Ela vai pegar pesado

ExxonMobil completa estrutura para arrasar com PEBDL dos EUA
Dunaway: contra revenda autônoma de PE da ExxonMobil.
Dunaway: contra revenda autônoma de PE da ExxonMobil.

De um ano para cá, analistas da petroquímica mundial têm substituído o alarmismo pelo comedimento no tom de suas análises sobre o choque da entrada no mercado mundial do excedente das novas capacidades norte-americanas de polietileno (PE) via gás. A mudança decorre das notícias de cancelamentos e atrasos de vários investimentos. Em meio a essas revisões, a ExxonMobil desponta por não alterar uma vírgula do seu cronograma. No segundo semestre, partirão em Mont Belvieu, Texas, duas fábricas totalizando 1.300.000 t/a da resina lienar base metaloceno (PEBDLm). Em 2019, partirá em Beaumont, no mesmo estado, uma unidade de 650.000 t/a do mesmo polímero. Esse trio de fábricas elevará em torno de 50% a capacidade total da ExxonMobil para PE, da ordem de 3,8 milhões de t/a na aferição feita em 2016, assinala David Dunaway, gerente de desenvolvimento de mercado da companhia na América Latina. Em sua operação mundial, a ExxonMobil produziu 8.594 milhões de toneladas de eteno e 7.698 milhões de PE no ano passado.
No Power Point original, a entrada em campo do excedente norte-americano de PE fica a cargo, em essência, de dois blocos de novas capacidades. À parte a Braskem Idesa, que partiu no México em 2016, um deles é constituído por investimentos que ganham visibilidade até o final de 2018 e o bloco final pisa o gramado até 2020. John Richardson analista blogueiro do portal Icis, assinala que, no total dos dois blocos, os EUA expandirão em mais de 70% a sua oferta de PE, enquanto sua demanda da resina não crescerá mais de 8%. A América Latina, ele deixa claro, surge nesse horizonte como um canal insuficiente para aliviar o impacto do acréscimo calculado em torno de 8 milhões de toneladas à capacidade global de PE. Afinal, segundo o Icis, as importações latino americanas da resina linear limitaram-se a 450.000 toneladas em 2016. Richardson e seu colega Paul Hodges julgam que o jogo da oferta/demanda será decidido pelo embate entre o poderio dos EUA e a crescente autonomia em poliolefinas da petroquímica da China.

Shrink “soft and secure”: força de envolvimento controlada.
Shrink “soft and secure”: força de envolvimento controlada.

Os dois analistas do Icis acham que esse duelo entre EUA e China pode ter a sequela de levar o mercado mundial de PE a recuar da globalização, recorrendo a sobretaxas antidumping para proteger fábricas locais da resina produzida nos EUA pela rota gás mais barata do universo. Até o momento, o Brasil não tem antidumping para PE, mas tem sido um dos países que mais recorrem a este recurso, na avaliação da Organização Mundial do Comércio (OMC), uma das razões pelas quais é taxado pela entidade como uma das economias mais fechadas do planeta. David Dunaway não crê na hipótese de propagação de barreiras antidumping pelo mundo afora. “A expansão em capacidades de PE é mundial, a exemplo dos empreendimentos no Oriente Médio e China”, argumenta. Na mesma esteira, ele julga que o aumento da oferta de PE não implicará compressão de seus preços, pois a demanda absorverá o excedente no devido tempo, o mercado mundial do polímero continua a crescer e diversos dos cronogramas de novas capacidades nos EUA estão sendo revistos. Como deixa patente, as forças do próprio mercado trabalharão em prol de um equilíbrio palatável entre a oferta e a demanda da poliolefina.
Nos últimos anos, a ExxonMobil tem atraído atenções no Brasil pela meticulosidade com que mapeou o mercado e preparou a estrutura para comercializar as resinas lineares de suas três novas capacidades no Texas. No momento, reparte Dunaway, a empresa incrementa o pré-marketing atendendo diretamente mais de 30 transformadores no Brasil e calcula em centenas aqueles integrantes da carteira de seus dois distribuidores no país, Apta e Vinmar. “Não temos ponto de corte pré determinados; avaliamos caso a caso fatores como condições logísticas e regularidade nas compras para decidir se transacionamos com o cliente ou o repassamos aos distribuidores”, explica o gerente. A propósito, ele frisa, a ExxonMobil não admite a prática de transformadores de filmes comprarem sua resina para outro uso que não processá-la. Dunaway não aceita a hipótese de sua marca cair na revenda autônoma de PE, de alta incidência de informalidade, em razão de clientes comercializarem no varejo volumes que não consumiram. Além da sede em São Paulo abrigar as equipes de vendas, marketing e assistência técnica, a infra armada pela ExxonMobil para servir o Brasil com PE inclui três galpões: em Suape (PE), Navegantes (SC) e no Uruguai.
Por força de acordos firmados de confidencialidade, Dunaway se declara impedido de revelar com quais transformadores brasileiros tem engatado soluções de flexíveis na fase de pré-marketing dos grades de PEBDLm a serem trazidos em breve das novas fábricas no Texas. Entre os desenvolvimentos já consolidados, ele cita filmes para estufas de maior vida útil, sacos industriais de maior resistência à queda e tipos de shrink de transparência e printabilidade superiores. Ainda no compartimento das películas termoencolhíveis, Dunaway também informa ter começado a apresentar à praça um lançamento mundial feito em outubro último na feira alemã K’2016: as resinas Exceed XP para filmes shrink “soft-and secure”. Tratam-se de películas com força de envolvimento controlada, para proteger itens delicados ou de formatos irregulares. Com alta resistência do fundido e excelentes propriedades ópticas, os polímeros Exceed XP admitem produção em extrusora blow convencional destacando-se pela estabilidade operacional e encolhimento equilibrado. “Começamos a prospectar pela Ásia o mercado internacional para esta inovação e a trazemos agora ao Brasil”, acena Dunaway. •

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