Cara fechada não dá

Por motivos óbvios, preto pinta como a cor da temporada para masterbatches. Mas a conjuntura do plástico sempre demonstra que, mesmo com a economia às escuras, as indústrias transformadoras continuam a tocar a vida e isso inclui cobrar cores e aditivos diferenciadores para azeitar a demanda, ainda mais em tempos bicudos.
“Essa busca por aprimoramentos e novidades em termos de apresentação e produtividade abrem oportunidades para manter otimistas os componedores de masters”, pondera José Fernandes Basílio Filho, sócio e diretor comercial da Cromaster. Na foto do momento, ele vê o reduto de brancos entre os mais vulneráveis, efeito tanto da crise como da determinação de sacolinhas coloridas para uso no comércio oficializada pela prefeitura paulistana  (ver seção Sustentabilidade) .
Fincada na Grande São Paulo, no cerne do furacão da crise hídrica no Sudeste, a Cromaster se inquieta com a possibilidade de efeitos colaterais do colapso. “Nosso processo exige pouquíssima água, pois a unidade basicamente trabalha com esse recurso em circuito fechado”, esclarece João Antonio Casela Daniel, sócio e diretor industrial da empresa. “No entanto, estamos a par de planos efetivos de mudança de plantas por parte de indústrias usuárias intensivas  de água como base de suas formulações, caso de produtos de limpeza”. De imediato, ele descarta a possibilidade de a Cromaster seguir essas pegadas se o stress hídrico piorar. “Mas estamos atentos para a tomada rápida de decisões nessa direção se for inevitável”.
Fora o pepino da energia mais salgada, outro sinal de alerta para masters pisca na forma do oficializado aumento da carga tributária atirado no lombo de um setor néctar para masters, a cadeia de cosméticos. “Isso deve causar algum impacto quanto às pressões do setor para reduzir custos de suas embalagens, respingando por tabela nos masters”, concorda Fernandes. “Mas creio mais em oportunidades para o desenvolvimento de parcerias rumo a alternativas para diluir essa pressão nos custos através de produtos apropriados à nova realidade. A soma de pequenas ações conjuntas de cliente e fornecedor pode fazer a diferença”.
Em fases recessivas como a atual, componedores de masters titubeiam entre enxugar o mix, em prol dos custos de produção, ou ampliar o portfólio para manter o pique das vendas. “A vocação do setor de masters é a procura de produtos que imprimam a marca do componedor junto a seus clientes, como novas cores, aditivos de processo ou modificadores de características físico/químicas de termoplásticos”, delimita Fernandes. “Por isso não creio em redução de linhas ou no ímpeto de desenvolvimentos, mas a disputa aumenta muito com as vendas em geral em crise”. Entre os mananciais para garimpar, pinta em tempos de economia em ponto morto a atenção redobrada do transformador sobre a eficiência industrial. “Os clientes ficam mais receptivos a testar aditivos de performance, inclusive em virtude de a redução da demanda abrir uma janela de ociosidade nas máquinas aproveitável para esses ensaios”, percebe Daniel. “Nessas circunstâncias, antioxidantes, auxiliares de flexo e processo, além de aditivos de purga despontam entre os materiais mais procurados”.
Nº1 em masters no Brasil, a Cromex não dorme no ponto e serve à mesa a recém-conquistada distribuição no país do composto de purga Ultra Purge, formulado na Itália pela norte-americana Moulds Plus International. “Ultra Purge é indicado por sua economia e eficácia na limpeza de parafusos, barris, câmaras quentes e máquinas como extrusoras e injetoras”, assinalam Elisangela Melo e Wagner Cerri, respectivamente gerentes de vendas e de produção da Cromex. Em paralelo, a empresa endurece a marcação sobre as tendências de moda e design no âmbito das indústrias finais. “Ao longo deste ano”, distingue Elisangela, “deve sobressair o uso de cores neutras, tons de azul claro, violetas e cores pastel de roxos, magentas e lilases, aludindo à tranquilidade e romantismo aliado à nostalgia, além de púrpuras e verde em seu matiz mais pastel”. São indicadores de primeira linha para o cerco a setores nos quais a embalagem extrapola sua função básica de envase, como a de cosméticos, agora às voltas com aumento na  carga de impostos. Elisângela e Cerri concordam que esse ônus deve refletir-se na pressão por menos custo de embalagens, mas descartam impactos de peso no âmbito dos concentrados. “O peso do master na embalagem é muito pequeno; trata-se mais de um diferencial competitivo do que um custo evidenciado”.
