Da produção à relação

Alessandra Seitz: embalagens convergiram para cosméticos sensuais.

Por aliar testosterona com a inexistência de pecado ao sul do Equador, ainda mais entre quatro paredes, o segmento de produtos sensuais hoje excita 17% das vendas brasileiras de cosméticos, setor tido como acima do bem e do mal da economia. Autora da estimativa, Alessandra Seitz  não se arrepende um pingo de ter passado de fornecedora a cliente de embalagens plásticas, à frente da Intt, grife de primeira linha do mercado erótico. Afinal, ela abre, o negócio cresce desde 2007 à média invejável de 30% .
Alessandra achou sua vocação ao imergir em peças técnicas, embalagens de alimentos e cosméticos na Neumann Packing, transformadora paulistana de sua família, atuante em injeção e sopro e de cuja composição societária ela ainda participa, embora dedicada em tempo integral à gestão sem sócios da Intt. O mundo dos recipientes avivou a afinidade dela com os cosméticos, a ponto de sair a prospectar frentes para investir no setor. A variedade de uma mega sex shop no aeroporto de Munique e sondagens a respeito do ramo junto a clientes da Neumann, pesaram para Alessandra, constituir a Intt.
“Contratei um químico para estrear com um gel sensual fora das versões sem sabor e charme, então dominantes na praça”, ela conta. O sucesso do gel com gosto de chocolate levou à multiplicação de sabores e tamanhos de embalagens do produto e, noves-fora,  o mostruário da Intt hoje cobre 80 cosméticos e cerca de 320 outros artigos de apelo sensual, colocados por seis vendedores, três agentes exclusivos e de 20 a 30 distribuidores multimarca. Na retaguarda, explica Alessandra, a Neumann responde por cerca de 80% de seus recipientes de cosméticos, nos quais polipropileno domina e o restante cabe a frascos de PET e acrílico.
Desde a estreia da Intt, percebe a empresária, a concorrência engrossou e o perfil do público evoluiu. “As mulheres ditam as compras e, arredias no passado a pisar em sex shops, hoje sentem-se à vontade em familiarizar-se com produtos eróticos em boutiques de moda  abertas ao apelo da sensualidade”. A consumidora-padrão da Intt, ela indica, tem de 18 a 39 anos, é ávida por novidades e de classe média. “Não entro muito na classe C por dar conotação mais exclusiva à embalagem, mediante recursos como a sobrecaixa para o frasco, em lugar de vendê-lo sem invólucro, o que o baratearia”. A embalagem incide em torno de 80% dos custos da Intt, mas Alessandra discorda que o mercado erótico tenha baixa barreira de entrada. “Para competir é preciso investir na qualidade da formulação e fluxo de lançamentos, além de lidar com mão de obra pouco qualificada e vendas em volumes picados, o que desaconselha a produção verticalizada da embalagem nesse ramo”.
Por causa disso, dos custos imbatíveis e da dependência de tecnologia de produção inencontrável no Brasil, a Intt importa da China todos os produtos que oferta fora da raia dos cosméticos, caso de fetiches e brinquedos eróticos onde PVC reina e próteses penianas cuja pele de borracha termoplástica (cyber skin) é a última palavra em tessitura próxima da humana. O catálogo da Intt inclui algemas, mas Alessandra as associa a uma brincadeira de casal e não a produto sadomasoquista, categoria na qual a Intt não está. “Em volume de vendas, não passa de um nicho, mas o retorno é interessante”, ela avalia. “Nosso carro-chefe é o gel líquido Vibration e, fora dos cosméticos, destacam-se o vibrador tradicional e os chicotes, em especial por figurarem no best-seller erótico ‘50 tons de cinza’”.
Quem disse aí que brasileiro não lê?  •

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