Cor de negócio bom

Entre as tecnologias de impressão 3D, Gargitter elege ...

No Brasil, todo componedor de masterbatches faz questão de apresentar sua empresa como uma butique de especialidades, embora até a recepcionista saiba que o grosso do faturamento vem das cores e aditivos commodities. Pois agora pinta uma deixa para esse pessoal fazer jus à autoproclamada imagem de fera em P&D, atracando numa demanda mal saída do berçário no exterior: masters de cores para filamentos destinados à impressão 3D. Ainda é terra virgem por aqui, mas manda a lógica que a velocidade com que hoje a globalização barateia e difunde qualquer tecnologia deve entranhar essa manufatura aditiva entre nós até antes que muito corrupto de foro privilegiado esgote os recursos e embargos e vá enfim em cana.

Porém, mesmo bem de leve, alguma coisa já rola na transformação nacional de plástico, evidencia o consultor Klaus Gargitter, à frente da Monster 3D, fabricante de filamentos de termoplásticos para impressoras, nova divisão da Companhia Brasileira de Embalagens (CBE). Embora a oferta de masters para filamentos 3D já agrupe um catatau de componedores de olhos puxados ao lado de grifes de olhos claros do naipe de A.Schulman, Clariant, Schroder e Gabriel Chemie, Gargitter encomenda seus concentrados a um parceiro nacional mantido em sigilo.

“Para filamentos 3D, deve-se tomar muito cuidado com a composição do master e o tipo de veículo utilizado”, ele pondera. “Devido ao preço menor, masters convencionais de poliolefinas são normalmente empregados para colorir filamentos mais baratos”. Mas o diabo mora nos detalhes e, em regra, segue o técnico, ocorre que o veículo do concentrado é incompatível com o material do filamento (em regra plásticos de engenharia), convergindo para a geração de estorvos como o entupimento do bico de impressão e excesso de fiapos. Por essas e outras, explica, a Monster não se vale de masters de polipropileno ou polietileno. “Mesmo a custo mais alto, incumbimos nosso fornecedor de incorporar os pigmentos nas resinas que enviamos. Ou seja, nossos masters de ácido polilático (PLA) e de copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS) são produzidos com os mesmos grades empregados no filamento, de modo a garantir sua pureza e desempenho superior”. Como no Brasil o acesso aos masters adequados é difícil, ele argumenta, “em particular para PLA”, a Monster optou pela via da formulação local com aliado selecionado. “Temos contato com fornecedores internacionais de concentrados de PLA, mas sua oferta de cores é muito limitada”, coloca o consultor. “Pelo nosso sistema, podemos ter as cores desejadas e produzidas aqui com o veículo correto”. Além do mais, completa, o master internado e revendido no país sai muito mais caro.

Entre as tecnologias de impressão 3D, Gargitter elege o método de fusão e deposição de termoplástico (Fused Filament Fabrication – FFF) como o de pista mais livre para uso das mais variadas resinas e compósitos. “Isso não ocorre em tecnologias concorrentes, a exemplo de sinterização seletiva a laser (Selective Laser Sintering – SLS), de estereolitografia (Stereolithography – SAL) e de processamento digital de luz (Digital Light Processing – DLP), pois requerem materiais muito específicos e caros”, compara. “A utilização de filamentos é barata, simples e se populariza com rapidez através das impressoras desk top, razão aliás para o foco da cadeia 3D no crescimento do mercado estar assestado sobre a tecnologia FFF, com base no baixo custo e na diversidade de matérias-primas”.

Seja para o mercado amador ou da pessoa jurídica, raro é o dia, apesar de a impressão 3D ainda estar na primeira dentição, em que não se noticie o lançamento de masters, aditivos e compostos para filamentos. “Tanto agito tem a ver, provavelmente, com as projeções de crescimento da demanda e do faturamento”, supõe Gargitter. Debruçado sobre o Brasil de hoje, ele considera o movimento por demais pequeno para animar componedores daqui a cavar desde já no exterior acordos para distribuir e, quem sabe, produzir depois masters para filamentos sob licença. Em contrapartida, nem Murphy nem Lula & Dilma conseguiram desbancar aquele concentrado de argúcia – para o pregão e para a vida – de que a hora de comprar é na baixa para vender na alta. •

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