Não é tão fácil arar este campo

Os desafios para consolidar a armazenagem com silos fardo e bolsa no agronegócio

No mais recente pente-fino da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aparece uma boa nova: a safra agrícola deste ano deve emplacar 231,5 milhões de toneladas ou 2,2% acima do saldo anterior. Agora, uma notícia agridoce da mesma fonte: do lado acre, a capacidade cadastrada estática de armazenamento limita-se, por ora, a 166,085 milhões de toneladas; do lado mel, o gap entre produção e estocagem inebria os fornecedores de silos, reduto onde chama atenção o crescimento da demanda de silo bolsa (silo bag) e silo fardo (wrap, bale ou bola), ambos de polietileno (PE).Um plus no torque dessa procura: sejam estruturas fixas ou silo bolsa, ruralista que investe em armazenagem própria escapa de pagar mais pelo frete durante a safra, período em que o transporte rareia e encarece, e conta com maior poder de fogo para negociar a produção em épocas do ano com preços melhores. Sem falar que a compra de silos de metal ou alvenaria depende de financiamento mais alto e moroso de ser aprovado que o do silo bolsa.

Um monte de forragem compactado sobre o solo por equipamentos como tratores e coberto por lona plástica presa à terra, o denominado silo de superfície predomina no Brasil, considera o professor doutor Patrick Schmidt, presidente da Sociedade Brasileira de Zootecnia (SBZ), docente associado do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Centro de Pesquisas em Forragicultura. “O silo de superfície apresenta menor custo e maior flexibilidade em quesitos como forma, tamanho e local”, assinala o professor, justificando assim a liderança do modelo na preferência do agronegócio. Alguns degraus abaixo figura o silo trincheira, dotado de paredes, sejam cavadas em barrancos ou construídas sobre o solo. Ele permite melhor compactação e, por extensão, uma qualidade maior da silagem , esclarece Schmidt. “Embora não haja dados oficiais, estimo em cerca de 1,5 milhão a quantidade de propriedades pecuárias que, em alguma escala, sejam produtoras e usuárias de silagem no país”.

No front do plástico, o especialista constata pouco uso para o silo bolsa, também chamado de salsichão ou linguiça, no armazenamento de forragens. “É mais comum encontrá-lo na confecção de silagens de grãos úmidos ou reidratados”, nota Schmidt. “Por serem tubos fechados, a vedação dos silos bolsas é perfeita, mas a necessidade de implemento específico para embutir o conteúdo, aliada ao maior custo do filme, faz com que esta solução, no âmbito de forragens, seja preterida em relação a outras alternativas de estocagem”.

Conforme estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), a silagem é embutida nos tubos horizontais dos silos bolsas por máquinas que podem ser alugadas ou operadas por prestadores desse serviço ao produtor rural. Os tamanhos de silo bolsa variam de 1,8 a 3m de diâmetro e 30, 60 ou 90m de comprimento. O modelo de 1,8m x 60m predomina no Brasil. Aqueles de 30 a 60 m de comprimento podem alojar de duas a seis toneladas de silagem por metro linear.

Schmidt considera, até o momento, limitado no país o uso do silo fardo, também chamado de “bola”, sendo mais frequente na região sul. “Por esse sistema, a forragem úmida é compactada em pequenas unidades, de 200 a 1.000kg, a seguir coberta por camadas sucessivas de filme aderente”, descreve o professor. “O modelo fardo é indicado para a comercialização de silagens, pois as unidades menores permitem o transporte e armazenagem sem perdas do volume acondicionado. Sua desvantagem é o investimento mais alto na cobertura plástica em relação à quantidade de material armazenado”.