Apesar do stress do cenário atual, deixam patente os dois gerentes, nunca é hora de se jogar a toalha. “Podemos contribuir com os clientes para diferenciar seu produto final ou em melhorias de processo em favor da competitividade”, eles argumentam. Nessa moldura, a Cromex atua como empresa orientada para o cliente e não para o produto, acentua a dupla de executivos. “A proposta é oferecer a solução customizada, embora nosso portfólio de produtos em linha seja bastante diversificado”, eles atestam. Entre as apostas para a empresa navegar no mar encapelado de hoje, Elisangela e Cerri destacam o espaço para concentrados para plásticos de engenharia em aplicações das quais outros materiais têm sido botinados e os predicados de alta transparência e dispersão do master líquido Dispermix para deslanchar em PET e PVC. “Na linha de aditivos, confiamos na receptividade encontrada pelo auxiliar de fluxo para extrusão”, eles apontam. “Além de reduzir a linha de fluxo e o efeito ‘die build-up’, o material aumenta a produtividade”.
A Cromex produz brancos e pretos na Bahia e masters coloridos na capital paulista, onde também está a sua sede. O empenho da empresa em produzir mais ao menor custo trava uma queda de braço com a pane hídrica e a eletricidade listada como a  sexta mais cara do planeta. No âmbito da carência de água no Sudeste, Cerri antevê impacto nos custos gerais de fabricação, efeito a ser combatido com iniciativas a exemplo de ações de reuso de água industrial, redução da pressão nas redes para baixar o consumo e programas de conscientização do quadro de pessoal. “Planejamos abrir poços artesianos para captar água no subsolo das duas unidades em São Paulo”, adianta o gerente de produção.
Tal como a Cromex, a Engeflex opera unidades em São Paulo e na Bahia, uma posição passível de aliviar baques no suprimento de água e eventuais crises de energia. “Por termos três unidades, nosso plano de contingência pode ser acionado de imediato para contornar esses entraves”, assegura o diretor Thiago Ostorero. A propósito, ele considera inevitável a subida no custo de energia e sublinha a reação de sua empresa para esse ônus interferir de forma mínima em seu desempenho. “Mais preocupante é o risco de falta de eletricidade; se ocorrer, teremos de recorrer a fontes de energia mais caras”. Quanto às trepidfações vindas dos lados do mercado, Ostorero desfila na ala de quem descarta respingos sobre masters desferidos pelo setor de cosméticos em razão do aumento de seu fardo fiscal. “Além de ser um dos setores de maior crescimento, o consumidor não abandonará esses produtos por incorporarem esse aumento dos impostos”, ele defende. “No mais, as embalagens possuem apelo de marketing para cosméticos e, portanto, não vejo sobre os masters pressões para baixar custos superiores às habituais em fases de crise”.
Embora a recessão atual penalize masters commodities como branco e pretos, percebe Ostorero, “pois sua oferta bate em muito a demanda”, ela não consegue desbotar os chamarizes do negócio de masters, julga Ostorero. “Sempre surgem mais aplicações para plásticos”, nota. Além do mais, ele coloca,  determinadas incubadoras de avanços em concentrados independem dos humores da economia. “As cores integram a comunicação de qualquer produto, implicando  fonte inesgotável de desenvolvimentos para masters, tal como o espaço para aditivos em plásticos em prol da produtividade na agricultura”, exemplifica. Da mesma forma, concorda, os auxilares de processo têm como nadar de braçada na caça do transformador à excelência na produção, redobrada em fases de demanda refreada. “A busca de redução de custos em set ups, seja pelo tempo ou diminuição no uso de matérias-primas, aumenta o interesse pelos aditivos de purga que oferecemos”.
Único ás nacional em masters com fábrica nos EUA, na ativa desde o final de 2014 com capacidade para 3.500 t/a, a Dry Color também espreita a receptividade do transformador  quanto a lapidar sua produtividade para atravessar a crise. Para isso, expõe o diretor comercial Marcelo Santana, a empresa deposita fichas, em especial, em seu patenteado sistema de dosagem on line, diferenciado pela precisão e limpeza na operação. Sem abrir a capacidade instalada na matriz em São Paulo para soluções pigmentárias, o executivo sublinha a recente expansão alcançada mediante compra de maquinário alemão não especificado. Ainda na esfera da infra industrial, Santana admite que o colapso hídrico e a energia encarecida golpeiam o custo operacional. Mas salienta que, em relação à falta de água no Sudeste, a Dry Color sempre investiu no tratamento e recirculação de água em seu parque fabril. “Dispomos de estação de tratamento de fluentes”, informa. À frente de um mix de colorantes líquidos, granulados, em pó, microesferas e pasta, Santana embarca na corrente dos defensores da diversificação de mercados e produção máxima em fases de maré baixa da dermanda. “É o momento de convertermos as oportunidades em cases de sucesso. Não é hora de recuar, mas de avançar a um passo firme por vez”. Procuradas por Plásticos em Revista, a Cristalmaster e a PolyOne não deram entrevista.
