Nas garras do futuro

Se indústrias como a transformação de plástico não acordarem para a revolução digital, serão atiradas de forma abrupta à velhice

Um robô Baxter cortou esta ano a fita inaugural de um espaço para startups de robótica em Boston.Técnicos do Fundo Monetário internacional admitem que as mudanças tecnológicas estejam por trás da queda, em vigor há duas décadas, da participação dos trabalhadores na renda total de 160 países. Pela primeira vez no Brasil, economistas citaram a influência da automação de processos e comunicação de dados em lugar da voz nas bases da arrecadação tributária. Neste vertiginoso momento, nota o escritor norte-americano Thomas Friedman, quem trabalha em fábrica ou escritório pressente que um robô ou máquina está no ençalço do seu emprego. “Contudo”, ele escreveu, “acho impossível acreditar que, com um número tão maior de pessoas agora munidas de um novo poder para inventar, competir e colaborar, com tantas ferramentas mais baratas e poderosas para otimizarmos as interações sociais, comerciais e governamentais, não venhamos a descobrir meios de os seres humanos se tornarem mais resilientes, produtivos e prósperos ao passarem a contar coma ajuda de máquinas inteligentes”.

O Brasil também vem sendo colhido por este redemoinho e vai procurar acertar o passo com a revolução digital na medida permitida por suas forças. Fontes setoriais situam em 1.600 unidades as vendas de robôs no país em 2016 e, diante da pressão global, antevêem a chegada a 2019 com saldo de 3.500 equipamentos faturados. Na manufatura brasileira, a transformação brasileira de plástico figura entre os setores que precisam sair na marra da timidez na adesão às soluções de automação de processos, deixam claro as reportagens nas páginas seguintes e, no plano geral, esta entrevista exclusiva de João Emílio Gonçalves, gerente-executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Gonçalves: falta uma estratégia nacional para induzir o desenvolvimento da indústria.

PR – Com base no atual estágio de penetração das soluções de automação/digitalização e robótica em indústrias de manufatura no Mundo, em quanto tempo estima que essas tecnologias ganhem escala e se tornem assim suficientemente acessíveis para se alastrarem entre indústrias brasileiras em geral?.
Gonçalves – É difícil fazer esse tipo de projeção. A digitalização é um processo ainda em desenvolvimento no mundo todo. A tendência, como qualquer grande salto tecnológico, é que grandes empresas, de alguns setores, sejam as primeiras a adotar essas tecnologias, influenciando as cadeias produtivas e os demais setores. Já há vários casos no país de empresas adotando tecnologias para integração digital nas fábricas, tecnologias de simulação para o desenvolvimento de novos produtos e processos, assim como o emprego de impressão 3D. O importante é que a velocidade de difusão dessas tecnologias tende a ser maior do que nas revoluções industriais anteriores. Isso exige agilidade da indústria e do Estado brasileiro para promover o desenvolvimento da indústria 4.0 por aqui. Um desafio, por sinal, é desenvolver instrumentos para promover a digitalização de pequenas e médias empresas, com foco no aumento da produtividade. Há uma importante iniciativa nesse sentido do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

PR – Como a robótica e outras vias de automação marcham em passo acelerado e tendem a se internacionalizar cada vez mais rápido, quais os preparativos que as indústrias brasileiras precisam fazer o quanto antes para não serem atropeladas pela concorrência mundial no mercado interno?
Gonçalves – Em 2016, a CNI divulgou uma sondagem especial sobre Indústria 4.0. A pesquisa revelou o ainda baixo nível de emprego de tecnologias digitais na nossa indústria e o desconhecimento sobre o tema, tanto no governo quanto no setor privado. No primeiro semestre do ano passado, o panorama era que, do total das indústrias, 58% conheciam a importância dessas tecnologias para a competitividade, mas menos da metade as utilizava. O avanço da Indústria 4.0 no Brasil depende de maior conhecimento por parte das empresas sobre os ganhos da digitalização, tanto com respeito ao aumento da produtividade como às oportunidades de novos modelos de negócio, flexibilização e customização da produção e redução do tempo de lançamento de produtos no mercado. O alto custo, colocado como um dos principais entraves, pode ser atenuado com a implantação por etapas. O maior acesso à informação e a identificação de parceiros ajudarão na redução da incerteza e na mudança de cultura da empresa.

