Não dá pra ficar parado

Setor de periféricos vê a barra pesar, mas não atira a toalha
Santos: crise não trava fluxo de inovações.
Santos: crise não trava fluxo de inovações.

Em 3 de março último, quando Lula foi depor na Polícia Federal sob condução coercitiva, a Bolsa fechou com subida tão recorde quanto a queda do dólar. Ficou claro que, se o PT sai do governo, nem será preciso aguardar pelas necessárias reformas estruturais para a confiança mudar para melhor o astral do empresariado. A torcida por essa virada pulsa, em particular, no reduto de equipamentos periféricos para a transformação de plásticos. Suas principais vantagens e argumentos de venda, afinal de contas, sofrem o diabo na atual conjuntura depressiva. Os ganhos acenados de produtividade, por exemplo, perdem o chão diante dos índices de ociosidade impostos pela crise às indústrias clientes. Da mesma forma, as virtudes da automação do processo, embora ela seja um caminho sem volta, acabam arranhadas aos olhos da praça num período de desemprego tão crescente quanto a carência de preparo do chão de fábrica para lidar com tecnologias avançadas.

Paulucci: pressão altista do Custo Brasil e de fornecedores do  setor de periféricos.
Paulucci: pressão altista do Custo Brasil e de fornecedores do
setor de periféricos.

A italiana Piovan forma entre as pedras angulares em periféricos que estão se guardando pra quando o carnaval chegar. “Nossa missão é compreender como dar um maior valor ao cliente através de flexibilidade nos termos de negociação e na oferta de ampla linha de soluções, inclusive as concebidas sob medida para o usuário”, define Ricardo Prado Santos, vice-presidente da Piovan do Brasil. Para comprovar o discurso, ele recorre aos lançamentos deste ano. “Estamos introduzindo linhas de chillers com os gases ecológicos (não atacam a camada de ozônio) R 410 A e R 470 C, além de novos termorreguladores com duplo circuito”, expõe Santos. Quanto às séries de auxiliares existentes, o dirigente distingue o aumento de suas linhas de moinhos e de modelos de termochillers Digitemp L, “para colocar ao lado da máquina com dry cooler, compondo assim a denominada solução Flexcool”, completa Santos, emendando ao rol de novidades a oferta de novos desumidificadores com vazão variável para grandes sistemas centralizados e soluções especiais com bombas variáveis nos sistemas de alimentação. Além da planta em Osasco, Grande São Paulo, a Piovan conta com três unidades na Itália e uma na Alemanha, outra nos EUA e, por fim, há a fábrica do grupo na China. Santos assinala, a propósito, que a maioria dos periféricos importados pelo Brasil constam de soluções sem contratipo doméstico, de alto rendimento e dirigidos a aplicações específicas. Nesse contexto, julga, o câmbio atual não é empecilho às aquisições. “Os ganhos permitidos por esses equipamentos são tão expressivos que, em geral, a variação cambial é entendida pelos usuários, pois recalculam os investimentos para obter o retorno desejado”.

Parigi: câmbio estimula nacionalização de linhas.
Parigi: câmbio estimula nacionalização de linhas.

Sinônimo de sistemas de controle de temperatura de processos, a italiana Frigel tem tratado de acertar o passo da sua planta subsidiária em Iracemápolis, interior paulista, com a tortura da conjuntura. “Para fugir do risco do câmbio volátil e do encarecimento por ele causado nas importações, temos trabalhado forte na nacionalização de todas as linhas de equipamentos”, esclarece Marco Parigi, gerente de engenharia da Frigel Latino América. Em Iracemápolis, a empresa monta chillers, sistemas de resfriamento de água em circuito fechado e controladores de temperatura de água. “São os mesmos equipamentos produzidos na Europa, com diferenciais no consumo energético perante a concorrência”, atesta Parigi. Para estreitar os laços com os clientes num cenário de escassez de crédito e capital de giro, a Frigel assumiu uma postura mais maleável. “Adotamos condições especiais de pagamento direto para pedidos acima de determinados valores e a concessão de descontos, a depender do montante negociado”, condiciona o executivo.

O jogo de cintura da Frigel merece endosso de Gino Paulucci Junior, sócio e diretor da Polimáquinas, nº1 nacional em máquinas de corte e solda de sacolas camiseta e sacos blocados, e presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria do Plástico (CSMAIP) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “A situação exige dos fabricantes de periféricos um grande esforço para manter os preços a níveis adequados e a qualidade de sempre em suas linhas, apesar da pressão altista dos seus fornecedores e do Custo Brasil”. Na sede em Bauru (SP), conta, a crise não descarrila a atuação dos departamentos de desenvolvimento de produto e engenharia de projetos da Polimáquinas. Eles foram o berçário, por exemplo, de feitos da empresa como a máquina Polisac 700 munida de quatros soldas e destinada a sacos de ração animal (pet food). Dispõe de desbobinador acionado pelo eixo e com controle de tensão, sistema mecânico de dobra das sanfonas e conjunto de solda contínua e dois servomotores para transporte e frenagem. Outros pontos altos incluem ainda solda fundo com acionamento por servo motor, para controle de corte e solda, e CLP com interface homem máquina (colorido e touch screen).

“O atual momento é sentido por todos os mercados no país em intensidade variável”, pondera Paulucci. “Mas o plástico é imbatível como matéria-prima e os transformadores sabem ser apenas uma questão de tempo para o nosso mercado sair da turbulência e mostrar seu potencial”.•

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