Fim da penitência

Plataforma de e-commerce de supermercados prenuncia reviravolta no varejo que vai respingar nas embalagens

Compras on line ainda não emplacam 1% da receita dos supermercados no Brasil. Mas a engorda do percentual está a caminho e, além de afetar o caixa da loja física, isso vai exigir que vários dogmas do desenvolvimento de embalagens para produtos de rápido consumo sejam repensados. Esse abalo sísmico no autosserviço já é exibido no terceiro ano em cena do Supermercado Now, plataforma on line com base acima de 20.000 clientes e focada na compra agilizada, inclusive de alimentos frescos e perecíveis, através de compradores pessoais (shoppers) em lojas das redes supermercadistas parceiras. É uma dádiva para quem abomina trânsito, estacionamento, tour por prateleiras e fila sem fim no check out. Em suma, o consumidor cadastrado escolhe os produtos na plataforma, confere o carrinho de compra, paga com cartão de crédito e a entrega a cargo do shopper acontece em até duas horas, o que evita risco de descongelamento, ou em horário agendado. Os preços expostos são os mesmos da loja física, a taxa de entrega é repassada ao shopper e a remuneração da plataforma provém da cobrança ao supermercado de taxa por venda realizada. Nesta entrevista, Marco Zolet, CEO e um dos fundadores do Supermercado Now, deixa claro que, gôndola por gôndola, cada vez mais gente tende a ficar só com a de Veneza.

Como dimensiona a taxa média % de crescimento anual das compras on line pela plataforma Supermercado Now?
No ano passado, por exemplo, crescemos 800% (receita superior a R$ 5 milhões). A plataforma possui cerca de 120 shoppers cadastrados em nossa base hoje de atendimento concentrado na Grande São Paulo. Temos planos de expansão para a região de Campinas, além de capitais como Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Qual o perfil-padrão do consumidor atendido pela Supermercado Now?
O nosso consumidor é diversificado, mas a maioria se encontra entre 35 e 45 anos. Idosos configuram cerca de 12% dos usuários da plataforma. O tíquete médio dos clientes hoje é de R$ 250 e a frequência média de compras ocorre uma vez por semana. O grosso dos consumidores pertence às classes A e B e, em sua cesta de compras, os itens mais adquiridos são os da cesta básica. Junto com frutas, legumes e verduras (FLV, eles representam cerca de 50% da cesta. A fruta mais consumida, por exemplo, é a banana.

As novas gerações preferem bebidas e alimentos saudáveis. Esse comportamento pode ser percebido nas compras on line por jovens na plataforma ?
Com certeza. Como já disse, metade da nossa cesta de pedidos engloba itens frescos como FLV. Isso demonstra que a plataforma está alinhada com tendências de consumo como a busca por uma alimentação mais saudável e livre de industrializados.

Quais as suas sugestões para tornar as embalagens mais adequadas à exposição digital e no manuseio e transporte do supermercado para entrega pela Supemercado Now ao consumidor?
Para exposição on line, muitas marcas já trabalham com o mockup digital, uma espécie de embalagem 3D que representa o produto original sem necessariamente reproduzi-lo. O mockup nos ajuda a comunicar o produto em sua totalidade: marca, embalagem, disclaimers, restrições, informações nutricionais, etc. O ideal seria que todas as marcas disponibilizassem seus mockups digitais de todos os produtos para a experiência do usuário ser a mais fidedigna possível à experiência física.
Quanto aos impulsos da compra, as embalagens costumam ser atrativas e tentamos expô-las da maneira mais fiel possível. Quando isso não é possível, existem outras maneiras que não as estéticas para alcançar uma melhor performance. Neste caso, existem técnicas de marketing que exigem um conhecimento profundo de nossas personas para compreender exatamente o comportamento de compra para entregar o melhor resultado.
Todo o transporte de alimentos é efetuado com total cuidado e armazenamento adequado pelos nossos shoppers. Eles possuem conscientização e treinamento para cumprir com os aspectos da segurança alimentar. Além disso, têm carro próprio em perfeitas condições e entregam um pedido por vez, para assegurar a melhor experiência. Tudo isso mantido, por exemplo, em refrigeração constante, no caso de alimentos perecíveis, desde o manuseio e retirada da gôndola até a entrega do produto na casa do cliente, diferentemente de outros players com grandes entregas que precisam manter os alimentos em perfeitas condições por um tempo superior ao nosso. Além disso, dentro do treinamento, os shoppers aprendem a acondicionar cada item, por exemplo, produtos pesados no fundo e produtos frágeis (que amassam, quebram) para preservar as características de cada item. Em relação aos demais produtos percebemos que o transporte em caixas de papelão tem sido a melhor solução, tanto para o acondicionamento, transporte e entrega, pois fica mais fácil organizar os itens, proteger embalagens frágeis e assegurar a entrega com um lacre.
Para alimentos frescos e perecíveis ainda é difícil encontrar a melhor embalagem, pois cada um deles tem características de preservação muito distintas. Existem embalagens com revestimentos e reforços que ajudam na conservação e evitam danos, mas costumam ser caras. Seria ideal que essas embalagens não fossem frágeis e modulares para que usufruíssemos melhor o espaço das caixas, facilitando a organização do itens e conservando- os em sua totalidade. •

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário

Interplast 2024
Cazoolo Braskem
Movimento Repense. O Plástico não é uma epidemia. A falta de informação sim.
Piramidal - Resinas PP, PE, ABS - Resinas Termoplásticas
Perfil Abiplast 2022
Grupo Activas
Braskem 360º