Barreira do custo
Embora adotados há bom tempo no Brasil, os silos bolsa e fardo estão longe da penetração presenciada em países como Argentina e Chile. “Em geral, os produtores conhecem as vantagens desses tipos de silos, como facilidade logística, rapidez no armazenamento e ótima vedação, mas raramente esses atrativos são considerados na tomada da decisão ‘como vou ensilar’”, pondera Schimdt. “Na Argentina e Chile, a adoção maior aos silos bolsa e fardo é impulsionada pela presença de prestadores de serviço munidos de equipamentos e know how para a confecção desses sistemas, algo ainda incipiente no Brasil”. Tem mais, apimenta o presidente da SBZ: “a dependência de maquinário especifico para fazer fardos ou tubos horizontais inexiste para os silos tradicionais e, na ponta do lápis, para a maioria dos produtores o investimento menor por tonelada estocada nos silos de superfície e trincheira ainda supera as facilidades inerentes aos silos bolsa e fardo”.

Para estocar grãos úmidos e de alto valor agregado, especifica Schmidt, o silo bolsa é a opção mais empregada. “Afinal, o implemento para embutir também é mais simples e acessível e a operação transcorre em grande velocidade”, coloca o docente da UFPR. “A vedação perfeita e as perdas menores também justificam a preferência de produtores de grãos úmidos pelo silo bolsa”. Já no armazenamento de forragens, completa, o maior custo do silo bolsa e dos implementos inviabilizam esta solução, na maioria dos casos.
Para dimensionar o custo/benefício do silo fardo, Schmidt recorre a um comparativo. “Enquanto um silo fardo de 1.000 kg requer investimento em filme de R$ 26/t, num silo de superfície uma lona plástica de 12m x 50m cobre cerca de 345 toneladas, equivalendo a R$ 3,15/t. “Assim, as vantagens em qualidade de vedação, rapidez, facilidade logística e, principalmente, a comercialização da silagem precisam ser enfatizadas para direcionar a decisão do investimento para o silo fardo”.

Em geral, repisa Schmidt, os produtores rurais estão a par do funcionamento e vantagens dos silos bolsa e fardo, mas os vêm distantes da sua realidade. “Apenas o aumento no número de prestadores de serviços poderão incrementar o uso desses silos no Brasil”, condiciona o professor. “Os implementos para confecção custam caro e não se justifica a aquisição de um maquinário para ser usado na fazenda poucos dias por ano”. Em contraponto, ele concorda que o alentado déficit na armazenagem de grãos e a rapidez e flexibilidade operacionais jogam a favor do interesse pelo silo bolsa no país. ”A decisão por não usar quando não há estrutura de armazém convencional disponível é baseada no princípio da abundância levando ao desperdício”, interpreta Schmidt. “Ou seja, se o grão está com preço alto ou em falta no mercado, ninguém se dá ao luxo de deixá-lo tomar chuva no pátio. E vice-versa”. Conforme ele enfatiza, são conhecidas as vantagens e possibilidades do silo bolsa. “Mas são outros fatores, puxados pelo investimento necessário, que norteiam os produtores na escolha do tipo de silagem”.

Motivação em fogo brando
O engenheiro agrônomo Antony Sewell, sócio da Boviplan, respeitada consultoria especializada em agropecuária, não vê tão disseminados os conhecimentos sobre silos bolsa e fardo. “Pecuaristas, comunidade científica e produtores de equipamentos e materiais plásticos precisam de mais estudos para consolidar o uso desses tipos de silos no país”, ele considera. “A baixa participação do silo bolsa em propriedades rurais pode decorrer da desinformação dos produtores. Eles precisam ser motivados a usar pela primeira vez para ver como funciona esta tecnologia”. No segmento da pecuária de leite, reparte o consultor, o silo trincheira domina em 60% o modelo de armazenagem, seguido pelo silo de superfície, com 38%. Os 2% restantes são partilhados por igual entre os silos bolsa e fardo. Conforme ele justifica, silos trincheira e de superfície dominam a preferência pelo baixo custo de construção e manuseio simples. “Apresentam alta facilidade para ensilagem e desensilagem, seja pela via mecânica ou manual”.