Na trincheira dos puro sangues globais em masters atuantes no Brasil, a subsidiária da norte-americana A. Schulman engatilha  ofensiva este ano com investimentos de peso na sua capacidade para formular compostos de engenharia e concentrados em Sumaré, no interior paulista. Já enraizada no Brasil, a cavaleiro de fábricas de masters na Bahia e em São Paulo, onde também possui centro de distribuição, a Ampacet, outro verbete dos EUA, também sente um vento a favor em meio ao nevoeiro na economia brasileira. “A recessão à frente será fonte de inspiração para os componedores usarem sua criatividade para gerar novas ideias, produtos e serviços”, interpreta  Sérgio Bianchini, gerente de desenvolvimento de negócios na América do Sul. Como exemplos, ele menciona a concepção de cores diferenciadas em quesitos como a resistência a intempéries e aditivos de menor dosagem e aliados da excelência do processo. Entre as cartas da manga da Ampacet nesses auxiliares, ele brande formulações de purga que viabilizam a troca de resinas sem características afins, como poliamida e polietileno, em tempo ao menos 50% inferior ao usualmente gasto nessa etapa nos equipamentos do transformador. Na mesma trilha, Bianchini acena a produtores de filmes laminados com materiais incompatíveis entre si com formulações que permitem dar destino comercial ao refugo gerado em linha. “Também oferecemos auxiliares que proporcionam ganhos de produtividade mediante a redução da frequência da limpeza de cabeçotes de extrusão e bicos de injeção, reduzindo assim a incidência de rejeitos”, salienta.
Entre os mercados de masters mais torpedeados pela crise, Bianchi se aferra às embalagens de alimentos, efeito do consumo refreado. Em função da crise hídrica no Sudeste, ele prevê tempo nublado para os plásticos no agronegócio e em obras de infraestrutura na região.No que se refere ao impacto da insuficiência de água para a operação paulista da Ampacet, Bianchini julga não haver necessidade “de mover estrutura fabril alguma para atender clientes em qualquer momento de crise”, diz. No mais, é tocar a vida como sempre. “Os trabalhos de eficiência, avaliação de capacidade e gerenciamento do portfólio fazem parte da rotina de sobrevivência num setor de muitos jogadores; quem não estiver apontado para essas metas está fora do mercado”, ele vaticina.

PIS/Cofins Importação: o pomo da discórdia.

Os componedores entrevistados não chegam a um consenso sobre o baque nos custos dos masters advindos do aumento de 9,25% para 11,75%, a partir de maio próximo, na alíquota do imposto PIS/Cofins Importação. José Fernandes Basílio Filho, da Cromaster, sinaliza o tamanho da encrenca ao atestar ser importada a maioria  dos pigmentos, colorantes e aditivos para formular concentrados. Elisangela Melo e Wagner Cerri, da Cromex, assinalam que mais de 70% dos pigmentos que utilizam são internacionais e a subida no imposto, portanto, onera a produção de masters, configurando um aumento de repasse dificultado pela aversão do cliente a qualquer reajuste de preço nesses tempos. “A concorrência nos obriga a absorver esses custos e a baixar as margens cada vez mais”, afirma Marcelo Santana, da Dry Color. Já Thiago Ostorero, da Engeflex, crê que as negociações na cadeia de cosméticos  atenuarão essa piora da carga tributária e considera que o mostruário nacional de insumos para masters dá em geral conta do recado, exceto quanto a determinados aditivos e pigmentos. “Dentro das possibilidades, o uso de insumos locais pode ser a alternativa, exigindo do componedor capacidade para conseguir a equalização de custos do produto, evitando ao máximo o repasse desse reajuste  na cadeia”, avalia Sergio Bianchini, da Ampacet.
Bem no meio do olho do furacão, a Braschemical, agente de grifes globais de pigmentos e auxiliares  para masters, continua a enriquecer seu mostruário sem se sobressaltar com a subida da alíquota do PIS/Cofins para importados. Na área de aditivos, destaca Amadeu Paiva, executivo de inteligência de mercado, as novidades englobam hiperdispersantes de pigmentos para masters da Tilo e o expansor endotérmico Expancel 980DU120, de maior resistência térmica e redutor do peso de artefatos como solados, filmes vedantes e laminados. Paiva também destaca as credenciais dos absorvedores UV Eversorb 61 e 761 para poliamidas. Em relação a pigmentos de efeitos, ele chama a atenção para o emprego em solados dos tipos fluorescentes  das linhas MC e MP da Dayglo  e, no terreno dos pigmentos de efeito metálico, aponta o avanço dos integrantes da linha Crystal Metallics da Pritty sobre redutos dos pigmentos base alumínio, mérito do aval FDA para embalagens alimentícias e vantagens oferecidas em termos de segurança de armazenagem,“pois não depende de autorizações especiais”, conclui Paiva.

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