O saldo das mudanças

Em cinco anos, a Abiplast tirou a transformação do limbo
José Ricardo Roriz Coelho

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) reorientou sua estratégia, nesses últimos anos, para assumir maior protagonismo nas discussões de interesse da indústria plástica e de reciclagem junto ao Governo, instituições, associações de classe e aos órgãos de representação industrial brasileiro. Foi criada uma sistemática de encontros periódicos com esses agentes, pela qual foi reforçada a importância do setor na economia brasileira e a discussão de uma agenda de trabalho propositiva, em prol da competitividade da cadeia plástica.

A importância do setor plástico na economia é, cada vez mais, compreendida por toda a sociedade, sejam consumidores, técnicos e instâncias políticas. O reflexo disso é que a Abiplast tornou-se referência para consultas sobre o setor de transformados plásticos no Brasil e na América Latina.

Ao longo desses cinco anos, a entidade se fez mais presente nos debates sobre os rumos da política industrial, participando das discussões sobre o Plano Brasil Maior como integrante de seus diversos conselhos de competitividade. Vale o mesmo em relação a parceiros como a a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Nessas ocasiões, a Abiplast sempre defendeu que uma política industrial eficiente deve ser pensada de forma sistêmica, integrando e distribuindo ganhos, eficiências e produtividade ao longo das cadeias de valor. É com essa visão que construímos uma agenda de competitividade. Ela prima pela calibração adequada entre política industrial e instrumentos de defesa comercial em favor da efetiva promoção da concorrência, sem se converter em desvantagens para outros elos da cadeia produtiva. Por isso, a Abiplast sempre procurou o diálogo com os agentes, de forma a fomentar a competitividade do seu setor por meio de garantias de acesso a matérias primas a preços competitivos, promovendo a inovação e a internacionalização da indústria.

Ao assumir este desafio de protagonismo político e institucional, foi preciso investir na profissionalização da entidade. Em nossa gestão inicial, ela passou por uma reestruturação gerencial e técnica calcada nas práticas de governança e compliance, com processos definidos e equipe apta a atender melhor o associado.
Enviamos periodicamente às empresas o boletim Plastinforma, com informações sobre o mercado e oportunidades de negócios. Distribuímos o Perfil da Indústria de Transformados Plásticos, o Econoplast e o Comexplast, publicações também dedicadas a disseminar as condições da conjuntura local e internacional. No mais, mantemos um site atualizado e recorremos às redes sociais para propagar conteúdo de interesse da cadeia produtiva. Em prol da transparência de nossas ações, divulgamos ainda o “Relatório de Atividades” com o balanço das ações e resultados obtidos.

Tão relevante quanto dar robustez na forma de gestão da instituição, foi o processo de intensificar as relações e a comunicação entre os grupos de interesse representativos da indústria. Hoje em dia, a sede da Abiplast reúne em seu quadro a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis ( Abief), a Associação Brasileira de Laminados Plásticos Flexíveis (Abrapla) e a Associação Brasileira de Rotomoldadores (ABR).

No último quinquênio, a Abiplast fortaleceu a interlocução com os sindicatos estaduais da transformação e arregimentou cinco novas instituições de representação regional. Temos hoje 21 sindicatos estaduais associados, através dos quais captamos as demandas regionais. Para conhecer as especificidades de cada segmento da indústria, a Abiplast aprofundou seu modelo de câmaras setoriais criando mais quatro: PET, Rotomoldagem, Pallets e Reciclagem.

A sinergia assim gerada dentro do próprio setor foi externalizada para os demais elos da cadeia. Todo esse movimento nos tornou referência para bancos e investidores interessados em conhecer oportunidades no setor brasileiro de transformados plásticos.

Desde 2010, com a promulgação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Abiplast atua como protagonista, junto com outras entidades industriais, para promover o “Acordo Setorial de Logística Reversa de Embalagens para Produtos Não Perigosos”, trunfo para o setor cumprir seu papel de aumentar a reciclagem e reduzir a quantidade de resíduos sólidos urbanos destinados a aterros.Por conta da PNRS, a organização da indústria de reciclagem foi eleita como prioridade para a Abiplast. Constituimos em 2012 a Câmara Nacional dos Recicladores de Material Plástico (CNRMP), fórum que reúne empresas e sindicatos estaduais desse reduto, cujo principal objetivo é melhorar a qualificação técnica dessas indústrias. Uma das primeiras iniciativas foi a criação do Senaplas (Selo Nacional de Plásticos Reciclados), para identificar e valorizar as recicladoras que abraçam os critérios socioambientais e econômicos exigidos por lei.

A associação também monitora quaisquer ações capazes de desvirtuar a imagem do plástico, desmistificando as críticas sem fundamento e informando corretamente a sociedade sobre a relevância e a função do materials. Entre os exemplos dessa atuação, figuram os casos do bisfenol A, sacolas plásticas, bandejas de isopor, biodegradação, ciclo de vida de produtos e reciclabilidade.

A Abiplast se empenha ainda em ser a principal fonte de referência e provedora de informações para auxiliar na rotina e decisões das transformadoras. No início deste ano, com o propósito de preparar o setor para dois entraves, a Abiplast promoveu com a Plásticos em Revista o seminário “Crise Hídrica e Elétrica: Impacto e Soluções para a Indústria do Plástico”, no qual especialistas apresentaram soluções e estratégias para minimizar os impactos da possível falta de água e dos aumentos nos custos de energia.

Promovemos ainda debates sobre temas administrativos como as obrigações de prestação de informações trabalhistas no sistema E-social e as implicações e dificuldades quanto à prestação de informações sobre controle de estoques no Sped/Bloco K. Também realizamos palestras técnicas em eventos do setor como as feiras Feiplastic, Plastech, Interplast e NordestePlast. Em parceria com a Plásticos em Revista, a Abiplast realiza o já consolidado seminário anual “Competitividade – O Futuro Perfil da Indústria Brasileira de Transformação de Plásticos”, visando estimular no empresário o pensamento e a visão estratégica de negócio.
No início de nossa segunda gestão à frente da Abiplast, o ambiente de negócios é bastante desafiador. O setor de transformados plásticos não cresce desde 2010 e passamos por retração econômica, com perspectiva de reversão da tendência de queda apenas em 2016.

A conjuntura de estagnação/retração se alia a uma perspectiva de aumento da concorrência de produtos plásticos importados, produzidos em localidades de custos de matérias-primas muito mais baixos que os do Brasil, entre elas as resinas produzidas pela rota do gás de xisto. Enfrentar tais desafios exige uma instituição forte, que atue de forma coordenada, com visão estratégica e foco em resultados. Por isso, vamos intensificar as sinergias entre as instituições do setor, o governo e a cadeia produtiva, bem como aprofundar o modelo atual de gestão. Para ganhar agilidade e afiar a comunicação, vamos melhorar os processos internos, investir em Tecnologia da Informação, como customer relationship management (CRM), para sistematizar nosso relacionamento com o empresariado, além de criar ferramentas de avaliação de resultados e explorar recursos de busca de informações em “big data” e “mining”.

É a Abiplast trabalhando para o setor brasileiro de transformados plásticos aumentar a competitividade nos próximos anos.


José Ricardo Roriz Coelho foi reeleito presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico para o período 2015-2019.

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