O armazenamento em silo fardo tem pontos positivos em relação a outros modelos de estocagem, reconhece Sewell. “Ele pode ser preparado diretamente no campo, devido à forragem ser compactada logo após sua colheita”, explica. “Cada silo constitui uma unidade independente e de menor dimensão, o que leva à redução no risco de deterioração aeróbia durante a utilização, sem falar que o formato de estocagem (fardo) facilta a comercialização da silagem”. Na mesma linha de raciocínio, o analista ressalta como trunfo da estocagem em silo bolsa a atmosfera interna desprovida de oxigênio. “Isso reduz a possibilidade de desenvolvimento de fungos e bactérias, assegurando qualidade ao conteúdo armazenado até o fim do período”. O silo bolsa também permite certa flexibilidade de instalação e transporte, prossegue Sewell. “Pode ser colocado ao lado do local de produção da forragem em vista para o armazenamento e ser depois transferido para o lugar mais próximo do trato dos animais, gerando economia na distribuição e transporte”. O consultor salienta ainda, em favor do silo bolsa, a vantagem de exibir perdas menores, pois a forragem sai da máquina para ser colocada e compactada diretamente no tubo plástico, reduzindo seu contato com o ambiente e o fluxo de ar”. No mais, arremata, o silo bolsa comporta maior quantidade de forragem por metro quadrado. “São ideais para grandes volumes de silagem”, confirma.
Em contrapartida, coloca, silos bolsa e fardo penam com dois senões básicos: dependem de alto investimento e levam tempo considerável no desabastecimento. “A compra de uma embutidora tem sido a principal barreira, porque os produtores brasileiros, no geral, não só perdem em poder aquisitivo para os de outros países e, em sua maioria, estão descapitalizados”. Quanto ao tempo para o desabastecimento, Sewell comenta que grandes rebanhos demandam rapidez durante o processo de mistura na dieta e fornecimento aos animais. “Máquinas com a função de desensilar e misturar os ingredientes têm sido utilizadas quando a propriedade possui silos trincheira e sua operação não é compatível com silos bolsa e fardo”, ele esclarece. Desse modo, nas fazendas usuárias dos dois tipos de silos de polietileno, a retirada da silagem precisa ser manual. “O que pode complicar a logística de alimentação dos rebanhos”.

Sewell lembra que a tecnologia do silo bolsa vem de paises de clima mais frio, como Argentina e Canadá, mostrando-se mais eficaz em regiões de temperatutras mais baixas. “Em locais mais frios e menos chuvosos, é possível colher produtos mais limpos e secos”, enxerga o consultor. “Nas nossas condições climáticas, é grande a chance de ocorrer fermentação do grão”. Por extensão, Sewell julga o silo bolsa uma boa opção quando se consegue colher um grão seco e limpo e se puder garantir que o tubo não será furado, “o que não acontece na maioria das vezes nas condições brasileiras”. No pano de fundo, ele concorda que o crônico déficit doméstico na armazenagem de grãos pode vir a ser mitigado pela alternativa do silo bolsa.

Avanço gradual
Se o avanço do silo bolsa marcou pela discrição, no passado, os últimos anos estabeleceram um contraste exibindo uma velocidade crescente para a adesão a esta modalidade de estocagem na esfera dos grãos, constata Paolo Prada, secretário do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Cobapla). “As vendas do silo bolsa são favorecidas pela maior disponibilidade de seu fornecimento nacional e acompanham a expansão da safra de grãos”. A título de referência, Prada recorre aos três tipos de grãos mais produzidos no país: milho, soja e trigo. “Predominam em sua estocagem os silos verticais, de metal ou concreto; os horizontais; silos bolsas e convencionais armazéns para sacaria e granel”, ele expõe. Pelas estimativas oficiais, a safra 2017/2018 daquela trinca de grãos totalizou 211 milhões de toneladas, cita o analista. “O mercado brasileiro de silos bolsas está na faixa anual de 100.000 unidades, cada uma com capacidade média de 200 toneladas de armazenagem”, ele dimensiona. “Vale, portanto, a estimativa de uma participação aproximada de 10% para o silo bolsa no universo da estocagem de milho, soja e trigo, caindo para 8% em relação à safra total de grãos”.

