônicos? Barrella – Temos investido muito forte em máquinas e equipamentos auxiliares. Adquirimos injetoras elétricas, visan-do economia de energia e ganho de produtividade. Também estamos padronizando alguns periféricos, para facilitar a parte de operação e manutenção. Recursos também seguem para a infraestrutura, automação e capacitação de pessoal. Hoje em dia, a Tutiplast produz cerca de 700 t/mês de peças técnicas.PR – Qual a peça injetada mais vendida por sua empresa este ano para a indústria eletroeletrônica?Barrella – São os componentes de máquinas de cartão de crédito, por tratar-se de um mercado que se moderniza e temos aqui em Manaus uma empresa altamente técnica e eficiente que está impulsionando essa tendência. Graças a Deus, nós a temos como parceiros.PR – É consenso entre representações de eletroeletrôni-cos que as vendas de TV crescerão de forma exponencial este ano, estimuladas pela Copa na Rússia e pelo desligamento do sinal analógico em 1.300 municípios. Em contraponto, o consumidor ainda inclina-se por refrear compras pelo cartão de crédito sob juros bancários altíssimos e retomada morna da economia. Como avalia as condições reais para produção e vendas de TVs este ano?Barrella – Há uma demanda reprimida. Nesses últimos dois anos caiu bastante o nível de consumo, mas eu acredito que não vá subir com intensidade anormal, digamos na faixa de 40%, certo? Acho que pode chegar no máximo a cerca de 25% no aumento da produção. Pode até ser que chegue a 40%, mas isso não significa que as vendas vão aumentar no mesmo ritmo, porque o nível de competição é muito grande. Todas as empresas, portanto, vão querer rodar com a máxima capacidade possível para vender, mas isso não quer dizer que o mercado vá adquirir todos os televisores produzidos.Barrella: polo de Manaus deve reprisar crescimento de 2017.Abril/2018plásticos em revista8ELETROELETRÔNICOSVISORPAM PLÁSTICOS: CAUTELA COM CENÁRIO VOLÁTILAs marcas LG, Sam-sung, Fujitsu e Whirlpool exprimem, por si mesmas, o reconhecimento ao grau de perfeição alcançado pela PAM Plásticos na injeção de peças técnicas para joias da coroa do Polo Industrial de Manaus. Com gabinetes para TVs e monitores na linha de frente do portfólio e investimos contínuos na produção e gestão, Luiz Antonio Pastore, presidente dessa transformadora com 36 anos de estrada, apalpa com prudência nesta entrevista as perspectivas de fornecimento de componentes para eletroeletrônicos até dezembro. PR – É consenso entre representações de eletroeletrôni-cos que as vendas de TV crescerão de forma exponencial este ano, estimuladas pela Copa na Rússia e pelo desligamento do sinal analógico em 1.300 municípios. Em contraponto, o consumidor ainda inclina-se por refrear compras pelo cartão de crédito sob juros bancários altíssimos e retomada morna da economia. Como avalia as condições reais para produção e vendas de TVs este ano?Pastore – Minha expectativa inicial era de um aumento, conservador, de 20%, na produção anual dos aparelhos. Não quero dizer que a venda acompanhe este número, desconheço os estoques do varejo. Devido aos acontecimentos políticos no começo do ano, mais as incertezas por vir, estamos tra-balhando com um numero parecido com 2017. O dólar atual indica a grande volatilidade que enfrentaremos até dezembro. Em consequência, não se tem visão firme para sustentar afirmações de que a recessão acabou.PR – Quais os investimentos da PAM para melhor atender a demanda de peças para TVs em Manaus este ano?Pastore – Sempre mantemos uma renovação mínima do parque de injeção, hoje com 60 equipamentos hidráu-licos de 40 a 2.100 toneladas, dos quais 40 com força de fechamento acima de 800 toneladas. Ano passado recebemos sete máquinas da Haitian, três delas de 1.500 toneladas e quatro de 350 toneladas. São linhas equipadas com robôs da Witmann Battenfeld. Em outras áreas investimos muito na monitorização de processos, MRP corporativo (planejamento computacional de suprimento de materiais, produtividade das máquinas, RH e recursos financeiros), novos servidores, infraestrutura e pessoal em geral. Há bom tempo contamos com recursos de automação onde é possível na linha de produção. Robôs nas injetoras, dispositivos de montagem em célula e todos os periféricos necessários para secagem, controle de câmara quente e sequencial de injeção de até 72 zonas. Sempre integrando a operação a um sistema supervisório (captura por sensores de dados do processo para armazenagem em banco de dados), mirando o conceito da fábrica 4.0. Todas as utilidades da planta (energia, águas industrial e gelada, vapor, ar comprimido) são controladas por este mesmo sistema e todas as máquinas são