BRASKEM: resultados à margem da crise no terceiro trimestre

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Carlos Fadigas

O mercado externo está blindando a Braskem contra a recessão sem fim à vista no Brasil. É o que transparece do azul de sua recém divulgada performance no terceiro trimestre. Fatores como a desvalorização do real frente ao dólar e a manutenção das atuais margens do setor petroquímico mundial compensaram a persistente retração da economia brasileira no balanço dos nove meses iniciais do presente exercício. Daí o aferido salto de 43% nas exportações de resinas termoplásticas de janeiro a setembro frente ao mesmo período em 2014, totalizando 454 mil toneladas. Por seu turno, as  operações da Braskem nos Estados Unidos e Europa também sobressaíram no terceiro trimestre. As vendas de suas quatro plantas de  polipropileno (PP) no exterior  avançaram 7% e atingiram 502 mil toneladas,  recorde pelo segundo trimestre consecutivo e atribuído  à melhora das economias locais e à substituição de outros materiais por PP, polímero turbinado pelo aumento da oferta e custos competitivos do propano. No front do mercado brasileiro, evidenciam os indicadores do grupo, a crise deu as caras na queda da ordem de 11% no consumo de resinas, orçado em 1,219 milhão de toneladas versus o mesmo trimestre no ano passado.. Na mesma trilha, o volume de vendas domésticas da Braskem  recuou 8%, somando 866 mil toneladas.

O desempenho operacional da Braskem não decepcionou. Ela continuou operando seus crackers em linha com o trimestre anterior, apresentando taxa média de utilização de 92%. Este índice só não foi maior devido aos problemas de suprimento de gás para o polo do Rio de Janeiro. Nos EUA e Europa, as plantas rodaram a 97% de sua capacidade.

A Braskem registrou EBITDA consolidado de R$ 3 bilhões no terceiro trimestre deste ano, salto de 17% sobre o trimestre anterior que é explicado por um tripé de fatores: a desvalorização média de 15% do real no período; o melhor patamar de spreads de petroquímicos básicos no exterior e a continuidade do bom desempenho operacional das plantas e da expansão de vendas. Em dólares, o EBITDA foi de US$ 870 milhões, 2% superior ao trimestre precedente. Já o lucro líquido alcançou R$ 1,5 bilhão, aumento de 545% sobre igual período de 2014 (R$ 230 milhões), expansão creditada ao bom desempenho operacional e pela adoção da contabilidade de hedge, traduzindo os efeitos da variação cambial dos passivos em dólar no resultado da companhia. Quanto ao nível de alavancagem financeira da empresa, medido pela relação entre dívida líquida por EBITDA em dólar, encerrou o trimestre em 2,05 vezes – o menor patamar em nove anos. A agência de classificação de risco Fitch reafirmou, em setembro último, o rating em escala global da Braskem em “BBB-“ e a perspectiva “estável”.

“O resultado positivo do trimestre é consequência dos fatores conjunturais externos, principalmente do câmbio e dos spreads petroquímicos e do bom desempenho operacional”, distingue Carlos Fadigas, presidente da Braskem.  Conforme salienta, a empresa segue empenhada no resgate da competitividade estrutural das suas operações no Brasil, com programas de redução de custos e aumento de produtividade, além de continuar a perseguir a assinatura de contrato de longo prazo de matéria-prima com a sócia Petrobras.

Ao longo dos primeiros nove meses de 2015, os investimentos da Braskem somaram R$ 1,36 bilhão, dos quais mais de um terço (R$ 552 milhões) direcionado para o projeto integrado de produção de eteno/ polietileno no México. Adepto da rota do gás natural, servido pela petrolífera estatal Pemex, ele utilizará matéria-prima precificada nas referências do mercado norte-americano. Desenvolvido em parceria com o grupo mexicano Idesa, o empreendimento tem o início das operações previsto para o final do ano. Dos demais recursos aplicados, uma fração aproximada de 90% contemplou as operações industriais.

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