A proposta de valor do silo bolsa, pondera Prada, é fornecer ao produtor de grãos sem silo permanente próprio um sistema de armazenamento no seu terreno, relativamente barato e de boa duração, da ordem de seis meses. “Com isso, o agricultor não precisa vender seus grãos no período da coleta, evitando assim receber um montante menor devido à oferta elevada naquele momento, quando teria também de arcar com transporte encarecido, pois sua procura aumenta nessa época”. Retomando o fio das alternativas ao silo bolsa, Prada comenta que as estáticas estruturas de estocagem permanente (silos metálicos verticais, horizontais etc) tornam-se mais econômicas quando seu tamanho permite a absorção, em um grande volume de grãos, dos custos fixos de gestão e manutenção da silagem. “Constituem uma solução mais adequada às cooperativas agrícolas do que para o produtor individual”.

Quanto ao silo fardo, Prada o enxerga como uma solução cilíndrica de armazenamento temporário de palha e feno para alimentação animal. “A técnica consiste em enfardar a forragem com maior umidade e embalá-la de forma hermética com plástico estirável (stretch), semi aderente e resistente às intempéries, proporcionando assim um ambiente que possibilite a fermentação e conservação do conteúdo por longo período”, descreve o porta voz do Cobapla. Perante alternativas tradicionais a exemplo do silo de superfície, ele continua, o silo fardo se destaca pela vedação superior, zerando a formação de fungos e mofos, e pela possibilidade de ser transportado, aliás uma conveniência ausente do silo bolsa. “Além disso, o silo fardo oferece uma vantagem para a alimentação animal: permite a utilização de forragem em tamanho superior à destinada ao silo bolsa, sistema que exige seu picotamento por máquina antes do ingresso no tubo”. O silo fardo também exige equipamentos específicos para formar o cilindro de forragem e, a seguir, envelopá-lo com várias camadas do filme estirável de cinco ou mais camadas, com espessura total na média de 25 micra protegido contra radiação ultravioleta (UV), complementa Prada.“O silo fardo ainda é pouco usado no Brasil, mas sua demanda vem crescendo com rapidez, em especial na região sudeste”, percebe o especialista. “No passado, ele só estava disponível por importação e com a relativamente recente nacionalização dos filmes requeridos, a disponibilidade do silo fardo está aumentando no país, levando ao avanço de sua penetração gradual no agronegócio”.

Performance vende

Silos de PE conquistam o produtor rural mais pelos benefícios técnicos e econômicos

Único produtor de polietileno (PE) no país, a Braskem percebe crescimento de dois dígitos ao ano nas vendas de silos fardo e bolsa e, quanto a este último, calcula o mercado interno à beira de 110.000 unidades anuais. Por sua vez, a Dow, também isolada na produção da resina na Argentina, calcula em 60.000 t/a o consumo de PE destinado no país vizinho à produção de silo bolsa, enquanto no Brasil, onde esta tecnologia de estocagem não está por ora tão entranhada, absorve cerca de 5.000 t/a para a mesma aplicação. Em ambos os países, captam os sensores da Dow, a expectativa de safras recordes de soja este ano emana bons fluidos sobre os silos bolsas.

“Desde 2011, o volume de nossas vendas de silos bolsas para grãos cresce de forma exponencial e pretendemos faturar cerca de 20.000 unidades em 2019”, adianta Helio Nunes, gestor comercial para o agronegócio da Electro Plastic. A cada ano, ele nota, o cenário melhora. “Entre os fatores prevalecentes, constam o maior entendimento de que uma boa utilização do silo bolsa requer terreno livre de objetos pontiagudos e acúmulo de água e o emprego do silo bolsa por grandes cooperativas, como solução complementar para a estocagem de seus silos verticais”. Na esteira, Nunes concorda que o déficit nacional na armazenagem de grãos, espelhado na insuficiência de silos como os verticais, compõe mais um argumento de venda do silo bolsa. “Além do mais,a forma de compactação do produto contribui para vedar a entrada de oxigênio na bolsa, o que a silagem padrão com lonas (silo de superfície, p.ex.) não confere”, ele arremata.