PR – A participação do setor de serviços no PIB ultrapassou a da indústria que, além da sua preocupante ociosidade e descapitalização desde 2015, não consegue mais atrair com facilidade talentos da nova geração. Tais condições ainda servem ou não como justificativas para nossas empresas adiarem os investimentos necessários para o embarque gradual na manufatura avançada? Se protelarem esses investimentos até segunda ordem, qual a possibilidade de o Brasil passar a ser visto apenas como um bom mercado emergente, sem relevância fabril?
Gonçalves – O que precisamos é desenvolver uma política nacional, nas pegadas do que buscam fazer países que estão à frente desse processo, como Alemanha, Estados Unidos e Coreia do Sul. Nesse sentido, o primeiro passo da CNI foi justamente procurar entender melhor do que se trata esse movimento e onde a indústria brasileira está neste contexto. Agora, é preciso construir uma estratégia nacional para induzir o desenvolvimento da indústria, tanto via políticas públicas quanto por meio de iniciativas privadas. Há algumas frentes de trabalho neste sentindo, como a Câmara de Internet das Coisas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Comitê Executivo do estudo de internet das coisas que está sendo desenvolvido pelo BNDES em parceria com o MCTIC. Mais recentemente, integramos o Grupo de Trabalho Indústria 4.0 do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). O Senai também tem tido iniciativas interessantes na perspectiva de desenvolvimento de tecnologia e de difusão do uso das existentes na indústria brasileira.

PR – Quais as mudanças necessárias no perfil e know how dominantes no chão de fábrica no Brasil para se adaptar a contento ao salto da automação e robótica?
Gonçalves – Mudanças na gestão, no relacionamento entre empresas nas cadeias e novos modelos de negócios. Na gestão empresarial, a principal transformação está na cooperação entre diferentes seções, principalmente entre as unidades relacionadas à Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs) com as áreas de produção, para viabilizar a incorporação dessas tecnologias. A cooperação externa também será essencial. A comunicação com fornecedores ao longo das cadeias produtivas pode favorecer estratégias mais eficientes relacionadas a compras e estoques, permitindo uma otimização logística e a aquisição de insumos com maior agilidade. Além disso, as empresas precisarão desenvolver e/ou aperfeiçoar seus modelos de negócios, principalmente no âmbito do relacionamento com os clientes. A prestação de serviços atrelados aos bens industriais passará a ter caráter estratégico em alguns setores.

Tolerância zero

Robôs e digitalização banem o retrabalho e refugo das linhas de transformação

“No momento, o mercado brasileiro de robôs está concentrado em mais de 70% na indústria automobilística”, situa Geraldo Veroneze, diretor comercial de robótica colaborativa da catarinense Pollux, GPS do país em manufatura inteligente. “A transformação de plásticos possui 8% do total de robôs industriais em funcionamento”.

Parar tirar do acanhamento o emprego da robótica por aqui, a Pollux teve uma luz, uma sacada grifada por Veroneze como inédita no ramo: o conceito RaaS ( robô como serviço). “Avaliamos as dificuldades para os clientes no modelo tradicional de acesso ao robô, como a necessidade de altos investimentos na compra, longo tempo do processo e suporte inadequado”, ele expõe. “A partir daí, criamos uma oferta disruptiva, sem desembolso pelo cliente do montante em regra acima de R$ 250.000 para comprar o robô, seus periféricos e os serviços envolvidos no projeto e instalação do equipamento”. Em suma, dado o passe livre pelo industrial interessado, a equipe da Pollux esquadrinha o chão de fábrica, em busca de atividades repetitivas, insalubres e operações não ergonômicas, explica Veroneze. O levantamento fundamenta a feitura de uma análise de risco, com enquadramento de todas as normas de segurança, e no arremate uma simulação computacional do funcionamento da aplicação é apresentada ao cliente. “Desse ponto em diante, a adoção da solução robótica proposta requer um valor mensal, acessível a empresas de todos os portes, para cobrir a locação do robô e serviços envolvidos”. A Pollux utiliza equipamentos da dinamarquesa Universal Robots e, com esta modalidade aluguel, o diretor assevera ter baixado de seis para um mês o prazo médio de introdução de um robô numa fábrica, para vitaminar sua produtividade. “Os modelos da Universal primam pelo baixo custo de implantação, rapidez na instalação e flexibilidade para a troca de função ou ajuste da quantidade de máquinas conforme a demanda em vista”, sublinha Veroneze.

