Investir também é poupar

Transformador acorda para reduzir custos mediante compra de máquina nova, percebe diretor da Tederic Brasil
Tederic: 10.000 máquinas montadas por ano na China.

Ainda este ano a filial brasileira da Tederic, casa de força da China em injetoras, sai do escritório administrativo em Poá, Grande São Paulo, para um galpão na faixa de 5.000 m² na mesma região metropolitana. “Além da área de vendas e estoque de peças de reposição, teremos showroom e máquinas para pronta entrega”, antecipa Mário Bonando, diretor comercial da sucursal no país. As futuras instalações condizem com a envergadura alcançada nos últimos 15 anos pelo Brasil no atlas da Tederic que, encaixa o executivo, promete exibir na Feiplastic 2019 outra amostra do seu poderio: uma célula produtiva integrada por sua injetora e molde, robô e periféricos de parceiros também chineses. Nesta entrevista, Bonando comenta a ascensão de suas máquinas à margem da anemia econômica e assegura que, mesmo assim, as vendas de injetoras continuam a pipocar por aqui, embora em condições de pagamento hoje traçadas por quem encomenda os equipamentos.

1 Quantas injetoras Tederic rodam hoje no Brasil?
Antes dos números, cabe uma explicação. A Tederic desembarcou no país entre 15 a 17 anos atrás, por meio de três fabricantes nacionais de máquinas, em condições financeiras a desejar. Eles compravam as injetoras e as rebatizavam para revendê-las com nome fantasia, eliminando a marca original. A Tederic topou essa prática porque, fosse como fosse, estava faturando e entrando no mercado brasileiro. Como os vendedores eram indústrias idôneas, embora desinteressadas de investir em ajustes da tecnologia à realidade local, e o transformador sempre esteve receptivo a novidades, os negócios fluíram a ponto de cerca de 150 injetoras terem sido entregues de 2002 a 2010. A essa altura, a Tederic acordou para o potencial do país e para a necessidade de vender máquinas de maior valor agregado e com a sua marca estampada. Decidiu então centralizar a comercialização numa distribuidora, a BPS. Ela propôs àquelas três indústrias que continuassem comprando as injetoras que até então rebatizavam, mas a preço algo menor do que a própria BPS colocaria para os demais clientes na oferta de linhas com a marca original Tederic. Quando constataram que estavam perdendo vendas para a BPS, elas saíram do negócio e a distribuidora então abriu caminho mostrando aos clientes que as injetoras que haviam adquirido eram na verdade da Tederic. Desse modo, somadas as vendas feitas pela BPS e antes dela, chega-se ao saldo de 800 máquinas colocadas. Perto de dois anos atrás, a Tederic resolveu constituir filial comercial no Brasil, esquema que não interessou a BPS. Desse modo, mesmo sob a crise em vigor desde 2016, devemos ter vendido 130 máquinas até hoje, movimento bafejado, em especial, por dois fatores: a) condições melhores de pagamento, a exemplo de sinal de entrada mais acessível e financiamento por conta da matriz da Tederic em vez de banco, e b) o atendimento a transformadores expelidos de marcas concorrentes de injetoras por suas políticas mais rígidas de concessão de crédito.

 

Tederic: os carros-chefe no Brasil

Mário Bonando, diretor comercial da Tederic Brasil, reparte seu portfólio de injetoras em quatro cantões. “O mix de linhas elétricas cobre modelos de 128 a 380 toneladas; em ciclo rápido constam máquinas de 130 as 610 toneladas; nas versões de duas placas, as alternativas vão de 400 a 7.000 toneladas e, por fim, as injetoras de braçagem (fechamento de joelho) compreendem equipamentos de 60 a 700 toneladas”, alinha o porta-voz. É na última categoria, por sinal, que Bonando aponta seu carro-chefe. “Tratam-se de modelos de 300 a 600 toneladas, em sintonia com o segmento detentor de 75% das vendas de injetoras no Brasil: o reduto das máquinas de 200 a 500 toneladas”. Em paralelo, ele chama atenção para a procura crescente no Brasil por injetoras Tederic de duas placas com força de fechamento a partir de 1.000 toneladas”.

2 Devido à guerra comercial iniciada por Trump, surgiram restrições tarifárias à entrada de máquinas da China nos EUA. O mercado norte-americano é cliente top das 10.000 injetoras montadas anualmente pela Tederic. Como ela encara a possibilidade de explorar mais outros mercados para contrabalançar o eventual encolhimento das vendas aos EUA?
A Tederic monitora as oportunidades em economias em crescimento como Índia, Emirados Árabes e Turquia, esta última possuidora de notório parque de injeção obsoleto. Este plano B ao risco Trump estende-se ao atual estudo para extrapolar o raio de ação da Tederic Brasil. Além do mercado interno, podem entrar no nosso radar os vizinhos Chile, Paraguai, Argentina e Colômbia. Para a matriz na China, afinal, é prioridade manter ou ampliar a produção de máquinas, mesmo que para tanto dependa de maior flexibilidade comercial para atuar em mercados emergentes.

3 A transformação brasileira de plástico grama em recessão há quase quatro anos, crise agravada pelas sequelas da greve dos caminhoneiros, alta dos combustíveis, disparada do dólar e em breve, pelo visto, virão os reflexos mundiais da guerra comercial de Trump. Como a Tederic encara as oportunidades para vender no Brasil com este cenário?
O quadro está tomado por variáveis fora do nosso controle, deixando todo mundo no escuro. Mas, mesmo sob a incerteza atual, agravada também pela incógnita sobre o vencedor das próximas eleições, fique certo de que o mercado não está parado. Existe alguma demanda por injetoras, mas com uma troca de papéis: quem está ditando as condições de pagamento é o comprador e, para casos cujas condições exigidas para o negócio exigem mais lastro do fornecedor, a nossa matriz se predispõe a absorver o ônus para não deixar a venda escapar de sua filial. Vale notar ainda que, hoje em dia, não há um segmento específico de injeção mais empenhado em comprar máquinas; o interesse é geral. Ele é determinado não pela intenção de aumentar a produção, mas por reduzir custos, a exemplo do consumo de energia, mediante a renovação do parque industrial. Nem sempre, portanto, economizar trata-se de cortar; também pode significar investir. •

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