Com água pelo pescoço

Nem os salões de beleza se safam da crise, percebe a Dompel

Pela primeira vez em 23 anos, as vendas de produtos de beleza caíram em 2015. O recuo imposto pela recessão foi de 6% sobre no balanço de 2014 e, até segunda ordem, o sentimento no ramo é de que 2016 caminha para ser o segundo ponto fora da curva. Em contraponto, recente pesquisa realizada com 790 maiores de 18 anos pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) concluiu que seis em cada 10 pessoas acham-se vaidosas e uma parcela de 66% acham que cuidar da beleza não é luxo, mas necessidade. Tem mais: com crise e tudo o Brasil permanece o terceiro mercado mundial do setor.

Donada: criatividade para sair do vermelho.
Donada: criatividade para sair do vermelho.

É na corda bamba entre estes dois mundos que se equilibra o grupo gaúcho Dompel, referência em produtos injetados para o universo dos cuidados pessoais. “Completamos 36 anos em 16 de setembro e, sem dúvida, esta é a pior recessão já enfrentada e tem se agravado desde 2015”, constata o diretor Jobem Donada. “Apesar de atuarmos num mercado movido a beleza e vaidade, em geral sem acusar muito o efeito de um recesso, o fato é em que as pessoas estão com menos recursos para tratar da aparência; o nível desses gastos baixou e com intensidade variável conforme a região do Brasil”. Donada refuta qualquer comparação do quadro com a crise financeira de 2008 e 2009.” Nossa estrutura e a concorrências eram menores; o negócio cresceu naquele período”.

Os produtos da Dompel e da Altez, marca criada há um ano, focam salões de beleza. Na paisagem atual, a clientela empobrecida raciona as idas a esses estabelecimentos. De outro lado, emprendedores como desempregados usam suas reservas e indenizações para montar salões pequenos a baixo custo para o público de renda menor. Donada não vê refresco nessa leva de investimentos. “A competição piorou”, pondera. “Hoje em dia, são muitos os fabricantes nacionais de móveis de salão e há bastante produto chinês”. Para engrossar a concorrência, ele explica, a evolução da venda on line brindou as pessoas com muito mais facilidades para comparar de qualquer fornecedor ou local. “O mercado tem hoje vários fornecedores de produtos similares aos nossos pela internet, seja por pessoas físicas ou micros e pequenas empresas”, descreve o empresário. “Além do mais, vivemos em um mercado de moda e o que saía muito três anos atrás hoje não vende”.

Na sede em Caxias do Sul, abre Donada, a Dompel manufatura metal, madeira, espuma de estofado e plásticos. Na esfera das resinas, distingue o transformador, a fábrica aloja 18 injetoras de força de fechamento entre 150 e 1.000 toneladas. “Nossa capacidade de injeção varia de acordo com o produto vendido, mas, a título de um indicador, o atual consumo médio de termoplásticos ronda 40 t/mês, ou seja, operamos com 40% de ociosidade”, associa Donada. “Em 2015, utilizamos em média 50 t/mês de resinas”.
Por ser marca muito nova na praça, o empresário afirma não ter, por ora, como medir o impaco da crise em cada item do mostruário de acessórios da Altez para os salões. “Envolve produtos elétricos e artigos de plástico, metal, papel tecido etc. Em suma tudo aquilo que um profissional precisa para exercer o ofício, seja cabeleireiro, manicure, podólogo, esteticista ou tatuador”. Donada tem uma noção mais precisa dos petardos da recessão ao debruçar-se sobre o portfólio da Dompel. “Os itens mais afetados são os campeões de vendas há pouco tempo, os carrinhos expositores de esmaltes”, aponta o diretor. “A queda da demanda tem a ver com a preferência de muitos salões por expor esmaltes nas esmalterias, prateleiras de parede feitas sob medida,dispensando assim os carrinhos”.

Nem a pindaíba entre quem frequenta salões de beleza nem o PIB no vermelho fizeram a Dompel hibernar os planos de expansão. “Por conta da baixa nas vendas, deixamos de contratar profissionais para as áreas técnicas e reduzimos em 20% a mão de obra na fábrica”. Em compensação, Donada acredita que vira o jogo do balanço, com queda de 10 % de janeiro a agosto versus mesmo período em 2015, pela força de lançamentos como a cadeira Texas e o lavatório Marte. “Estamos mais preparados para voltar a crescer”, confia o transformador. •

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