Por essas e outras, ele assegura, a Pollux lidera a colocação de robôs colaborativos na América do Sul. Nesse jogo de ganha ganha, acrescenta Veroneze, “a locação de robôs também libera o caixa do cliente para investimentos no core business (seu negócio por vocação), reduz custos relacionados a falhas de operação ou perdas de materiais, sobretudo por dispensar a necessidade de uma equipe interna de ‘robotistas’ e de estoque de peças de reposição”. Afinal, encaixa, durante a vigência do contrato, a Pollux responde pelo monitoramento do robô em tempo real, assistência técnica, componentes sobressalentes e atualização tecnológica do robô em uso. “É substituído em caso de obsolescência, atesta o diretor.

Rumo à digitalização
“Mesmo com uma projeção de crescimento moderado do PIB deste ano, as vendas da nossa área ajudaram a alavancar os resultados da companhia e sua expectativa é de crescimento no país”, confia Rodrigo Bueno, gerente geral da robótica da subsidiária brasileira da corporação europeia ABB, sediada na Suíça. “Algumas indústrias brasileiras já automatizaram os processos e adotaram robôs nas linhas de produção, mas ainda há muito o que fazer no sentido da manufatura”, pondera o executivo, frisando que acompanha a demanda por transformados plásticos em diversos setores, acenando para sua cadeia fabril com um portfólio de soluções extensivas da alimentação da máquina ao embalamento e encaixotamento do produto acabado.

Bueno enxerga a indústria brasileira em transição para a digitalização. Além dos robôs, ele conta, a ABB estimula essa tendência com um software. “Trata-se do RobotStudio e destina-se à simulação e comissionamento virtual da solução robotizada”, esclarece o gerente. Desse modo, o software demonstra como o robô atuará no cotidiano da linha de produção do cliente. “Além de reduzir drasticamente potenciais erros de projeto e consequente retrabalho, esta ferramenta proporciona maior familiaridade para quem trabalha na produção com as aplicações robóticas”, assinala Bueno. Entre os robôs do seu mostruário, o executivo destaca para uso em transformadoras de plástico as credenciais dos robôs articulados de seis eixos. “Além de um espectro variável de capacidade de carga e alcance, eles apresentam versatilidade superior a de robôs lineares de três ou quatro eixos para executar tarefas mais complexas”, ele compara, salientando que, como todos os equipamentos de sua área, os robôs ABB são desenvolvidos com inteligência embarcada. “Esse avanço possibilita que as informações sejam disponibilizadas pelo robô para o nível de controle e otimização da linha de produção”.

Dois robôs na célula
Turbo global em injetoras de vanguarda, a austríaca Engel também também arrasa em robôs talhados para trabalho com peças plásticas. “No mercado brasileiro de injeção, mais de 50% das nossas máquinas são equipadas com robôs para retirar peças, mas ainda é incipiente nas empresas o índice de automação nas etapas seguintes – o processo de certificação de qualidade e a fase de montagem dos produtos injetados”, descreve Udo Löhken, diretor do escritório comercial da Engel no país. “É enorme o potencial para os robôs por aqui, com base no aumento de produtividade e redução de custos que oferecem”.

Para Löhken, a maior pedra no caminho da proliferação de sistemas de automação na transformação de plásticos chama-se falta de mão de obra especializada. “Não é tanto o efetivo para a operação e manutenção dos robôs, pois são específicos para injeção e não há maiores dificuldades para lidar com ele na linha nem para zelar pelo seu bom estado”, coloca o diretor. “A lacuna-chave é a da carência de pessoal capaz de visualizar as aplicações com grandes potenciais de automação dentro do processo fabril. Como a graduação desses especialistas é muito escassa no Brasil, as empresas empenhadas em crescer na automação precisam investir internamente na formação desse know how”.

O pulo do gato dos robôs da Engel, percebe Löhken, é a sua absoluta integração no comando da injetora inclusive com a possibilidade de integrar mais de um equipamento no comando da célula. “Ou seja, é possível controlar o robô incumbido de extrair a peça e o robô designado para tarefas posteriores ao processo de injeção”, explica o diretor. “Com esse entrosamento, monitora-se toda a célula ao vivo ou à distância apenas pelo painel da injetora, de modo a aumentar o controle da produção e facilitar o diagnóstico de eventuais defeitos mesmo quando longe da linha”.