Com garantia de 12 a 18 meses, o silo bolsa de nove pés da Electro Plastic é o único da praça com cinco camadas, sustenta Nunes. “Essa estrutura diferenciada proporciona resistência e proteção contra intempéries e degradação superiores às da concorrência”. Conforme detalha o executivo, seu silo bolsa armazena até 200 toneladas, volume equivalente à média de 3.300 sacos de grãos. A depender de variáveis por produtor rural, a exemplo de ele contar ou não com maquinário próprio (embutimento no tubo), Nunes calcula o custo médio de R$1,00 a R$1,50 por saco com a alternativa do silo vertical contra cerca de R$ 0,57 com o silo bolsa da Electro Plastic.

A mídia registra queixas de ruralistas sobre insuficiente resistência ao rasgo e punctura de silos bolsas, lacuna facilitadora do ataque de bichos (insetos, pássaros, roedores etc.) citada para justificar a preferência por armazéns metálicos ou de alvenaria. “Este ponto é muito questionado”, afirma Nunes, “pois depende bastante do manuseio na etapa do embolsamento”. A operação com silo bolsa requer cuidados durante o seu enchimento, ele reitera, exemplificando com o frequentemente pouco observado estiramento do tubo horizontal. “Já presenciei no campo silo com a marca para medição localizada na parte interna da bolsa, impossibilitando a percepção de até quanto se poderia enchê-la”.
Efeito da escolha de resinas de PE adequadas, a boa resistência ao rasgo é a chave para o silo bolsa enfrentar incólume a ofensiva dos bichos, considera Paolo Prada, secretário do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Cobapla).

“Ampliar a espessura não é o melhor caminho, pois há oferta de polímeros com estrutura modificada para conciliar a excelência nas propriedades mecânicas com redução da parede do filme do silo bolsa”.

Qualidade preservada
Desde 2017 a alemã Polifilm transita no reduto nacional de silo fardo com seu filme importado Algar Stretch “e as perspectivas de crescimento das vendas são ótimas”, assegura Guilherme Sígolo Scafi, coordenador de projetos agrícolas da empresa no Brasil. “Há diversos tipos de stretch no país para silagem pré-secada, mas nosso produto se diferencia pela maior resistência e pela armazenagem de altíssima qualidade, mesmo após 12 meses de conservação”.

O filme Algar Stretch consta de cinco camadas coextrusadas de polietileno de baixa densidade (PEBD). “Dispõe de aditivos para prover barreira a oxigênio, vapor d’água e à luz e sua espessura é de 25 micra”, especifica Scafi. O foco de Agrar Stretch, ele repisa, é embalar fardos de silagem pré-secada para preservar a qualidade inicial dela. “Por barrar a entrada de oxigênio, o filme impede o desenvolvimento de microorganismos”, ele explica. “O oxigênio presente na silagem é rapidamente consumido por bactérias e microorganismos, gerando ambiente anaeróbico apenas com gás carbônico e dando início à fermentação que melhora a palatabilidade e digestão da forragem”. Dotado de proteção anti UV garantida para 12 meses no campo, “sem necessidade de manejo dos fardos até um galpão coberto”, assinala o executivo da Polifilm, ressaltando que Agrar Stretch não rasga nem perde propriedades com facilidade.

Apesar do peso colossal do Brasil no agronegócio global e de sua economia fechada complicar condições de preços mais competitivas para importações, a Polifilm por ora não pensa em nacionalizar seu filme estirável. “A empresa ganhou em mais de 40 anos expertise mundial em filmes de PE e sua produção na Alemanha dispõe do que há de melhor em termos de matérias-primas e conhecimento técnico”, coloca Scafi.

Produtora brasileira de silo fardo,a Extraplast negou entrevista. No tocante ao silo bolsa, fizeram o mesmo as transformadoras Agrolord, Ipesa, Nortène e Pacifil.

Sob medida

As resinas e auxiliares que adubam os silos plásticos

“Planejar a dieta do gado não era importante quando havia pastagem em abundância”, observa Ana Paiva, especialista em desenvolvimento de mercado da Braskem, único produtor de polietileno (PE) no pais. “Agora, as áreas de pastagem diminuem e cedem espaço à agricultura e o pecuarista, por sua vez, está em busca de tecnologias para suplementação da dieta do gado, expectativas que são preenchidas pelos silos fardo e bolsa”.

