Gutenberg 4.0 bate à porta

A impressão digital começa a despontar em flexíveis nacionais

impressoraA explosão da Indústria 4.0, conceito de manufatura avançada calcado na automação e TI, faz bater mais forte o coração dos flexíveis premium com as oportunidades vislumbradas na impressão digital. No Brasil, há um ano a Camargo, maserati da conversão nacional de embalagens, desponta como precursora nessa vanguarda global e tomou gosto pela coisa. “Pretendemos comprar a segunda impressora digital além de outra linha roto, fortalecendo a flexibilidade para dar conta de pedidos de qualquer volume”, adianta o diretor financeiro Felipe Toledo.
Na matriz em Tietê, interior paulista, a Camargo opera desde 2015 a única impressora digital, um equipamento HP Indigo 20000, de que se tem notícia em laminados plásticos no país. “A motivação para o investimento foi oferecer aos clientes um novo modelo de compra de embalagens que é o oposto do que acena a impressão convencional”, esclarece Toledo. “Temos assim como atender lotes mínimos de produção e dar opções de ferramentas de marketing com impressões não sequenciais, dados variáveis e personalização”.
Essa tacada pioneira da Camargo custou-lhe cerca de US$ 3 milhões, cifra imprópria para menores e uma explicação para a timidez do avanço da impressão digital na praia dos flexíveis nacionais. “O investimento alto cria uma grande barreira de entrada para uma tecnologia relativamente nova e de informações pouco difundidas em nosso ramo”, pondera o diretor. Além do preço do equipamento, reconhece, o dólar e a recessão nas alturas influem de forma negativa na velocidade de propagação e de aceitação dessa guinada. “De outro lado, os custos da impressão convencional (flexo e roto) sofrem pelos mesmos motivos na conjuntura atual, equiparando-os aos da alternativa digital”, avalia Toledo. Nesses tempos de obsessão pela economia e excelência dos processos, ele coloca, a impressão digital acena com chamarizes como compras estratégicas, redução de estoque e menor investimento de risco em lançamentos.

Sem risco de defasagem
Toledo é só elogios para cada faceta da impressão digital. Ele abre os prós com a economia de tempo. “É muito menor que na rotogravura”, compara. “No sistema digital não existe a gravação de cilindros; o arquivo vai direto do computador para o substrato, ensejando o início da produção minutos após o recebimento da arte”. No arrastão de vantagens, ele encaixa a qualidade da impressão digital no mesmo patamar que fez a fama da Camargo na rotogravura e se empolga, em especial, com as possibilidades de customizar pedidos. “A tecnologia de transferência de imagem permite imprimir figuras randômicas ou repetidas pelo mesmo custo”, constata Toledo. “Ou seja, trata-se de uma impressão com dados variáveis ou com fundos diferentes e, para viabilizá-la, pode-se utilizar o software HP SmartStreamMosaic. Faz com que cada embalagem tenha um design único ao mesmo custo de uma impressão tradicional com imagens repetidas padronizadas”.
A linha de raciocínio do diretor converge para identificar a vocação da impressão digital em lotes adjetivados por ele de estratégicos, abaixo dos níveis mínimos de produção requeridos para a flexografia e rotogravura. “Apesar de a relação de preço ser superior, o valor total aplicado é menor, devido ao volume do pedido, e não há carregamento de custo de estoque nem risco de o material ficar obsoleto ou desatualizado”, constata. “Afinal, o cliente pode comprar a quantidade precisa para seu consumo”.

Da arte à venda em 8 horas
Bastou um ano de voo na impressão digital para a Camargo se assenhorar das necessidades específicas de quem ela não atende com rotogravura. Toledo começa pelas compras estratégicas. “Clientes de pequenas tiragens ou consumo dividido em skus (unidades de manutenção de estoque) recorrem à impressão digital para levar a quantidade exata necessária”, distingue o executivo. “É comum recebermos pedidos de 50 kg para determinado item, volume inviável para ser assumido pela rotogravura, com tiragens mínimas de 1.000 a 2.000 kg”. A convertedora também tem dirigido a impressão digital para substituição de etiquetas para mercados alimentícios nos quais a apresentação do produto importa mais que o custo de laminados como pouches, nota Toledo, ilustrando com snacks, orgânicos e suplementos.
“Como não há barreira de lote mínimo na impressão digital, podemos produzir uma unidade de embalagem para mockup ou reuniões internas de desenvolvimento e marketing”, acena o diretor. Como o mockup é feito na mesma estrutura do laminado final, ele insere, presta-se à realização de testes tipo shelf life, resistência ou barreira. Toledo salienta ainda os préstimos da impressão digital para o investimento em baixas quantidades de embalagens destinadas a testes de mercado.
A Camargo também abre as asas da impressão digital sobre o mercado promocional. “É o caso do fornecimento da quantidade exata de embalagens para produtos sazonais ou para campanhas específicas de marketing, sem criar estoques obsoletos e geradores de custos”. Toledo ilustra essas conveniências com o atendimento da Camargo à campanha do café a vácuo Pelé. “Recebemos a arte por volta da meia noite e oito horas depois o produto era vendido no supermercado com a embalagem da campanha”. Outra frente prospectada pela Camargo: a impressão digital confere ao cliente a possibilidade de realizar mais lançamentos com menos gastos em embalagem. “Muitos projetos até então engavetados estão virando realidade”, reitera o executivo, exemplificando com o fornecimento, na mesma produção, de mais de 20 itens para a marca Farofa-La e de doses individuais de suplementos para o fabricante Dux Nutrition Lab.