A Engel está à vontade tanto na esfera dos robôs cartesianos como na dos articulados. Os primeiros agrupam-se na série Viper e Löhken acrescenta que os robôs são classificados de acordo com o peso da manipulação. “Temos modelos para atender nossas injetoras desde a faixa de 28 a 5.500 toneladas de força de fechamento”. Por seu turno, completa o dirigente, a série easix contempla robôs articulados de seis eixos e com diversas opções de tamanhos.
Em suas apresentações institucionais, a 3D Systems, verbete norte-americano em impressoras 3D, cita a Engel como referência na integração da inteligência artificial a injetoras. “Correspondemos ao conceito Indústria 4.0 com o programa ‘inject 4.0’”, assinala Löhken. O programa envolve três grupos principais de produtos: Smart service, Smart production e as injetoras Smart machine, com versões munida de softwares iQ de gerenciamento de controle de peso, do fechamento, da vibração e, por fim, da fluidez da resina. “O objetivo é tornar os processos de injeção mais transparentes para o operador”, sumariza o diretor. “Já vendemos várias injetoras com produtos iQ no Brasil”.

Nada será como antes

Uma fábrica inteligente pode produzir a custo até 40% inferior ao de uma planta atual. Ricardo Prado Santos, vice-presidente da filial brasileira da italiana Piovan, formadora de opinião em periféricos, leu esta estimativa em estudo internacional e a encaixa para justificar uma decisão recente da companhia. “Todas as novas soluções Piovan saem preparadas para a Indústria 4.0,com interfaces com o protocolo OPC/UA e interligáveis com o nosso software supervisionador de processos WinFactory 4.0”, explica. Entre os novos equipamentos auxiliares concebidos com este norte, o dirigente cita os precisos e econômicos dosadores gravimétricos Quantum e os controladores de temperatura Easytherm. Retomando o fio do WinFactory 4.0, Santos salienta vantagens como a sua troca de dados com os sistemas ERP ou SCADA do cliente e a aptidão para programar, ligar, analisar os parâmetros da produção e desligar as máquinas básicas. “Em poucos anos, esta tendência será o padrão na indústria brasileira”, prevê o dirigente. “Mesmo os transformadores menores e médios precisarão de programas desse tipo. Se não entrarem na onda, perigam cair fora do mercado, por força dos custos de produção, variações na qualidade e consequente dificuldade para controlar os processos”. O foco no gerenciamento da produção também inspirou o surgimento de outro novo software da Piovan, WinEnergy, vocacionado para monitorar o consumo energético de equipamntos e que pode rodar separado ou como parte do WinFactory 4.0. “A maioria dos clientes controla o gasto energético geral de uma fábrica ou setor”, observa Santos. “Com o WinEnergy abre-se a oportunidade para monitorar uma única máquina ou processo, com a indicação precisa do ponto que requer ajustes”.

Cartesianos mais em conta
Agente no Brasil das injetoras elétricas Toshiba, a Hercx comercializa outra iguaria hi tech japonesa: os robôs cartesianos (manipuladores) da Harmo. “Estão cada vez mais populares e acessíveis no país”, percebe Hércules Piazzo, diretor comercial da distribuidora. Ele abre os chamarizes desses robôs nipônicos idealizados para injeção com o recurso do servopulso.”Permite a um robô manipulador realizar serviços nas peças após sua retirada do molde, desvendando possibilidades para se reduzir os custos com refugos e aumentar a produtividade da linha”, argumenta. Outro ás que ele tira da manga é um item opcional no mostruário de robótica da Harmo. Cognominado EOAT, possibilita uma troca rápida de “máscaras” para agilizar o tempo de troca de moldes e o retorno à produção. “A Harmo também fabrica ‘sprue pickers’ com servomotores em vez de sistemas pneumático, o que abre oportunidades de aplicações”, justifica Piazzo. Sua recomendação para equipar injetoras de 15 a 650 toneladas é o robô HRX II. “Também temos soluções para trabalho em alta velocidade, caso do robô de entrada lateral para injetoras que geram artefatos como embalagens alimentícias em ciclos abaixo de cinco segundos”.

No plano geral, reconhece Piazzo, a grande maioria das indústrias brasileiras de injeção não mostra alta incidência de automação nos processos. “Algumas empresas já utilizam robôs de seis eixos para autopeças e embalagens de alimentos”, distingue. “Mas o preço dos manipuladores está mais competitivo e, com o tempo, a presença desses robôs cartesianos deve se massificar na transformação brasileira”, ele põe fé. Na selfie atual, nota, os robôs especiais de seis eixos, de alta flexibilidade e precisão nos movimentos, gramam com penetração mais problemática por aqui. “Para funcionarem na injetora, eles exigem uma integração não realizada, na maioria das vezes, pelo fabricante do robô”, constata Piazzo.”Esse serviço sai caro e é feito por poucas empresas no Brasil”.

