O espírito racional e a conta do almoço

Indústria mostra do que é capaz na Feiplastic sem o governo para atrapalhar

Nos anos 30, o economista inglês John Maynard Keynes cunhou a expressão “espírito animal”, eternizada como tradução na pinta do instinto empreendedor dos empresários. Embora ainda citada a torto e a direito por economistas brasileiros de todos os matizes, periga vencer o prazo de validade dessa tirada do defensor da intervenção estatal em prol do pleno emprego, mediante aumento da demanda e capacidade produtiva. Bem mais identificado com a frase “não existe almoço grátis”, do monetarista Milton Friedman, de corrente oposta a Keynes, José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, comunica à praça o falecimento do espírito animal. Essa ideia do investimento por feeling, ele argumenta, remonta à época de um mercado com tudo por ser feito e espaço de sobra para acomodar gregos e troianos. “Hoje em dia”, arremata Roriz, “a decisão de investir tem de ser planejada à exaustão, dada a concorrência à espreita por todos os lados, o custo do capital, a globalização, a perspectiva de estabilidade; não tem mais vez a aposta no escuro”.
Indústrias como a do plástico assinam embaixo de Roriz ao cortar hoje, na raiz, qualquer chance de acordar seu espírito animal. Para tristeza dos keynesianos, é um reflexo automático à desastrada intromissão estatal na vida econômica sob Lula e Dilma. Além da avalanche da corrupção, como traduzir em investimento um voto de confiança num governo de credibilidade abaixo do pré-sal? Além de atolar a vaca do PIB no brejo, apesar de avisado a rodo desse risco, ele dá uma de bipolar. De um lado,  tem o caradurismo de posar de defensor do cumprimento das leis e do ajuste fiscal para reequilibrar as contas estouradas apenas por sua culpa, esfolando para tanto a sociedade com tributos e tarifas.Do outro, insulta o contribuinte ao paparicar Legislativo e Judiciário com mais proventos e benesses, com indecências tipo a triplicação do fundo partidário e com cabides de emprego sem fim numa intocada máquina pública de obesidade mórbida, reservados a apadrinhados ineptos de gente influente. Já áreas que são obrigação do governo, da educação e saúde à segurança e infraestrutura, jazem no necrotério.
Em meio a essa caldeirada de pedir antiácido, a Feiplastic chega à sua segunda edição. Apesar das escoriações sofridas de cima abaixo com o aumento dos custos de uma hora para outra, inflação à solta e a demanda no spa, a indústria do plástico baixa no Anhembi mostrando tudo o que pode ser e proporcionar se a deixarem trabalhar.
É pedir muito? •

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