O momento certo
Outra formadora de opinião na conversão de flexíveis, a Cepalgo também assunta a respeito da impressão digital. “É diferente analisar o investimento em algo corriqueiro de outro que implique mudança de tecnologia, demandando não só a análise do equipamento em si, mas de fatores como o avanço da disponibilidade de seus insumos e sua redução de custos em virtude da crescente escala de manufatura dessas impressoras”, julga Horácio Murúa, CEO da convertedora goiana. “O desafio é saber o momento certo do ingresso, pois entrar antes da hora pode ser até mais arriscado do que um pouco atrasado”.
Murúa tira o chapéu para o mérito tecnológico em foco. “Sair direto do computador para a embalagem com registro perfeito, sem perdas nem ajustes de set up, fazendo mini tiragens qual uma impressora doméstica, significa uma viagem ao paraíso para a área de marketing de nossos clientes e industrialização facilitada para o convertedor”. O porém chama-se custo/benefício, ele constata. “A produtividade do sistema digital ainda não suplanta as vias flexo e roto, limitando-se a produtos de baixíssima tiragem e grande valor agregado que podem pagar valores expressivos de embalagem para situações especiais”. Para o presidente da Cepalgo, ainda é preciso algum tempo para ficar claro se a impressão digital será, de duas uma, uma tecnologia para deslocar parte da demanda de flexo ou roto ou uma opção para baixas tiragens de um mercado de especialidades premium. “Quem fornece flexíveis não vive de tender a café gourmet,mas de vender milhares de metros para macarrão ou arroz”.

O bolso agradece
Murúa põe os pesos na balança e a vê pender contra a impressão em relação à velocidade, larguras de trabalho, custo operacional e três restrições. “Tratam-se do preço da máquina e suas tintas, paleta de cores restringida a limitação de impressão e alguns substratos demonstrada por alguns equipamentros digitais de jato de tinta”.
Quanto aos prós, Murúa repisa a ausência de gravação em cilindros ou clichês e zero perda de tempo com set tup ou troca de cilindros. “A impressão digital atende à tendência de clientes dos convertedores aumentarem o número de skus oferecidos nos PDVs, a exemplo da variedade de produtos de pet food relacionados à raça, idade, tamanho e singularidades de alimentação. “Esse crescimento de skus com consequente diminuição do tamanho dos lotes favorece uma tecnologia de impressão que elimina perdas impossíveis de serem sustentadas para pequenos lotes submetidos à rotogravura, por exemplo”. No arremate, o CEO da Cepalgo destaca em prol da tecnologia digital a supressão dos custos de pré press e gravação.

O preço de largar na frente
Até o momento, afirma Murúa, o ciclo produtivo das impressoras digitais não atingiu uma escala comercial capaz de baixar o preço e os custos de desenvolvimento e lançamento. “Quem investe em novidade tecnológica sabe o preço de ser o primeiro”, alega o dirigente.
Nesse contexto, reconhece, a economia brasileira de pires na mão dificulta a penetração da impressão digital, cujas linhas importadas sentem no calo o pisão do câmbio, crédito restritos e juros no topo do Everest. “A recessão nos isola do crescimento esperado para o setor global de embalagens flexíveis”, percebe Murúa. Ele repassa dados de radares setoriais projetando expansão mundial da impressão flexo e roto da ordem de 2,5% a 3%, enquanto a impressão digital deve saltar 8%, elasticidade explicável por sua demanda ainda não ter amadurecido em escala mundial. “Apenas 7% das embalagens são hoje impressas digitalmente no mundo”, assinala Murúa. “Ainda levará tempo para o setor de flexíveis priorizar o investimento nesta tecnologia”.

 

Catequese persistente

HP Indigo introduz a impressão digital em flexíveis

HP Indigo 20000: bobina de 760 mm de largura e impressão em até 7 cores.
HP Indigo 20000: bobina de 760 mm de largura e impressão em até 7 cores.