Robôs e injetoras top de linha são craques titulares, mas, por si mesmos, não bastam para o jogo do refugo zero ser ganho, deixa claro Piazzo, acentuando a relevância de periféricos como dosadores gravimétricos, centrais de monitoramento e sistemas de aquecimento de moldes ou de refrigeração. “Já vi muita empresa comprar caras injetoras de ponta, acoplá-las a equipamentos auxiliares de custo tão baixo quanto sua tecnologia e o resultado é um punhado de problemas como ciclos mais longos, consumo energético maior e variações do processo de injeção”, lamenta. “As principais causas desse ônus são o peso do investimento total e a qualificação técnica a desejar de quem paga. Isso ainda vai levar bom tempo para mudar”.

Recorde de vendas
Oscar Da Silva, diretor de vendas brasileiras da Sepro, tinto nobre francês em robôs para injetoras, anda exultante. “Caminhamos para novo recorde no faturamento este ano”, ele antevê. “Apesar das turbulências políticas e econômicas, o empresário brasileiro percebeu que, para manter-se competitivo num mercado cada vez mais sensível, precisa automatizar seus processos com equipamentos mais versáteis”. É a deixa para Da Silva colocar no balcão seu sortimento de robôs de 3,5 e 6 eixos, um misto quente apimentado por lançamentos mundiais. “A Sepro introduz quatro robôs pequenos: Succes 5, modelo cartesiano de três eixos servocontrolados, para injetoras de até 80 toneladas; o robô de três eixos S5 Picker e duas versões de seis eixos – um robô de braço articulado da linha Sepro 6X, desenvolvido com a Stäubli, e outro que integra uma gama de robôs ‘universais’, ofertados em parceria com a Yaskawa Motoman”.

O crescimento das vendas globais e brasileiras da Sepro, atribui Da Silva, provém do fluxo contínuo de inovação em controle e automação e nas parcerias com fabricantes de injetoras e referências tecnológicas a exemplo do Instituto de Robótica da universidade norte-americana Carnegie Mellon, escalado para desenvolver a próxima geração de controles de robôs e injetoras. Os primeiros frutos dessa junção de forças ganham visibilidade internacional no quarto trimestre. “Constam de dois aplicativos para facilitar funções rotineiras”, esclarece o diretor. “Por meio de um deles, o transformador poderá aprimorar o ciclo do robô, enquanto o outro aplicativo simplificará o processo de solucionar problemas do equipamento e ajudará a conectar os usuários, quando necessário, à assistência da Sepro”.

Capacidade máxima
Após sentir nos balanços de 2015 e 2016 o quanto dói uma recessão, a Dal Maschio, única fabricante de robôs para injetoras do país, inebria-se com um respiro nas vendas este ano. “Não só estamos operando a pleno como ampliamos a mão de obra direta em mais de 30%, decorrência de lançamentos de produtos pelos clientes e pela sua busca de meios para reduzir custos fixos”, analisa o diretor comercial José Luiz Galvão Gomes. A propósito, comenta, a caça à competitividade espraiou-se de tal forma entre os setores cobertos pela Dal Maschio que há anos ele afirma não ouvir mais a frase “robotização é coisa de montadoras”. Hoje em dia, nota, o mercado mais seletivo obriga os transformadores a se diferenciarem, não importa se injetem peças técnicas ou artigos convencionais. “Há muitas empresas que ganharam autonomia para comprar equipamentos que não os de suas matrizes no exterior, firmando parcerias com fornecedores como nós, também experientes no suprimento de robôs para indústrias pequenas e médias”.

Gomes considera que a maioria dos robôs ofertados na praça é de uso complexo e manutenção e reprogramação caras. A Dal Maschio se descola dessa vala comum, ele nota, por ter investido aqui na engenharia de desenvolvimentos de produtos e aplicações e na montagem de acessíveis robôs de interface e manutenção simplificadas, dirigidos à manipulação de injetados e paletização de caixas e peças acabadas. No compartimento das novidades deste ano, Gomes empunha um robusto cabeçote de rotações com até três eixos servocontrolados e um CNC apto a controlar até oito eixos interpolados de robôs cartesianos. “Dispõe de flexibilidade de portas de comunicação para interligação em sistemas 4.0”. Como se vê, o sucesso na manufatura aditiva também depende de garra. •

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