monitoradas 24 horas por câmeras de vídeo.PR – Como avalia suas vendas de peças técnicas ao polo de Manaus em 2017 versus 2016 e quais as expectativas para este ano? Pastore – Tivemos um crescimento de 20% no ano passado sobre 2016, um período muito ruim. O aumento de pedidos não faz parte do planejamento da PAM para este ano. Estamos trabalhando com os números de 2017, sem consi-derar uma recuperação. Mas, se ela vier, estamos preparados.PR – Qual peça injetada tende a ser a mais vendida pela PAM para eletroeletrônicos este ano?Pastore – A produção é muito variada, temos mais de 250 produtos no mix. Em materiais, poliestireno (PS) domina a produção, incide em torno de 40% do nosso consumo. Em seguida, vem o copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS). Fornecemos, por exemplo peças finas de policarbonato (PC)/ABS com fibra de vidro, peças de PS, ABS e polipropileno (PP) para ar condicionado, peças traseiras de TV em ABS e PS. Uma referência de peça super leve e fina entregue pela PAM é o frontal de TVs LED, pesando em média 100 gramas e cujos moldes, a depender das polegadas do modelo de televisor, requerem injetoras de 1.000 a 2.100 toneladas.Pastore: dúvidas sobre o fim da recessão.Abril/2018plásticos em revista9sabe que a venda de TV não só aumenta em ano de Copa como o torneio inverte a sazonalidade tradicional nesse comércio, com o grosso do movimento realizado até o pontapé inicial em 14 de junho e botando a metade final do ano em se-gundo plano, mesmo com Black Friday e Natal. No tarô da consultoria GFK, as vendas de televisores devem engordar 22% no período atual e, desse indicador, oito pontos percentuais são atribuídos à Copa na Rússia. No ano passado, crava a consultoria, foram faturados no país em torno de 10,4 milhões de aparelhos ou 25% acima da receita de 2016. É patente a tendência por televisores de telas maiores, de melhor definição e, nas pegadas dos smartphones, conectados à internet, redes sociais e aplicativos de streaming. Outro estímulo às compras de TV digital virá do desligamento do sinal analógico no país este ano. A incidência de televisores de tubo ainda é alta no país, aponta a GFK, colocando os aparelhos com telas de até 32 polegadas como a porta de entrada no universo digital para o consumidor-padrão obrigado pelo desligamento gradual do sinal analógico a aposentar sua TV obso-leta. “Conforme estimativa com base no ano passado, 46,5 milhões de TV ainda são de tubo, o que equivale a cerca de 44,5% do total de televisores no país e a Copa pode representar um impulso ainda maior para essa necessidade de compra”, pressupõe Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). “Ao lado da troca do sinal analógico pelo digital, o varejo considera esse dado como grande oportunidade de conversão de venda para as primeiras telas ‘finas” em geral de 32, 40 e 48 polega-das, um efetivo equivalente a 80% do mercado”. Mas isso não significa que a TV de tubo será varrida de cena. “Elas po-derão continuar funcionando, principalmente para o público de baixa renda que terá dificuldade de trocar de aparelho e utilizará conversor para assistir no seu antigo televisor”. Kiçula considera que o mercado brasileiro de TVs muda de patamar a cada quatro anos e a perspectiva da Eletros é de 12,5 milhões de aparelhos digitais vendidos este ano, volume 10% acima do registrado pela entidade em 2017. O dirigente repisa que a Copa e o fim do sinal analógico são os principais motiva-dores, tendo na retaguarda a influência da reativação da disponibilidade de crédito. “Uma redução do spread bancário decerto poderia dar um impulso ainda maior a esse desempenho” , ele admite, em alusão aos juros exorbitantes sapecados em quem cogite comprar a crédito.Junto com as calorias agregadas ao volume de vendas, a Copa da Rússia salpica um açúcar refinado nas margens de lucro dos fabricantes de TVs. “A inten-ção do brasileiro é substituir aparelhos menores pelos de tela maior, ainda mais quando os grandes jogos de futebol se aproximam, e os fabricantes querem ajudar o consumidor a fazer a melhor escolha”, pondera Kiçula. É uma pista livre, ele deixa claro, para a popularização das TVs 4K, que entregam imagens com resolução quatro vezes superior à do aparelho Full HD, embora seu custo ainda seja alto para o grosso da população. Na calculadora da GFK, o atual preço médio da TV 4K ronda a marca de R$ 3.400. Em contrapartida, na cabeça de muito torcedor ver todos os lances da Copa com máxima qualidade de imagem e som na caixa não tem preço. Smartphones: destaque entre mais de 45 milhões de celulares vendidos no país em 2017 TVs: decolagem das vendas a bordo da Copa e apagão analógico.Next >