Ana atribui ao silo fardo predicados como praticidade no transporte da silagem, mais higiene na conservação da forragem e aumento conferido ao seu valor nutricional, com reflexos no incremento da produtividade de leite e carne do rebanho. No tocante ao silo bolsa, ela ressalta o diferencial da zero perda de silagem no armazenamento. “Trata-se de uma solução de estocagem a cada dia mais relevante, fundamental para um país recordista em safras de grãos”.

Filmes de PE para silo bolsa são coextrusados em camadas branca (externa e preta (interna) e os requisitos para a resina estendem-se da tecnologia de extrusão e a exposição do silo a solo e relevos variados, sob clima tropical e subtropical, explica Marcial Cesar Vieira, engenheiro de aplicação da Braskem. “Com base nessa gama de variáveis, recomendamos para filmes de silo bolsa grades de polietileno de baixa densidade linear metalocênico (PEBDLm) das famílias Flexus e Proxess, com destaques para os tipos Flexus 9211 e Poxess 1509XP”. As grandes dimensões do silo bolsa, ele prossegue, requerem o emprego de resinas com baixa viscosidade de fundido para trabalho na coextrusão blown e para preencher exigências de alta resistência ao rasgo e alongamento para o filme. “Para manter o processamento estável e produtivo, sobressai em nosso portfólio o grade de PEBD de reologia controlada TX7001!, encaixa Vieira. Para filmes de silo fardo, disponíveis na praça em versões de uma a três ou cinco camadas, o especialista enaltece os préstimos dos grades Cling e 7200XP da série Flexus.

Vedação absoluta
“No confronto com silos metálicos para estocagem de grãos, o silo bolsa apresenta menor investimento inicial e custo por tonelada armazenada”, sustenta Marlos Oliveira, líder de tecnologia e desenvolvimento de aplicações para os mercados industrial e agrícola na América Latina da Dow, turbo global em PE com produção na Argentina. Conforme acrescenta, o silo bolsa sobressai ainda pela vedação absoluta; flexibilidade para o produtor escolher o momento adequado para vender grãos; ocupação de pouco espaço e, por fim, constitui uma alternativa complementar ao silo metálico. Para a coextrusão dos filmes de silo bolsa, Oliveira destaca no mostruário da Dow as famílias de PE Innate™ e Agility™. “A primeira confere mais resistência mecânica, ensejando mais eficiência da relação tonelagem armazenada por peso do silo bolsa”, ele expõe. “Já as resinas Agility™ marcam por acentuar a produtividade na coextrusão desse filme de três camadas ou mais”.

Oliveira admite que o tradicional silo trincheira tem menores custos operacional e total que o silo fardo.”No entanto este possibilita, por sua hermeticidade, uma preservação superior da matéria seca, impactando positivamente na qualidade do leite e carnes, sem falar na conveniência de permitir sua movimentação, viabilizando assim a comercialização de excedentes”. Para filmes de silo fardo, em geral de três camadas coex, a pedida da Dow é a família de PE Dowlex™. “Ela marca pelo primor do balanço de propriedades mecânicas, caso da excepcional resistência à perfuração”,fecha Oliveira.

Ruralistas desconfiados
“Ainda há uma preferência cultural por armazenar grãos em silos metálicos no Brasil”, enxerga Fernando Schmidt, responsável por desenvolvimento de mercado para PE da ExxonMobil, à frente de sua ampliada capacidade para o polímero pela rota do gás nos EUA. “No entanto,à medida emque o mercado se informa sobre o silo bolsa, constatamos um incremento na sua utilização, puxado pela versatilidade desse sistema de estocagem”. Como o silo bolsa está consolidado há mais de 20 anos na Argentina, com amplo reconhecimento das vantagens oferecidas, suas vendas no país vizinho são bem mais avantajadas que as daqui, onde as noções sobre o desempenho do silo bolsa carecem de mais disseminação, justifica o executivo. “Os fazendeiros brasileiros ainda desconfiam do silo bolsa como alternativa para estocar grãos por longos períodos, receando perder grandes volumes da produção”, observa Schmidt. Mas ao buscar alternativas para armazenagem num cenário de insuficiência da capacidade nacional para estocar a produção de grãos, o analista da ExxonMobil nota que o produtor acaba deparando com o silo bolsa e assimilando melhor seus benefícios, tendendo então a aderir a essa tecnologia.