O esquadrão de impressoras digitais a postos nas feiras internacionais de embalagens comprova que a vida não é fácil para seus fabricantes, apesar do relativo exclusivismo dessa tecnologia. Após esquadrinhar com lupa o mostruário, a convertedora Camargo bateu o martelo pela compra do primeiro equipamento no gênero em campo em flexíveis no Brasil. “Escolhemos o modelo HP Indigo 20000 por ser a impressora digital mais presente em empresas de flexíveis no mundo”, justifica Felipe Toledo, diretor financeiro da convertedora paulista. “Além disso, pesou na decisão a estrutura técnica, comercial e de distribuição da HP no país. Por apostarmos em algo novo, buscamos muito mais que um fabricante de equipamento e a empresa se provou um ótimo parceiro”. Nesta entrevista, André Rezende Costa, gerente do segmento de embalagens flexíveis e rótulos da HP Indigo, evidencia as vantagens que tornarão a impressão digital imprescindível para os nossos convertedores titulares em flexíveis, faça frio ou calor na economia.

Costa: adeus cilindros e clichês.
Costa: adeus cilindros e clichês.

PR – Há quanto tempo a impressão digital assedia o segmento mundial de embalagens flexíveis?
Costa – A HP Indigo possui soluções em impressão digital há mais de 20 anos. Foi a partir do lançamento da impressora HP Indigo 20000 em 2014 que pudemos dar maior atenção às demandas da indústria de embalagens flexíveis. Temos observado grande receptividade do mercado, dada a necessidade crescente de soluções de valor agregado, através das quais é possível a produção de embalagens sem uso de clichês ou cilindros e permitindo tiragens menores, um número maior de lançamentos, menos investimento para inovação e menor risco e tempo de resposta para o mercado consumidor.Em qualquer cenário macroeconômico, é bem-vinda uma tecnologia que possibilita uma margem de contribuição maior para o convertedor.
PR – Quais as principais vantagens e conveniências concretas proporcionadas pela impressão digital em relação à flexografia e rotogravura?
Costa – Por ser digital (do arquivo digital direto para a impressão), essa tecnologia prescinde de clichês ou cilindros, gerando economia na produção dessas matrizes. Esse fator entrega menor prazo de produção, possibilidade de compra sem lotes mínimos de embalagens, melhor controle das variáveis de cor, programação simplificada de produção. No mais, há fatores que impactam diretamente no negócio dos compradores de embalagens.Ao adquirir volumes mais precisos de embalagens, eles diminuem a necessidade de rite-off (destruição de embalagens) e desfrutam de menores estoques e giro mais rápido do inventário. O padrão de qualidade da impressão digital é o da rotogravura. Mesmo havendo possibilidade de impressão em resoluções superiores, a tecnologia digital afigura-se a um complemento das impressões tradicionais. Sendo assim, nossas impressoras possuem sistemas de caracterização de cores para trabalho de forma linear com os resultados obtidos em flexo ou roto.

PR – Em quais faixas de tiragem a impressão digital consegue substituir flexo e roto?
Costa – Essa análise depende de diversas variáveis. Há quem utilize a solução digital como parte fundamental em sua estratégia de negócio, abrindo espaços nas impressões tradicionais, transferindo para a HP Indigo não apenas lotes de baixa tiragem, mas trabalhos de menor complexidade. A título de referência: mais de 70 impressoras HP Indigo 20000 já vendidas rodam em empresas de sólida estrutura em roto e flexo.

PR – Crise à parte, o câmbio inibidor para importações e o crédito restrito naturalmente dificultam o acesso de indústrias brasileiras de embalagens flexíveis à impressora HP Indigo 20000. Quais as eventuais alternativas acenadas pela empresa para contornar esses entraves?
Costa – Você cita duas variáveis sobre as quais não se tem controle. Dessa forma, a HP vem oferecendo soluções para clientes poderem contornar momentos de maior turbulência. Trabalhamos, em muito casos, com taxas de câmbio flexíveis e, através de sua empresa de serviços financeiros HP Financial Services, a HP acena há muitos anos com linhas de financiamento para leasing muito competitivas.

PR – Confirma o preço de US$3 milhões para o modelo HP Indigo 20000?
Costa – Sim. A propósito, o equipamento tem ex-tarifário, permitindo sua entrada com sensível redução nos impostos de importação. Quanto aos valores de investimentos, nos reservamos o direito de discutir caso a caso. A configuração técnica da HP Indigo 20000 abrange diversos itens opcionais e isso altera substancialmente seu valor final.

PR – Quais os diferenciais da HP Indigo 20000 perante as impressoras digitais concorrentes para embalagens flexíveis?
Costa – Os principais benefícios já foram citados. De qualquer forma, destaco a largura de bobina de 760mm, impressão em até 7 cores com capacidade de reprodução de 97% da escala Pantone, utilização de substratos papéis, filmes como os de PE, PET, BOPP, BOPA e alumínio com espessura de 10 a 250micra, velocidade de impressão 32m/min a 4 cores, 27m/min a 5 cores, impressão interna e externa e qualidade final no padrão da rotogravura.Para fechar, a nossa distribuidora Comprint possui assistência especializada e a HP dispõe de estoque de peças local e fornece treinamentos para o cliente atingir autonomia de até 60% no âmbito de intervenções técnicas no equipamento. •

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