O portfólio de PE da ExxonMobil, deixa claro Schmidt, cobre todas os requisitos para o silo bolsa encher os olhos dos fazendeiros. Entre as soluções, o executivo distingue a família Exceed TM XP. “É nela que se encontra a combinação da excelência em processabilidade do grade 6026 com o alto desempenho mecânico do tipo 8358”, ilustra Schmidt. “Além de prover a requerida resistência ao rasgo e à perfuração, essas novas resinas possibilitam o desenvolvimento de bolsas mais fáceis de dobrar e menos sujeitas à deformação no campo, assegurando a integridade desse sistema de armazenagem”.

Preto no branco
Ao longo dos últimos anos, o segmento do silo bolsa tem evoluído em volume e performance, a tiracolo de estruturas de três a cinco camadas de PE, sempre mantendo a cor branca na parte externa e preta no interior do tubo horizontal. A sequência de safras recordes e o gigantismo da pecuária têm requisitado investimentos para aprimorar a estocagem de grãos e feno com soluções práticas, entre elas, o silo bolsa, distingue Gustavo Passarelli, gerente do negócio estratégico de agricultura na América Latina da componedora Ampacet.

Para marcar de perto a ascensão do silo bolsa por aqui, Passarelli acena com masters brancos de longa vida útil, resistentes às intempéries, inclusos alguns tipos munidos de aditivos anti UV. “Também dispomos de auxiliares anti UV para clientes que preferem usar dois masterbatches: um branco de alta duração e outro contendo o concentrado com a aditivação”. O executivo arremata este leque de soluções para silo bolsa com mostruário de masters pretos especiais da Ampacet.

O silo fardo (em inglês, bale wrap) é ressaltado por Passarelli por prover boas condições de estocagem de alimentos para o gado, à base de forragem de alta umidade e fermentos anaeróbicos, assim como feno ou grãos secos. A Ampacet assedia com a linha de concentrados Bale nas cores branco e verde e dois tipos portando aditivos anti UV, um deles também com resistência à agressividade química.

Petroquímica e componedora, a Lyondell Basell também acompanha a gradativa saída dos silos bolsa e fardo da participação discreta entre as soluções de armazenagem no agronegócio brasileiro. “Lançamos o concentrado branco Polybatch LL8117CL resistente às intempéries e diferenciado pelo teor de dióxido branco com alta dispersão, permitindo assim uma aplicação menor para o mesmo poder de cobertura”, destaca Roberto Castilho, diretor comercial de especialidades plásticas para a América do Sul. Em paralelo, ele assinala em seu mostruário a presença de Polybatch LL8365 UV, master branco com estabilizador UV, boa resistência a pesticidas e concentração máxima de 2.500 m para enxofre, 150 ppm para cloro e 50 ppm para ferro. Na raia dos masters pretos para silos de PE, Castilho elege como a melhor pedida o grade Polyblak 1423/20, com teor de 40% de negro de fumo, excelente dispersão e ausência de enxofre, “elemento que reduz a eficácia dos estabilidadores UV”, completa o especialista.

Porta entreaberta

Negro de fumo é jóia da coroa da Cabot. “O pigmento de alta opacidade barra a degradação por UV de PE e sua dispersão é determinante para o acabamento do filme dos silos, além de evitar problemas de resistência mecânica”, esclarece o gerente de marketing e serviços técnicos Wagner Bordonco. Suas indicações para silo são os grades de negro de fumo 430, 570 e 590 da série BP, além dos tipos Elfex 570 e Elfex TP, ambos importados e desenvolvidos para melhor dispersão. No balcão concorrente da Aditya Birla, silos de PE estão na mira dos negro de fumo 35, 282, 690 e 711 da família Copeblack, cita Leonardo Souza, gerente de contas e desenvolvimento de novos negócios para a América Latina.

“O negro de fumo atua como bloqueador da radiação solar refletida pela cor branca, evitando assim o prejudicial aquecimento interno do silo bolsa e o risco de degradação do brilho e cor dos grãos”, expõe João Daniel, diretor industrial da componedora Cromaster. “A presença de aditivo anti UV no master da camada externa impede a fragilização mecânica do filme, decorrente da sua exposição ao sol, e afasta a possibilidade de deterioração precoce do silo por agentes químicos como defensivos e chuva ácida”. Para atender a essas expectativas, ele encaixa, a Cromaster comparece com masters brancos e pretos obtidos de processo com super dispersão e filtragem. “Garantem barreira eficaz e sua reologia contribui para uma ótima homogeneização e distribuição das propriedades exigidas para o filme de silagem em sua coextrusão”.

Antenada na preocupação de ruralistas com a vulnerabilidade de silos bolsas ao ataque de animais, a Cromaster enxergou aí uma porta entreaberta. “Desenvolvemos um aditivo que aumenta a barreira ao oxigênio e a resistência a rasgões e punctura para ser aplicado numa camada específica do filme coex”, revela o diretor.
Para zerar a ameaça dos rasgos e perfurações, os filmes dos silos não podem ser facilmente degradados pela radiação UV, raciocina Giovanni Dias, especialista em projetos e produtos da componedora Cromex. “Para isso, temos soluções como masters brancos com pigmentos de tratamentos de alta duração, estabilizantes para prover resistência a UV e concentrados pretos com baixo tamanho de partícula e alta absorção dos raios UV “, oferece o técnico, acenando ainda com um aditivo encapsulador de odor para não atrair bichos de faro fino aos silos de PE. Na esfera da performance a contento dos filmes de silagem coextrusados, Dias sublinha a profusão em seu catálogo de brancos e pretos de alta concentração e poder tintorial e de agentes auxiliares de processo.

Na garupa de uma capacidade total estimada em 7.000 t/mês de especialidades poliolefínicas, a componedora Karina também cultiva o plantio de soluções para silos bolsa e fardo. O diretor comercial Edson de Oliveira Penido realça, neste sentido,a oferta de dois masters pretos e três brancos para polietileno de baixa densidade (PEBD) e auxiliares como os obrigatórios anti UV. “Esses materiais são pontos de partida para os desenvolvimentos customizados que os transformadores de filmes de silagem buscam”, ele esclarece.
A personalização de formulações também dá o tom do assédio da componedora Termocolor aos silos fardo e bolsa. Conforme a especificação do produto a ser desenvolvido, podemos oferecer o master braço já aditivado com agentes anti UV, antimicrobiano e antioxidante”, abre Wagner Catrasta, gerente comercial da empresa para a América Latina. “Também conseguimos tonalizar o master branco para diferenciar o filme de silagem das marcas existentes no mercado”. Na mesma trilha, o executivo acrescenta que os aditivos do seu mostruário proporcionam mais eficiência ao processo de coextrusão de três camadas, responsável direto pela requerida resistência do silo de PE a eventos como o ataque de animais .

“Já temos em linha um master de aditivos para espantar pássaros e estamos no testes finais de um concentrado inodoro para afugentar roedores dos silos”, antecipa João Ortiz Guerreiro, diretor da componedora Aditive, há 25 anos atuante no desenvolvimento de soluções para a plasticultura. Conforme assinala o dirigente, se for correta a combinação da resina de PE, master preto e branco e aditivação anti UV, o produtor terá condições de garantir vida útil de um a dois anos para seu silo fardo ou bolsa. A propósito, Ortiz comenta que, na esfera do filme coex para o silo fardo, componedores nacionais deparavam com dificuldades para aprovar formulações anti UV de duração prolongada. “Desenvolvemos um aditivo testado na Itália e empregado aqui, no final de 2018, por clientes que comprovaram no campo sua eficiência no filme do silo bolsa”. •

 

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